Tomamos o avião para o norte da Noruega. Nossa conexão era na cidade de Bodø, além do Círculo Polar: lá pegaríamos um outro voo, o qual ainda faria uma escala antes de pousar em Svolvær.
Esse último voo já deu um vislumbre do que seria essa parte da viagem, pois o avião (pouco mais que um teco-teco) nos brindou com a bela vista das ilhas Lofoten enquanto passava pelos fiordes, entre as montanhas.
Svolvær é o centro administrativo e uma das principais cidades de Lofoten. E Lofoten é daqueles lugares cênicos de encantar qualquer um. A maioria das cidades é, na verdade, pequenas vilas que vivem da pesca do bacalhau (boa parte do que se consome no Brasil vem daqui). O litoral é recortado e as ilhas são plenas de picos nevados. A paisagem é linda e, à primeira vista, pode até confundir o visitante. Nem tanto, talvez, mas preciso salientar isso para justificar que, quando chegamos, pegamos o carro e dirigimos uns 60 quilômetros... na direção errada. Eu bem que desconfiei que estávamos demorando demais a chegar, mas só descobrimos o erro quando a estrada acabou e o caminho a seguir seria por balsa! A verdade é que eu esquecera de conferir o endereço de destino no GPS e ele estava nos levando para outra ilha...
Após tomar o caminho certo, não foi difícil achar nosso rorbu - rorbu é o nome que os noruegueses dão a suas típicas cabanas para visitantes, tradicionalmente usadas por pescadores e, atualmente, procuradas pelos turistas que se aventuram na região. Nada melhor para entrar no clima de Lofoten!
Choveu mais do que esperávamos e gostaríamos. Sempre de uma chuva esquisita, que vinha e voltava... Chovia, parava e voltava a chover algumas vezes por dia. Estando de carro, a impressão era a de nuvens compenetradas fazendo seu trabalho em pontos específicos das ilhas. Mas nada que nos atrapalhasse tanto. Não tanto quanto o vento que, quando vinha, fazia valer a imagem que temos do Ártico!
Fomos além. Na ponta da parte maior do arquipélago, está Å, que ganhou facilmente o título de lugar com o nome mais curioso que já visitamos. Ficamos hospedados no andar de cima de um prédio onde se limpava peixe e chegamos a temer que o quarto tivesse tanto cheiro de peixe quanto o que se sentia ali. Não tinha. Em compensação, as toalhas eram postas para secar praticamente junto com o bacalhau e tinham o cheiro típico de Lofoten.
De Å, navegamos até Røst - a última ilha a oeste, que tem uma paisagem diferente das demais e talvez com mais bacalhau que todas as outras - o peixe é posto para secar em grandes armações de madeira parecendo varais por toda a ilha. Røst também foi o lugar de Lofoten que escolhemos para ver as colônias de puffins! Não pudemos chegar tão perto deles quanto em Mykines, mas mesmo assim é bom vê-los voando, nadando ou simplesmente boiando na água.
Para ir embora de Lofoten, outro teco-teco... Røst é maior do que eu pensava antes de conhecê-la, mas não a ponto de ter ônibus. Então pegamos o único táxi da ilha. No trajeto de três quilômetros até o aeroporto, uma breve e bem-humorada conversa com o motorista. Ao final, ele nos levou a tempo de tomarmos nosso voo, um dos poucos que saem do minúsculo aeroporto, e ainda aproveitou para perguntar, com um sorriso nos lábios: "you said Terminal 1, right?"