quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Existe vida após um coração partido?

Zagreb é uma cidade de muitos museus. Entre eles, o mais original de que eu já tive notícia: o Muzej Prekinuth Veza ou Museum of Broken Relationships. Isso mesmo, algo como Museu dos Relacionamentos Terminados.
É fantástico. Acho que todo mundo deveria visitar esse museu em alguma fase da sua vida. Faz a gente rir bastante, chorar um pouco e, principalmente, pensar em como cuidamos das nossas relações. Eu só não recomendaria a visita a alguém que esteja emocionalmente muito fragilizado, a não ser que queira usar o museu como rito de passagem.
Muitos dos objetos ali expostos são exatamente isso: símbolos de ritos de passagem. Por exemplo, um machado com que certo alemão foi terapeuticamente destruindo todos os objetos que pertenciam à ex. Violento, eu sei. No museu há todo tipo de coisas, divididas por categorias - emotivas, vingativas, românticas, eróticas, saudosas. São objetos comuns doados por pessoas comuns, sempre com alguma história associada.
Aprende-se que os relacionamentos terminam por uma série de motivos. Incompatibilidade de interesses, distância física, desencontros, morte.
Junto a um dos objetos, a declaração: "tu me falavas de amor, tu me deixavas louca, mas o único que não querias era ir para a cama comigo. Apenas descobri o quanto me amavas depois que morreste de AIDS."
Outro objeto, o que mais me tocou, é a carta inocente escrita por um menino para uma menina que ele recém conhecera - durante a fuga precipitada de uma Sarajevo em chamas. A guerra separou os dois, que nunca mais se viram, e ela nunca pôde devolver as fitas cassetes que o menino havia emprestado (porque, na pressa, a menina não conseguira trazer suas próprias fitas).
Há uma mala ("eu sempre soube que uma pequena mala seria suficiente"), seios postiços (presente dele para ela, delicadamente convidada a usá-los durante as noites de sexo e... está explicado porque a relação terminou), vestido de noiva e livro de casamento, citação de Fernando Pessoa na parede, extratos de um "fora" em tempo real no Twitter, sangue, suor e lágrimas.
Viver é se relacionar, sangrar, suar, chorar. De alegria e de tristeza. Viver é rir e sorrir. Recomendo.

Um comentário:

Renata Teixeira disse...

Sonho da vida ter uma borracha dessa! Imagina, pode apagar tudo o que faz o peito doer? Uau! Deve ter muitas histórias tristes nesses museu. É estranho, o amor é uma coisa tão boa, que nos faz tão felizes, mas que doi, traz tristezas acopladas... Contrastes. Não entendo... O que é essa primeira foto? Não consegui identificar.