sábado, 15 de setembro de 2018

Fórmula 1: os melhores grandes prêmios para se assistir ao redor do mundo

Quem me conhece sabe que acompanho avidamente automobilismo, e a Fórmula 1 em particular. É um interesse que vem de longe e que já viveu várias fases - o deslumbramento infantil, um quase esquecimento, a redescoberta e até mesmo a dedicação profissional. E o fato é: por que não unir o agradável ao mais agradável? A Fórmula 1 é um evento global e, sendo assim, nada mais natural que pensar em viagens associadas a ela. Nos últimos anos, temos conseguido conciliar as duas coisas, a tal ponto que, hoje, ao planejar férias, costumamos averiguar a possibilidade de compatibilizar a viagem com alguma corrida que possa estar acontecendo no destino escolhido.
Assim, acabamos conjugando a visita a um destino interessante com a Fórmula 1 - que, aliás, não é só a corrida de domingo, mas que envolve toda uma programação de treinos e também de corridas de outras categorias. Apesar disso, por mais que um fim de semana de grande prêmio siga um roteiro aproximadamente comum a todas as etapas, é natural que cada lugar tenha as suas particularidades. Há circuitos de rua (Mônaco sendo o mais famoso deles, naturalmente) e há autódromos construídos especialmente para o automobilismo, alguns em subúrbios e outros bem no meio da cidade. Cada um tem suas vantagens e desvantagens. Assim, por que não fazer uma lista dos melhores GP para se assistir ao vivo no calendário da Fórmula 1? Afinal, listas podem ser subjetivas, mas são divertidas, não é?
Pois então, vamos lá - minha lista das melhores corridas de Fórmula 1 para se assistir, dentre aquelas que já acompanhei, é claro, considerando a experiência como expectador:

7. Brasil (Interlagos)
Corrida e visão da pista: 5/5
Estrutura: 1/5
Localização/acesso: 1/5
Nosso grande prêmio "da casa" é, infelizmente, uma baita decepção quando comparado com outras corridas. Ele teria condições de figurar no topo da lista por ser um traçado clássico que costuma oferecer ótimas disputas (e que tem, principalmente a partir da arquibancada A, uma das melhores vistas de todo o calendário). Sem contar que é o mais acessível para nós, não só por ser em São Paulo mas também por oferecer os ingressos mais baratos. Porém, a estrutura é incrivelmente pobre e pouco funcional. Pior ainda, o público é notoriamente mal-educado (é uma "tradição" consagrada em Interlagos desrespeitar mulheres e ignorar a marcação de assentos, tudo com a conivência da organização).
Nem sequer a localização chega a ser uma grande vantagem, pois, apesar de estar dentro da cidade, o autódromo não tem conexão fácil com o sistema de transporte público e requer uma boa dose de esforço logístico na chegada e principalmente na saída. Tudo somado, as chateações acabam superando o prazer de se presenciar um evento tão empolgante.

6. Itália (Monza)
Corrida e visão da pista: 2/5
Estrutura: 2/5
Localização/acesso: 2/5
Monza é o que se poderia chamar de uma corrida "de raiz". O acesso é razoável, feito por um trem expresso que liga Milão ao autódromo, porém que fica bastante cheio no domingo após a corrida. A estrutura não tem luxos, mas funciona bem. O traçado oferece boas corridas mas, por outro lado, cada arquibancada só permite visão para uma pequena parte do autódromo. A fama da torcida italiana é justificada pela sua empolgação, em certos aspectos até mesmo exagerada... Monza, como outras etapas europeias, também goza de uma vantagem adicional sobre a maioria das corridas disputadas fora da Europa: as categorias de apoio costumam ser mais interessantes, com a presença de Fórmula 2 (ex-GP2) e GP3 (futura Fórmula 3).

5. Canadá (Montréal)
Corrida e visão da pista: 3/5
Estrutura: 2/5
Localização/acesso: 4/5
O circuito Gilles Villeneuve é uma espécie de Interlagos com as arestas aparadas. A visão da pista não é tão ampla quanto em Interlagos e a maioria das arquibancadas é descoberta, mas o público é muito mais educado. A grande vantagem, porém, talvez seja o acesso: o autódromo está localizado num belo parque acessível de metrô, o que faz com que o deslocamento desde o centro de Montréal não dure mais que alguns minutos.

4. Mônaco
Corrida e visão da pista: 3/5
Estrutura: 3/5
Localização/acesso: 4/5
Mônaco divide opiniões: há quem ache o circuito monótono e há quem adore o insano desafio que o principado representa para os pilotos. O fato é que estar em Mônaco durante um grande prêmio é uma experiência que dificilmente se compara a qualquer outra em termos de Fórmula 1. Não é um lugar para se esperar grandes ultrapassagens, mas sim para se impressionar com o cenário surreal da luxuosa cidade cortada pelos carros em alta velocidade. Percorrer o circuito a pé (quando a rua é liberada para o tráfego de pedestres ao final de cada dia de evento) ou de carro (nos dias em que não há evento) também é imperdível. Presenciar um GP em Mônaco sempre será diferente de presenciar um GP em qualquer outro lugar.

3. Bélgica (Spa-Francorchamps)
Corrida e visão da pista: 3/5
Estrutura: 3/5
Localização/acesso: 3/5
Se em Mônaco os carros voam no meio da cidade, a centímetros das fachadas dos prédios, em Spa-Francorchamps eles abrem caminho no meio da floresta numa região praticamente rural da Bélgica. O contraste é impressionante, claro. O fato de ficar numa região afastada significa que a melhor opção é alugar um carro. Uma vez dentro do autódromo, a estrutura é grande e permite uma imersão total no clima da Fórmula 1. Fora dele, o clima é de calma - perfeito para descansar após um dia inteiro de automobilismo. E, claro, a Bélgica é um excelente lugar para se visitar antes ou depois do fim de semana do grande prêmio.

2. Reino Unido (Silverstone)
Corrida e visão da pista: 4/5
Estrutura: 4/5
Localização/acesso: 3/5
Silverstone, sede da primeira prova da história da Fórmula 1, é certamente um dos grandes clássicos do calendário. O autódromo conjuga uma grande estrutura com arquibancadas que permitem boa visão do traçado. A famosa instabilidade do clima britânico pode pregar suas peças para o bem ou para o mal (é bom estar preparado para a chuva mas, se ela vier, aumentam as chances de reviravolta na pista). Assim como Spa-Francorchamps, o autódromo de Silverstone se localiza numa zona rural, mas está a cerca de meia hora de Milton Keynes, uma cidade de tamanho médio que funciona bem como base para o fim de semana.

1. Abu Dhabi
Corrida e visão da pista: 4/5
Estrutura: 5/5
Localização/acesso: 4/5
O circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi, é a grande surpresa positiva da lista. A estrutura é imbatível em todos os sentidos - organização, qualidade e conforto das arquibancadas, atividades e eventos paralelos. O público, em boa parte formado por estrangeiros, é bastante educado. Tem-se uma vista razoável da pista. Apesar do traçado estar longe de ser uma unanimidade, o fato de ser a última corrida do calendário abre a possibilidade de disputas particularmente emocionantes. Estando de carro, o acesso ao autódromo é fácil - e alugar um carro é altamente recomendável nos Emirados Árabes, independentemente da Fórmula 1. O país, aliás, é outra agradável surpresa que contribui para a qualidade da experiência como um todo. Tudo isso faz de Abu Dhabi o meu GP preferido, pelo menos por enquanto!

sábado, 1 de setembro de 2018

Nós entre os helvéticos

Lucerna
É fácil se deixar levar por estereótipos ao pensar na Suíça. Afinal, eles são muitos - não é à toa que Asterix entre os helvéticos é um dos livros mais divertidos do guerreiro gaulês. Os relógios, os queijos, o chocolate, Guilherme Tell, as vacas com sinos no pescoço... não faltam imagens icônicas. Isso, de certa forma, cria uma série de expectativas para uma viagem até lá.
No meu caso, eu pensava na Suíça como um país de montanhas nevadas. Claro que não esperava vê-las assim no verão - de fato, não havia neve. Mas as montanhas estavam lá e pelo menos parte da estrutura também chama a atenção no verão: notadamente os teleféricos e os tobogãs.
Mas a memória visual que guardei da Suíça acabou sendo outra que não a dos Alpes. Foi a das cidades suíças, muitas delas parecidas entre si: situadas no meio de um vale, cortadas por um rio de águas claras e salpicadas de casas em estilo enxaimel. Um lugar bonito, limpo e organizado, como aliás convinha a um país famoso por essas qualidades. Caminhar por elas, à toa, era sempre muito gostoso.
Chocolate!
Em termos de comida, fartamo-nos do óbvio: os supermercados têm uma grande e saborosa seleção de queijos e chocolates. Destes últimos, há também várias lojas de marcas artesanais de encher os olhos e esvaziar os bolsos. Mas a grande pedida foi, mesmo, a fábrica e loja da Lindt no cantão de Zurique. Uma tentação - perdição ou salvação, dependendo da crença de cada um. Como somos devotos de São Chocolate, fomos ao paraíso (e voltamos com um bom farnel para nos valer durante a continuação da viagem).
Do doce ao salgado, de um paraíso a outro. A Suíça é também a terra do fondue, afinal de contas. Uma refeição suíça à base de fondue é alegria garantida, ainda mais quando se tem gratas surpresas, como descobrir uma variedade à base de morels (o rei dos cogumelos, na minha opinião). Só este fondue já fez valer a viagem. Mas, ainda no campo queijeiro gastronômico, não dá para esquecer de citar o raclette (queijo derretido) e, para seguir na onda beata, la religieuse (a imperdível casquinha de queijo que se raspa do fundo da panela de fondue).
Monte Pilatus (e a pista do tobogã)
Depois da comida, um pouco de exercício para queimar as calorias. Perdemos um pouco por ir até lá numa época que não era de neve mas, em compensação, tínhamos as montanhas verdes e floridas à nossa disposição. Sobe-se nelas através dos teleféricos, que funcionam tanto no verão quanto no inverno, e lá no alto pode-se aproveitar as trilhas em meio à natureza e a vista em redor. De quebra, descobrimos uma bela diversão alpina: os tobogãs suíços! Para nosso pesar, não pudemos experimentar o maior deles, no monte Pilatus, pois ele estava fechado devido à chuva que tinha caído na noite anterior. Compensamos a falta em Berna, onde outro tobogã, um pouco menor mas bem mais conveniente, por ser perto do centro da cidade, fez a nossa alegria.
Ursos de Berna
Berna, aliás, que tem como curiosidade a sua relação com os ursos. Eles estão no nome e no emblema da cidade. Estão espalhados pelo centro na forma de esculturas diversas que celebram o animal. E ainda, claro, no parque que abriga os ursos de verdade. Mas, se Berna é a cidade dos ursos, é também a cidade dos cachorros, entre eles os são-bernardos - assim como os ursos, encontramos tanto são-bernardos reais quanto de mentira, em esculturas coloridas que formam uma espécie de dog parade.
Leão de Lucerna, de Thorvaldsen
De animal em animal, chegamos ao leão de Lucerna. Este não é um leão de verdade como o são os ursos de Berna; trata-se de uma escultura de Thorvaldsen (artista dinamarquês cujo museu em Copenhague vale a visita). A representação do leão abatido é uma alegoria em homenagem a soldados suíços que teriam morrido de forma heróica no século XVIII - uma história um pouco obscura para nós hoje em dia, o que não torna a escultura menos expressiva. De bater palmas para o artista.
Num país assim tão variado, nem surpreende que se falem diferentes línguas. Ao final, todos se entendem - nem precisaria da ONU quem pode se sentar a uma mesa cheia de queijos suíços.