Despedindo-me da Turquia, voltei a Istambul, onde faria uma conexão para Ljubljana. Ao descer em Istambul, resgatei o samovar, que eu havia deixado três dias antes no guarda-coisas do aeroporto (o que me poupou do incômodo de transportá-lo durante aqueles dias).
Segui então para o embarque, o que significa passar pelo serviço de imigração e por procedimentos de segurança mais exaustivos que os do Brasil (principalmente se considerarmos que, no frio, é bem mais trabalhoso ficar tirando e colocando casaco, botas etc.). Uns minutos no "free shop" (ora, vejam! Na Turquia também chamam de "free shop" o que em inglês se conhece como "duty free") e então me dirijo ao portão de embarque. Começam a chamar e eu embarco, junto com os demais passageiros, no ônibus do aeroporto que vai levar até o avião. Porém, ao invés de partir, o ônibus fica parado uns bons minutos. O que estará esperando? Algum passageiro atrasado, talvez? Sei é que me impaciento um pouco, depois procuro me distrair, passar o tempo. De repente, dou um salto: o samovar! O samovar não está comigo! Refaço num segundo todos os meus passos e concluo: deve ter ficado no raio-x.
Desço correndo do ônibus, vou até a porta de vidro do terminal do aeroporto, peço para o funcionário da empresa aérea abrir e explico que quero entrar porque deixei uma bagagem no raio-x. Ele olha para mim, pede meu cartão de embarque e diz para eu ser rápido. Corro, chego ao ponto onde é feita a inspeção de segurança e reconheço de longe: ali está a sacola com o samovar! Explico a situação a um dos guardas, ele pede que eu descreva o conteúdo da sacola, confere, sorri e a entrega para mim. Volto para o portão de embarque, torno a subir no ônibus, respiro. Um instante depois, um senhor chega esbaforido, suando como se tivesse corrido uma maratona - certamente é por ele que estavam esperando. Embarcamos enfim no avião que vai levar a mais uma etapa do nosso giro pelo mundo, eu e o samovar.