sábado, 25 de outubro de 2008

Chineses

Antes de viajar, eu imaginava que o contato com os chineses pudesse ser um tanto desagradável. O estereótipo que eu tinha era de um povo um tanto fechado, quase antipático para os padrões brasileiros.
Pois os chineses me surpreenderam demais, positivamente. Não seria exagero dizer que entre as melhores coisas que a viagem me proporcionou está o contato que tive com tantas pessoas na China.
Sim, é claro que encontrei muitos turistas de diversas partes do mundo, especialmente em Pequim. Afinal, era época de Jogos Olímpicos. E conversar com tanta gente de sotaques e costumes diferentes (espanhóis, italianos, alemães, ingleses, franceses, australianos, estadunidenses...) é, sem dúvida, fascinante. Esta troca de experiências não tem preço! Mais: conversar com gente que, de certa forma, estava na mesma situação que eu, tão longe de casa, foi fundamental para que eu me sentisse mais à vontade naquela terra "desconhecida".
Mas nada se compara a conversar com os chineses. Assumo o risco da generalização e digo, sem hesitar, que se trata de um dos povos mais simpáticos e mais cordiais com que eu já tive contato. Alguns podem dizer que tive essa impressão por se tratar de Jogos Olímpicos. Pois bem: eu senti o mesmo em diferentes cidades durante e depois do evento. Mais do que isso: não acredito que fosse possível mudar tão profundamente a atitude das pessoas em tão pouco tempo, apenas para os Jogos.
Cito dois exemplos.
Em Pequim, demorei um pouco até encontrar um computador para me comunicar com o Brasil. E consegui quando resolvi perguntar, em mandarim, a uma chinesa que passava na rua. Ela vinha com sacolas de supermercado nas duas mãos. Parou, pensou e afinal respondeu que sentia muito, mas não sabia onde havia uma lan house. Segui então meu caminho e ela o dela. Instantes depois, percebi que ela vinha atrás de mim, ofegante (carregava umas tantas sacolas!). Havia se lembrado. Com gestos, fez sinal para que eu a seguisse. O mínimo que pude fazer foi ajudá-la com as sacolas e segui-la. Andamos umas três quadras, viramos uma esquina, entramos num prédio e só então ela me apontou a lan house. Eu mal podia acreditar e me desdobrar em todos os agradecimentos chineses que eu sabia...
Noutra ocasião, eu estava para entrar no Ninho de Pássaro e queria ligar para o Brasil avisando que eu estaria no estádio. Mas não encontrava orelhão. Perguntei, então, a um chinês se ele sabia onde havia um telefone público. A resposta: não, nestá área não há telefones públicos, mas pode usar meu celular. E me estendeu o telefone! Eu agradeci e recusei, dizendo que se tratava de uma ligação internacional. Pois vocês acreditam que, mesmo assim, ele insistiu, disse que não se importava, que eu ficasse à vontade? Não tive coragem de aceitar, mas saí com uma impressão ainda melhor do que aquela que eu já estava formando a respeito dos chineses.





Fotos: alguns dos amigos que fiz na China.