terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A viagem do samovar

13 190 quilômetros de avião. 1 010 quilômetros de ônibus ou carro. 150 quilômetros de trem. 20 quilômetros de barco. Total de 14 370 quilômetros, o que não chega a ser uma volta ao mundo (a linha do equador mede 40 000 quilômetros), mas é uma distância bem considerável.
Cinco países, incluindo dois estados brasileiros. Dez cidades, sem contar aquelas em que esteve só de passagem. Três continentes diferentes.
E o currículo poderia ter sido ainda um pouco maior se, durante três dias, não tivesse ficado à minha espera no "guarda-coisas" do aeroporto Atatürk.
Conheço uma pessoa que, quando viaja, leva consigo o boneco de um pequeno gnomo. Esse gnomo, que usa roupas coloridas e segura uma maleta, aparece nas fotos que ela tira dos lugares que visita. É uma referência a Amélie Poulain e, acima de tudo, uma maneira simpática e divertida de dar um toque de exclusividade às fotos (poucas coisas são mais chatas que viajar sozinho e não ter a quem pedir para bater uma foto... ou ter de pedir ajuda a um passante que nunca faz a foto que se estava imaginando).
O gnomo da minha amiga é pequeno, bem menor que o do pai de Amélie Poulain. Ótimo para acompanhá-la aonde quer que ela vá.
Meu gnomo é um samovar. Mede exatamente 55 centímetros de altura e felizmente (?) pode ser desmontado em três partes. As duas partes menores cabem na mala que tinha vindo vazia do Brasil; o corpo do samovar, só mesmo numa sacola de mão.
Eu sinceramente não sei de outro samovar que tenha viajado tanto nem de forma tão variada. Phileas Fogg, o inglês de A Volta ao Mundo em 80 Dias, teria inveja do meu samovar.
Meu samovar já visitou uma das mais importantes universidades do Brasil, já dormiu numa caverna, já foi quase esquecido numa esteira de raio-x de aeroporto, já andou de bonde e de vaporetto (o barco que funciona como ônibus nos canais de Veneza).
Hoje, orgulhosamente, ele serve chá num apartamento do Rio de Janeiro. Está feito o convite aos amigos para virem conhecê-lo.

Um comentário:

Renata Teixeira disse...

Esse samovar é mesmo muito viajado e também é motivo de sorrisos na minha família, já que contei a história dele (com algumas adaptações confesso) para vários dos parentes e amigos. Pena ele ser tão pouco usado, já que percorreu tantas léguas!