No dia seguinte, mais um nascer do sol primoroso - o Saco do Céu realmente guarda imagens lindas. O nosso coração é que, a esta altura, vivia emoções contraditórias: seguiríamos viagem, mas em direção ao leste, ou seja, já no rumo de volta. Aos poucos, deixaríamos a Ilha Grande para trás e, mais do que isso, enfrentaríamos novamente a desgastante travessia até a cidade do Rio de Janeiro.
Mas uma coisa de cada vez. Ainda tínhamos mais um dia para aproveitar na ilha e o plano era retornar à Enseada das Palmas, passando o dia numa das praias de lá que ainda não havíamos explorado. Foi o que fizemos, e foram momentos agradáveis - a velejada tranquila, a ancoragem nas proximidades da praia, banho de mar, caminhada na areia, almoço num pequeno e pitoresco restaurante-balsa. No final do dia, seguimos para outro ponto no extremo nordeste, já pensando na travessia. Acomodamo-nos, procuramos descansar o máximo durante o tempo que ainda nos restava... e, antes do sol nascer, estávamos novamente navegando, agora voltando para casa. O vento ajudou ainda menos que na ida: no começo praticamente não nos apareceu, obrigando-nos a apelar para o motor. Em compensação, fomos brindados por mais um belo nascer-do-sol no mar.
Quando o vento apareceu, foi pela proa (vento contra), o que nos permitia avançar mas da maneira mais trabalhosa e demorada. Enfim, com um bocado de paciência e tempo mais que suficiente para todo tipo de divagações, aos poucos a paisagem do Rio se descortinava. Na Marambaia, ouvíamos repetidos estrondos - trata-se de uma área militar. Na Barra da Tijuca, via-se a tradicional multidão de guardassóis tomanco conta da praia. Ansiávamos por chegar em casa, mas estávamos mais uma vez sendo pegos pela noite durante a travessia - e ainda mais cansados que na ida. Optamos então por uma parada intermediária: ancoramos entre as ilhas Cagarras, já bem perto da barra da Guanabara, e passamos ali a noite. Acordamos com o sol, um pouco mais descansados, mas cada vez mais ansiosos com a vista de casa (e o vento, fraquíssimo, que não nos ajudava!). Enfim, seguimos. E chegamos. Desembarcamos mais cansados do que esperávamos, mas com todas as marcas indeléveis de férias ricas e intensas. Mil garrafas ao mar não dariam conta do que aqueles dias de mar e sal me acrescentaram.