O motivo de minha ida a Turim foi a participação num congresso - o 5o. Congresso Mundial de Tribologia, no qual apresentaria um trabalho (minha primeira apresentação no exterior, em língua estrangeira!).
Daí que eu tinha uma semana em Turim, mas com a expectativa de pouco tempo livre para conhecer a cidade.
Acabou sendo excelente, a começar pelo congresso. Mas não é dele que quero falar aqui, e sim da minha experiência piemontesa - Turim é a capital da região italiana do Piemonte ("pé do monte"). Uma cidade cercada por picos nevados que já abrigou os Jogos Olímpicos de Inverno. E, sobretudo, uma cidade com muito mais atrações do que eu supunha.
Porém, vamos por partes. Para começar, uma viagem em que, ao invés de estar simplesmente "de férias", tem-se obrigações e horários a cumprir é sempre algo diferente - e interessante. Todo dia de manhã eu saía pontualmente para pegar o bonde que me levaria ao local do evento. E misturar-se com outros tantos que também pegavam o bonde, reparar nas pessoas que acordavam cedo, descobrir o movimento das ruas, transitar por lugares que não estão necessariamente no topo da lista de atrações turísticas... Tudo isso cria uma intimidade, eu e a cidade fomos nos tornando cúmplices de segredos que só os que não têm pressa descobrem. Minha pequena alegria das manhãs era quando o cobrador do bonde, depois de usar o inglês para pedir o bilhete de alguns óbvios estrangeiros, dirigia-se a mim em italiano. Ou quando, na rua, pediam-me alguma informação. Curioso comportamento do ser humano, que luta tanto para se destacar mas, no fundo, adora se misturar.

E claro, já que o futebol é tão caro aos italianos, ele também estaria muito bem representado por lá: Turim é a casa da Juventus, um dos times mais vitoriosos e de maior torcida do país. Mas quem acabou ganhando a minha simpatia foi o seu rival, Torino - pelas cores, pela história, pelo fato de eu passar todo dia em frente ao seu estádio e talvez também por um quê de provincianismo que, na minha cabeça, o identifica orgulhosamente com a cidade. Uma cidade da qual comecei a sentir saudades antes mesmo de ir embora.