Embora Dubrovnik deva ser a cidade croata mais conhecida pelos estrangeiros, os croatas dizem que Plitvice é o lugar mais bonito de seu país. Sem desmerecer Dubrovnik ou qualquer outra cidade, é bem possível que eles estejam certos: Plitvice é incrível! Em que outro lugar se vê tantas cores na mesma paisagem quanto aqui?
Trata-se de um parque com uns tantos lagos ligados entre si por quedas d'água e cercados de árvores e montanhas. Como se não bastasse a paisagem ser linda, percebi que ela também muda conforme a época do ano.
Vim no inverno. Não estava nevando, mas os caminhos, as árvores, tudo estava coberto por uma grossa camada de neve. Em alguns pontos, os lagos estavam parcialmente congelados. Claro que isso torna o cenário ainda mais pitoresco para um brasileiro como eu, pouco afeito a neve (na qual, aliás, rapidamente aprendi a caminhar, é um pouco como andar numa praia de areia fofa).
Na maior parte do tempo, o parque estava incrivelmente vazio, não se via ninguém. Ou quase ninguém - lá pelas tantas, encontrei um australiano (alguém tão exótico quanto eu nessas paragens, vindo de um país grande, quente e distante) e seguimos juntos. Praticamente demos a volta no parque enquanto íamos conversando.
Ele iria tomar um ônibus para Zagreb no final da tarde, estava preocupado com o horário quando começamos a voltar. Mas no ponto praticamente oposto à entrada há um cais onde se pode tomar um barco até o outro lado, e chegamos justamente quando o barco (o último do dia) vinha atracando. Agradecemos à nossa sorte e embarcamos. Um barco grande, de cem lugares, todos vazios. Não havia mais nenhum passageiro, chegamos a fazer piada sobe isso. Faltando poucos minutos para o horário do barco partir, chegaram quatro chineses. Meu amigo comentou que os turistas asiáticos sempre andam em bando e que esse ou era bem pequeno ou havia gente perdida por aí. Então vimos, ao longe, na trilha que leva até o cais, algumas pessoas para as quais os chineses começaram a gritar. Eram outros chineses, do mesmo grupo, que chegaram e também embarcaram. Dali a pouco, vieram mais chineses. Depois, mais ainda. Depois, um dos chineses (o guia?) foi falar com o capitão do barco, apontava para uma lista, ainda faltava gente. Ficamos bom tempo esperando a chegada de uma longa fila de chineses que ia aparecendo na trilha e embarcando.
Meia hora depois do horário previsto, embora ainda faltasse gente, o barco soltou as amarras e partiu. Depois de se afastar do cais - adivinhem - mais um chinês apareceu na trilha e - adivinhem! - o barco deu meia-volta para buscá-lo! A essa altura, meu amigo já tinha perdido o ônibus e estávamos procurando a câmera escondida, só podia ser pegadinha. Então o chinês embarcou e pensamos que iríamos finalmente seguir em frente, mas nem nos surpreendemos mais quando apareceram outros tantos chineses que foram entrando calmamente, uns parando para tirar fotos, indiferentes aos tímidos apitos do barco. Até que o último chinês, de bengala, subiu a bordo, e tivemos certeza de que era o último porque não cabia mais ninguém.
A travessia durou 15 minutos, a espera tinha durado uma hora. Vim para o hotel e o australiano conseguiu pegar o próximo ônibus para Zagreb, mas perdeu o avião que tomaria lá em direção a Split.