![Cidade Antiga de Baku](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLk9Ql32Oe6PSzoKBFVYA8EGlDcD4L6eh1K4gQlYVlTwE1PMjdR_02HdEj9kReJnAj97MFzqzjPFnXq6pH7LJSReNkkZAQfHkSst0qjPEYJBROutLPQlMnAnojgVa1QTeSEykihRAgW640/s400/61547042_2744214285595169_5208172244726972416_o.jpg)
Ao desembarcar em Baku, eu não esperava ser recebido pelo destacamento de fachadas novas e imponentes que surgiam em ambos os lados das avenidas que levam ao centro da cidade. Chegando lá, a uma mera quadra de distância da avenida onde dali a poucos dias estariam rugindo os carros da
Fórmula 1, nosso anfitrião nos guiou pelos meandros de um antigo prédio da era soviética. Subimos num elevador de portas pantográficas e passamos por um corredor escuro até chegar a um apartamento imenso, suficiente para uma família de tamanho razoável. Numa parede, uma tabela periódica dos tempos de Mendeleiev; noutra, uma estante com livros em persa.
Aos poucos, fomos desvendando a estrutura urbanística da cidade. Seu coração é o centro antigo, um conjunto de prédios seculares guardados por belas muralhas de pedra. Historicamente, é ali que vivia o povo azéri "de raiz", ou seja, as famílias mais tradicionais, muitas delas ligadas à nobreza e à religião islâmica. Em volta da cidade murada e ao longo do litoral, com o tempo, a cidade foi se expandindo em quarteirões mais modernos, ocupados pelos "novos ricos" que se destacavam em atividades ligadas direta ou indiretamente à exploração de petróleo. Eram industriais e banqueiros, muitos deles da terra, mas também estrangeiros - até a família de Alfred Nobel andou por lá.
![Muralhas da Cidade Antiga, Baku](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL2AwdsrrJnFTQyOcrsk2QfT8TZu9DTa37OsjsBIB7fCeKKvlgxstaXaGNtegp76JQuV7etsy8CU0zPucx9AhEShnMw5hL_TvzgR3od6uoKtWG4gDyPQKEh3PCnoUpq_rDOPOmHiEzHg9u/s400/61802935_2744514918898439_6100891324733456384_o.jpg)
A Revolução Russa trouxe uma nova onda de mudanças. Surgiram prédios imponentes, à moda soviética, e houve o crescimento do setor de serviços estatais tipicamente ligados ao governo socialista. Após a desintegração da União Soviética, quem tomou as rédeas foi um presidente autoritário, mas progressista, que ao menos conseguiu estabilizar o país e trazer certa abertura econômica. Hoje, vê-se que Baku, mesmo mantendo uma população azéri bastante homogênea, é uma cidade cosmopolita e aberta ao turismo.
Um dos principais símbolos da cidade - e do próprio
Azerbaijão - é a Torre da Donzela, um monumento do século XII. Tem um formato distintivo ao qual demora-se um pouco para se acostumar e é cercada por lendas e mistérios. Tanto que até hoje não se tem certeza sobre qual era a sua função no passado: as hipóteses variam de observatório astronômica a torre de observação, mas nenhuma delas é totalmente convincente.
Outro orgulho do país é a cultura dos tapetes. São peças lindas, elaboradas com desenhos intrincados feitos por artistas talentosos. Uma impressionante coleção destas obras está no Museu do Tapete, prédio que chama a atenção por ter sido projetado em formato de... tapete.
![Museu do Tapete Azéri](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjhN52F6FBXJj1nW6zBGWaQn50KlnrsFi_V3zbFBXq6YI62AMHhqIdt5maIPHKgPXr0D-FR22pMXG4bo1aDB-BUcnZYZrHZQo8DqN3sy1uChpIhfTw28ygbmNIMVoOYOsM78tXOLwM7Acq/s400/61613359_2744217952261469_8342919374855733248_o.jpg)
Os subúrbios são notavelmente mais pobres ou, pelo menos, não se vê neles as grandes construções ocupadas, nos bairros centrais, por centros culturais, museus, estádios e ginásios esportivos. Mas têm, por outro lado, templos e sítios históricos. É uma região onde são comuns as exudações de gás natural da terra, que criam fenômenos como buracos, encostas ou montanhas eternamente em fogo. Mesmo onde isso não ocorre, é comum divisar na paisagem dezenas de cavalos-de-pau extraindo petróleo, sinal inequívoco de que o subsolo é mesmo rico em hidrocarbonetos.
Daí que, para um país que foi o primeiro a tirar óleo de pedra de forma comercial, sediar um grande prêmio de Fórmula 1, a categoria máxima do automobilismo, é uma consequência que faz jus à história. A corrida de Baku, por ser num circuito de rua, tem o mesmo problema de Mônaco: é virtualmente impossível ter-se uma visão geral da corrida, que passa ao redor dos prédios do centro da cidade. Por outro lado, é muito conveniente justamente por essa proximidade. Sem contar que a cidade em si forma um cenário invejável para a corrida. Não é todo dia que se pode ver alguns dos carros mais avançados do planeta tirando fininhos, em velocidade absurda, de antigas muralhas medievais.