tag:blogger.com,1999:blog-60570412805965971542024-03-12T16:29:34.110-03:00Cartas de tantas léguasHistórias de viagem por Eduardo TrindadeEduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.comBlogger259125tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-26133787072728273932024-03-12T16:21:00.005-03:002024-03-12T16:21:53.317-03:00Sítios maias em Belize<p style="text-align: justify;">Belize pode não ser o país com o maior número de sítios arqueológicos maias, mas, dado o seu tamanho, é provavelmente o que tem a maior concentração deles, e com o bônus de que são, em grande parte, facilmente acessíveis para visitantes como nós.</p><p style="text-align: justify;">A maioria destes sítios está localizada no distrito de Cayo, no centro-oeste do país; não por acaso, é a região que fica na fronteira da Guatemala e que teve mais influência da colonização espanhola. Cruzando a fronteira estão as <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/06/mundo-maia.html" target="_blank">antigas cidades maias do lado guatemalteco</a>, entre as quais se destaca a gigantesca Tikal. Cabe esclarecer que os maias não tinham uma organização como um império centralizado; pelo contrário, o que havia era um conjunto de cidades-estado que compartilhavam uma cultura similar, comercializavam e (ó ambição humana!) guerreavam entre si. Tikal foi, durante muito tempo, uma das mais poderosas destas cidades. Sua maior rival era Caracol, no lado belizenho (curiosamente, Guatemala e Belize também se envolveram em disputas diplomáticas por essas mesmas terras).</p><p style="text-align: justify;">Caracol é, hoje, o maior sítio maia de Belize. É também um dos que têm acesso mais difícil. Chega-se lá através de uma estrada de 83 km a partir da moderna (para os padrões belizenhos) cidade de San Ignacio. Enquanto que metade dessa estrada é asfaltada, a outra metade é de terra ou de asfalto com buracos. Os relatos são um tanto assustadores: dizem que é impossível atravessá-la sem um bom 4x4, e os contratos das autolocadoras em geral proíbem que se dirija carros comuns neste trajeto. Por via das dúvidas, alugamos um 4x4 para esse dia. No final das contas, a estrada é melhor do que outras que já vimos no Brasil - qualquer carro alto e/ou com suspensão boa daria conta, ao menos durante a época de seca em que estávamos. O bom de alugar um carro em vez de contratar um passeio é que, além de sair mais barato, também tivemos liberdade para paradas adicionais ao longo do caminho: há belas cachoeiras e uma caverna de tirar o fôlego. Quanto a Caracol em si, não é tão grande quanto Tikal, mas é igualmente impressionante. Os templos e estruturas se misturam com a selva, e o coração da gente bate mais forte quando caminhamos no meio daqueles séculos de pedra.</p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3fUyFqpxd8f6B78qIHHLAociAYCLhhH6ipu66i77-bufij-aMT0Fjq9blaQDK0idts34dcj61FiuG2vWhDHR3I4oCv49jjJ3NnNXeJcCdgpmXx4IZ_SsK3GS61HLtKsCJTAxREGYsiEo9k8c7KjOFg9swoGpMuO7B3arMRpRQGFKl3ztOX9c0AMsQxqPO/s4032/IMG_7833.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3024" data-original-width="4032" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3fUyFqpxd8f6B78qIHHLAociAYCLhhH6ipu66i77-bufij-aMT0Fjq9blaQDK0idts34dcj61FiuG2vWhDHR3I4oCv49jjJ3NnNXeJcCdgpmXx4IZ_SsK3GS61HLtKsCJTAxREGYsiEo9k8c7KjOFg9swoGpMuO7B3arMRpRQGFKl3ztOX9c0AMsQxqPO/w400-h300/IMG_7833.jpeg" title="Estrada para Caracol" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estrada para Caracol</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsE1DvZ8Gq6Jh4szBwqX0xgTFJGJm5iaT_tFHIPMCcVBW80p-19bNqYVonqeUEI9EgH24CidDMo3bLbfg0SG5v09ZlCoujqcQd_0BK4eVFvHFxpaoTsajEjg8OOQLt2-31fBsFCw7pSC35CnntzQCzvf4vBBNC5xI0UXqzC_9kPcRxiAqfiBxPEF9eWNWx/s4000/L1110235.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2672" data-original-width="4000" height="429" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsE1DvZ8Gq6Jh4szBwqX0xgTFJGJm5iaT_tFHIPMCcVBW80p-19bNqYVonqeUEI9EgH24CidDMo3bLbfg0SG5v09ZlCoujqcQd_0BK4eVFvHFxpaoTsajEjg8OOQLt2-31fBsFCw7pSC35CnntzQCzvf4vBBNC5xI0UXqzC_9kPcRxiAqfiBxPEF9eWNWx/w640-h429/L1110235.jpeg" title="Caracol" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caracol</td></tr></tbody></table><br />Bem mais próximo de San Ignacio fica outra antiga cidade maia, Xunantunich, que é o sítio arqueológico mais visitado de Belize. Uma de suas particularidades são os belíssimos frisos em relevo do templo principal. E o próprio trajeto para se chegar lá também é peculiar: mesmo sendo de fato perto e fácil de chegar, é preciso atravessar um rio numa balsa movida a manivela!</p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRESkZW77hOT3WfUx1J3sDH0BYiGGR05BFzdTwtXGYXTysApas-2sVG7gIQ0C9RpXPuExjFCZ3rxwFdaHWqTPLeqFn0Rn2B7SEExHqb3QDG_pCLgiWl3Ba083ozLXxwU2_0gKmARX-bhVlI-0FCWm3V7mmrIQGnKaFs0TqJXGzO1Mw2NTZRU6FAjCdflkz/s3970/L1110354.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2652" data-original-width="3970" height="429" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRESkZW77hOT3WfUx1J3sDH0BYiGGR05BFzdTwtXGYXTysApas-2sVG7gIQ0C9RpXPuExjFCZ3rxwFdaHWqTPLeqFn0Rn2B7SEExHqb3QDG_pCLgiWl3Ba083ozLXxwU2_0gKmARX-bhVlI-0FCWm3V7mmrIQGnKaFs0TqJXGzO1Mw2NTZRU6FAjCdflkz/w640-h429/L1110354.jpeg" title="Xunantunich" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Xunantunich</td></tr></tbody></table></p><p style="text-align: justify;">De acesso ainda mais fácil são as ruínas de Cahal Pech, situadas numa colina dentro da cidade de San Ignacio. Cahal Pech é sensivelmente menor; enquanto que Caracol ou Xunantunich eram centro urbanos completos e bastante elaborados, Cahal Pech lembra mais um palacete construído para a elite - algo como um Alphaville maia.</p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMEAxayN2oA80O4wOppzHVxcllee5Aje5WzSIbbHvnYNF5-65r6Yq4yz7N5PcpSHm1XcG0RRJhDMkhB3z93jsPOdA7iyt1zaBt37jI-Paw9GrzxkNKZsQHLgCXnZG8VHKPhYSTPWBMwA_7x3ddITWZhxCd2rJIuz0_WLahx0fvMjJX28MTnEgqzj1RdQtS/s4000/L1110394.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2672" data-original-width="4000" height="429" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMEAxayN2oA80O4wOppzHVxcllee5Aje5WzSIbbHvnYNF5-65r6Yq4yz7N5PcpSHm1XcG0RRJhDMkhB3z93jsPOdA7iyt1zaBt37jI-Paw9GrzxkNKZsQHLgCXnZG8VHKPhYSTPWBMwA_7x3ddITWZhxCd2rJIuz0_WLahx0fvMjJX28MTnEgqzj1RdQtS/w640-h429/L1110394.jpeg" title="Cahal Pech" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cahal Pech</td></tr></tbody></table></p><p style="text-align: justify;">Saindo um pouco de San Ignacio, acessível de barco pelo rio, chega-se a Lamanai, uma das localidades maias mais longevas - foi habitada continuamente por mais de três mil anos. A posição ao longo do rio dá um toque especial a Lamanai - além da beleza dos templos pode-se avistar uma fauna bastante variada dentro e fora d'água.</p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj549At1D53EfSHWXC2unwNEM8ZKQki2qA0Agu0rr6-pwoC42PoWUFn3xkn6XrXFhkwylyYSj0g99lXz7Q1QGV6xnw4_sIjhIOlsjo5KBhX5HvhiXWYLI35n6vslKNLwrHSQuVUhxj5YeRYaQF92GliMhCuN0uZ9DUfijviSchIVR2X2SY9tyFVX-MfXWe2/s4000/L1110118.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2672" data-original-width="4000" height="429" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj549At1D53EfSHWXC2unwNEM8ZKQki2qA0Agu0rr6-pwoC42PoWUFn3xkn6XrXFhkwylyYSj0g99lXz7Q1QGV6xnw4_sIjhIOlsjo5KBhX5HvhiXWYLI35n6vslKNLwrHSQuVUhxj5YeRYaQF92GliMhCuN0uZ9DUfijviSchIVR2X2SY9tyFVX-MfXWe2/w640-h429/L1110118.jpeg" title="Lamanai" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lamanai</td></tr></tbody></table></p><p style="text-align: justify;">Relativamente próximo a Belize City (a maior cidade do país) fica o sítio maia de Altun Ha. Este foi uma cidade de tamanho médio e está hoje muito bem cuidado e conservado. Visitamo-lo ao final da tarde, momento em que a luz torna a paisagem particularmente bonita.</p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIO8t_wZEvfsQQZuISxmiqncVBdI8mAKOhnQgTRXN8uZv6RTljnc0fpJmzBjh1mhS3HGEpbADlnArt2Dev7w5GI5X-NxsjbuQCVxw_J6msuWwnL2Y3sOU4x3olSKNOWhInkMY_QnXK251rAlCT3k6p04wPGfCJddL_YL8ACPwrA8rt21NmKSYdVzk_1Mod/s4000/L1110215.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2672" data-original-width="4000" height="429" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIO8t_wZEvfsQQZuISxmiqncVBdI8mAKOhnQgTRXN8uZv6RTljnc0fpJmzBjh1mhS3HGEpbADlnArt2Dev7w5GI5X-NxsjbuQCVxw_J6msuWwnL2Y3sOU4x3olSKNOWhInkMY_QnXK251rAlCT3k6p04wPGfCJddL_YL8ACPwrA8rt21NmKSYdVzk_1Mod/w640-h429/L1110215.jpeg" title="Altun Ha" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Altun Ha</td></tr></tbody></table></p><p style="text-align: justify;">E, para completar o roteiro maia-belizenho, temos Actun Tunichil Muknal (ATM). Ao contrário dos outros lugares citados, este não é uma cidade antiga, mas uma imensa caverna semi-inundada utilizada pelos maias (ao que tudo indica) para cerimônias religiosas, incluindo sacrifícios humanos. Adentrar esta caverna é quase uma aventura, uma experiência realmente única. Uma visita a ATM envolve mais de uma hora dentro da caverna, na maior parte do tempo com água pela cintura, eventualmente com água no pescoço. Na parte mais profunda se encontram antigos artefatos, como vasos e tigelas, e ossadas humanas.<br /></p><p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNJN7WYTThc-Z5bsoAm5i_ygQn0tAdLTmM1hzJOYpw55kTQZIigy9R5VxhlJiDCXN1rkHUgwEA8O0cEF0TAWY1XonXMHq9F2ut8xECIOWZmDj74Uy6NSgjz_d2cr_xegJhBTl_SH9Z5CwTTR7xWDqwv-dNioT9BWRuOt7eHvNoOhdzOhsTtCNlEVhhgr-N/s4000/L1110221.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2672" data-original-width="4000" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNJN7WYTThc-Z5bsoAm5i_ygQn0tAdLTmM1hzJOYpw55kTQZIigy9R5VxhlJiDCXN1rkHUgwEA8O0cEF0TAWY1XonXMHq9F2ut8xECIOWZmDj74Uy6NSgjz_d2cr_xegJhBTl_SH9Z5CwTTR7xWDqwv-dNioT9BWRuOt7eHvNoOhdzOhsTtCNlEVhhgr-N/w400-h268/L1110221.jpeg" title="No caminho para a entrada de Altun Tunichil Muknal" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">No caminho para a entrada de Altun Tunichil Muknal</td></tr></tbody></table></p><p style="text-align: justify;">Tudo somado, tem-se um vislumbre de uma cultura quase esquecida por nós hoje em dia, e que no entanto ainda é muito presente na América Central.</p>Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-88549527699097482002024-02-02T09:53:00.006-03:002024-03-12T16:29:03.291-03:00Um país chamado Belize<div class="separator"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX2aOkMCuShX2_d3PE07jz0mGiZqQUbHbA33ior3N-5M_KpCGbMuGTbjcGXz9dFGZ4auuRRAESrSEpOjqYWouLJL-Jfi9PM3anghu-YAn2Mm3cmDJRYKyY4x4531-gtm6x0kDfCK8bw4GJSGm1y87dkBW-DdPD4WEUfl4OxNPeHyP2H000zBvfVS5Crj5u/s3996/IMG_7799.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2248" data-original-width="3996" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX2aOkMCuShX2_d3PE07jz0mGiZqQUbHbA33ior3N-5M_KpCGbMuGTbjcGXz9dFGZ4auuRRAESrSEpOjqYWouLJL-Jfi9PM3anghu-YAn2Mm3cmDJRYKyY4x4531-gtm6x0kDfCK8bw4GJSGm1y87dkBW-DdPD4WEUfl4OxNPeHyP2H000zBvfVS5Crj5u/w400-h225/IMG_7799.jpeg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></div><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody;">Um país pequeno e pouco povoado bem no meio da América Central, entre o continente e o Caribe. Um lugar que há não muito tempo era uma colônia chamada de Honduras Britânicas - o que supõe um torcicolo etimológico, dado que as “funduras” (profundezas) de Honduras estão no Pacífico, mas Belize só tem costa no Atlântico.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody;">O antigo nome tomado de empréstimo (e que no original, British Honduras, é uma mistura de duas línguas), curiosamente aponta para uma das características marcantes do povo de Belize: a diversidade de culturas. São diferentes etnias, línguas e biotipos convivendo em graus variados de miscigenação e sobreposição. A população negra é maioria no litoral e a ameríndia, no interior. O inglês é a língua oficial e mais falada, seguido de perto pelo espanhol. Também ouvimos distintamente crioulo belizenho, maia e garífuna. Aparentemente todos com quem conversamos são bilíngues ou mesmo trilíngues. Seria Belize a Suíça dos trópicos?</span></p><p class="p1" style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-ligatures: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-family: UICTFontTextStyleBody;">Não em termos de infraestrutura. A de Belize é um tanto precária: casas e vilas extremamente simples (a capital, Belmopã, lembra a menor das cidades do Interior do Brasil), estradas esburacadas (mas com ônibus relativamente frequentes)… E floresta por todos os lados! Dificilmente se está longe do mato, ocasionalmente se está cercado por ele e pela sua fauna. Durante o dia vê-se uma quantidade inacreditável de aves, bugios e outros animais. À noite, o som dos mesmos embala o nosso sono, mesmo na cidade.</span></p><p class="p1" style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-ligatures: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-ligatures: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: UICTFontTextStyleBody;">No meio da floresta, aqui e ali, ruínas maias. A imagem destas em meio ao verde, com o entrelaçamento das pedras com as raízes das árvores, é de tirar o fôlego. A Guatemala provavelmente tem mais sítios maias, mas em Belize parece que eles estão mais concentrados.</span></p><p class="p1" style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-ligatures: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: UICTFontTextStyleBody;"><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-ligatures: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-family: UICTFontTextStyleBody;">Também no meio da floresta, cavernas, rios e a mistura de ambos (ou seja, rios que correm dentro de cavernas). A natureza foi realmente pródiga aqui. Ainda mais considerando que isso tudo é apenas metade do país: há o mar com suas centenas de ilhas, a maior barreira de corais da América e toda a vida marinha que circula em torno dela. Esta merece toda uma outra viagem (voltada para o mergulho). Diferente, mas de certa forma semelhante: se o azul do Caribe guardar tanta variedade de vida quanto o verde da selva, estaremos bem servidos.</span></p>Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-32356519345265865732023-12-23T08:44:00.002-03:002024-01-07T15:07:46.652-03:00Guia Puffin de Gastronomia 2023<p style="text-align: justify;"><span style="text-align: justify;">Cozinhar bem é uma arte e, como tal, merece celebração. Assim sendo, relevem o injustificável atraso, culpa deste escrevinhador, e deliciem-se com a edição 2023 do <b>Guia Puffin de Gastronomia</b>, que desde <a href="http://cartas.edutrindade.com/2015/01/o-guia-puffin-de-gastronomia.html" target="_blank">2015</a> busca novos endereços onde se vivem bons momentos ao redor de uma mesa. Desta vez, trazemos os restaurantes que mais se destacaram nos dois anos anteriores. Ei-los:</span></p><div style="text-align: justify;"><div><b>Mangai, Recife - 1 enguia</b></div><div><div style="margin: 0px;">Trata-se de uma rede de restaurantes que tem unidades em algumas capitais nordestinas. É uma excelente escolha para, através da comida farta e saborosa, conhecer um pouco das diferentes culturas que formam a região. Virou escala praticamente obrigatória em futuras viagens!</div><div style="margin: 0px;"><br /></div><div style="margin: 0px;"><div><div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhl14PhfxZqW54ZL4wgmNBnlPmiAI0BU2j77qeKzL5kVoNR8dTHZEhMbP90r1ZUdTw6rYavhiz3dJhx9YWOMPEa_UPLafeXOO5BNvLhoZNc6Wh9wXa7dNIRnb6lkgMvUeLUq5pg8Stqmv_M0DEiQvQ_FddtYYOaOPGvRfXrCXgSOqKlVc4EGijP5l6C_fIt" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="2524" data-original-width="3366" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhl14PhfxZqW54ZL4wgmNBnlPmiAI0BU2j77qeKzL5kVoNR8dTHZEhMbP90r1ZUdTw6rYavhiz3dJhx9YWOMPEa_UPLafeXOO5BNvLhoZNc6Wh9wXa7dNIRnb6lkgMvUeLUq5pg8Stqmv_M0DEiQvQ_FddtYYOaOPGvRfXrCXgSOqKlVc4EGijP5l6C_fIt=w200-h150" title="Hachiko" width="200" /></a></div><b><a href="https://www.hachiko.com.br" target="_blank">Hachiko</a>, Rio de Janeiro - 1 enguia</b></div><div><div style="margin: 0px;">Esse restaurante, no centro antigo da cidade, serve uma farta sequência de pratos de fusão da culinária japonesa com referências internacionais clássicas. O carro-chefe são os frutos-do-mar, mas merecem destaque as opções vegetarianas, que deixam nada a desejar - coisa rara neste tipo de estabelecimento.</div></div><div style="margin: 0px;"><br /></div><div style="margin: 0px;"><br /></div><div style="margin: 0px;"><br /><br /></div><div><div><div class="separator" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjXRXEcF_G6MM3MRq-nXfhm2qi_9ojZalKAoFfrTWUW9aeSQ7dL7jS4-lOWADHWrEFJKaQnKlz1NYwZ1ZYs59z9OmoaPrM9lLviaauwTiFLYGnJsdbdayuAw-G1jbdFediJv7JCt-pKw8xrjQ_0fDswopZXPGn7bozqFhfDaBteddXFwSEoM2el-70nN1kE" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="1836" data-original-width="2448" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjXRXEcF_G6MM3MRq-nXfhm2qi_9ojZalKAoFfrTWUW9aeSQ7dL7jS4-lOWADHWrEFJKaQnKlz1NYwZ1ZYs59z9OmoaPrM9lLviaauwTiFLYGnJsdbdayuAw-G1jbdFediJv7JCt-pKw8xrjQ_0fDswopZXPGn7bozqFhfDaBteddXFwSEoM2el-70nN1kE=w200-h150" title="Righi" width="200" /></a></div><b>Righi, San Marino, 1 enguia<br /></b></div>Nunca um restaurante esperou tanto para entrar no Guia Puffin. O Righi de Luigi Sartini, que fica na praça central de San Marino, recebeu a visita dos avaliadores em fevereiro de 2020, enquanto o país (e o mundo) ao redor começava a se fechar por conta da pandemia de COVID-19. A edição seguinte do guia demorou a sair, mas ficou no coração a memória daquela refeição incrível, plena de sabores, num cenário espetacular.<br /><div><b><br /></b></div><div><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg4cVMLMaGgVBb4D6pKMZrP6yB07kM3dg6uzz24zatnrviC_-lOsw2d4Yw5NIAwCH1hkrH3LKWx0XNOhu6e0MpEtQ26Ko_krnn81MePlr_hiMSVRSLrpCv7IsYwNvNWL97T7tlXNV8vuwykii__876Eax9V1wN5Lpl8xckoiWSP9_V95gqLCYdJRTzoq741" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg4cVMLMaGgVBb4D6pKMZrP6yB07kM3dg6uzz24zatnrviC_-lOsw2d4Yw5NIAwCH1hkrH3LKWx0XNOhu6e0MpEtQ26Ko_krnn81MePlr_hiMSVRSLrpCv7IsYwNvNWL97T7tlXNV8vuwykii__876Eax9V1wN5Lpl8xckoiWSP9_V95gqLCYdJRTzoq741=w200-h150" title="Cipriani" width="200" /></a></div>Cipriani, Rio de Janeiro - 2 enguias</b></div>A localização (no luxuoso hotel Copacabana Palace) coloca as expectativas lá no alto. E o <i>chef</i> Nello Cassese consegue corresponder com maestria, oferecendo um menu-degustação que alia criatividade e modernidade a receitas clássicas de sua terra natal. Imperdível!<br /><br /><br /><div><b><a href="https://mesadolado.com.br" target="_blank">Mesa do Lado</a>, Rio de Janeiro - 2 enguias</b></div>O fechamento do Olympe (que havia sido destaque na <a href="http://cartas.edutrindade.com/2015/01/o-guia-puffin-de-gastronomia.html" target="_blank">primeira edição do nosso guia</a>) deixou saudades. As demais casas da família Troisgros tinham todas uma proposta diferente. Ao abrir as portas do Mesa do Lado, Claude Troisgros ocupa um espaço que é parte um retorno à vanguarda da alta gastronomia e em parte uma celebração da própria carreira. O menu degustação é fantástico e faz referência aos "clássicos modernos" (se é que isso é possível) do <i>chef</i>. O ambiente, que une um espetáculo de som e luz à experiência gastronômica, é cativante, mas talvez se torne cansativo após visitas sucessivas.</div><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiSai0q5NCkNbXUyFT5ir39y59MFsOSEy2zS-Crsvm3oMOLb6xd1v-e78pt3Oh8o1uxmPMQqyHIBGdOZ1w8LRhHxqLFls7ucqJquOUgyqz-jbeL_vPBxBW3fQQL0KjK5lFWHOB9gYTWSpjBFsNMi2tUG7CVjQS-yl1899BOc-mI8PHPHM1mYYZelpHbToLK" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="2448" data-original-width="3264" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiSai0q5NCkNbXUyFT5ir39y59MFsOSEy2zS-Crsvm3oMOLb6xd1v-e78pt3Oh8o1uxmPMQqyHIBGdOZ1w8LRhHxqLFls7ucqJquOUgyqz-jbeL_vPBxBW3fQQL0KjK5lFWHOB9gYTWSpjBFsNMi2tUG7CVjQS-yl1899BOc-mI8PHPHM1mYYZelpHbToLK=w200-h150" title="Essência" width="200" /></a></div><div style="text-align: left;"><b style="text-align: justify;"><a href="https://essenciarestaurant.hu/en/homepage/" target="_blank">Essência</a>, Budapeste (Hungria) - 2 enguias</b></div>Portugal e Hungria parece ser uma combinação fora do comum quando se trata de gastronomia - mas que vai muito bem. Prova disso é este restaurante, em que o casal de proprietários (ele português, ela húngara) se une para ofer<br />ecer menus que intercalam o melhor das duas culturas. Como se não bastasse, a comida fica ainda melhor harmonizada com sucos.</div><div><br /></div></div></div><div><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgXuQbe7iDHerLIieQBkw7cn29b211ruGHAUOPiSgK2e1Rmnp1FSzNYZkcAAG0EpuQkVYjjc1PpjCqTXMpaFdqljTJkWJYv1dFTgFCKgzAxnMyeixHMROhD91SfFgAR-c3XTZqb3D6n7T9em0f_TvWXDeeEuMvT09JA95ocGt5cTncx2y4Qq2ssoC5D5huX" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img data-original-height="2448" data-original-width="3264" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgXuQbe7iDHerLIieQBkw7cn29b211ruGHAUOPiSgK2e1Rmnp1FSzNYZkcAAG0EpuQkVYjjc1PpjCqTXMpaFdqljTJkWJYv1dFTgFCKgzAxnMyeixHMROhD91SfFgAR-c3XTZqb3D6n7T9em0f_TvWXDeeEuMvT09JA95ocGt5cTncx2y4Qq2ssoC5D5huX=w200-h150" title="Evvai" width="200" /></a></div><a href="https://www.evvai.com.br" target="_blank">Evvai</a>, São Paulo - 2 enguias</b></div><div><div style="margin: 0px;">O <i>chef</i> brasileiro Luiz Filipe Souza oferece um menu que, indo além das inspirações italianas, é sobretudo criativo e autoral. Cada prato se propõe a contar um capítulo de uma história; mais do que apenas os ingredientes e preparações, a apresentação e o ambiente contribuem bastante para a experiência.</div></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEigKaKxG_TxNzuDBffGhMZQxNCeii9WyVsNudb3reY6I5-s-FDGSNZxEXtiOO7XxCuZOXP4xcHu-oi1IdO2azsCdMGzFXRJ_rLI4ndmiAS_WjDz33MfuWT48j3KqaEQaLVvdjW571qg_IOlVzWOByXvej5y9E6Dg3YrZJDW1Leo_62uhiabsHwH_67ouqsj" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="2628" data-original-width="3942" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEigKaKxG_TxNzuDBffGhMZQxNCeii9WyVsNudb3reY6I5-s-FDGSNZxEXtiOO7XxCuZOXP4xcHu-oi1IdO2azsCdMGzFXRJ_rLI4ndmiAS_WjDz33MfuWT48j3KqaEQaLVvdjW571qg_IOlVzWOByXvej5y9E6Dg3YrZJDW1Leo_62uhiabsHwH_67ouqsj=w200-h133" title="Pacato" width="200" /></a></div><b><a href="https://pacatobh.com.br" target="_blank">Pacato</a>, Belo Horizonte - 3 enguias</b></div>Este restaurante de Caio Soter é uma autêntica joia, que não à toa aparece aqui com a distinção máxima do nosso Guia Puffin. A maestria do <i>chef</i>, o cuidado com todo o serviço, a decoração, tudo contribui para transformar o melhor da cozinha mineira numa experiência requintada.</div><div style="text-align: justify;"><br /><div><br /><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjdQRjWR17GBDy2O3-p_aVry6XG5pPToo9GAeVfjWb7OWThsss7ZYh6zkGVJ1bkC6OWTsHosOnpEJP9mL85WIuVPFllbs1rQo8Svj9z8H9b7InHNgawHd5tHk8N9SiFtPrMQs9UCjHw-v-KbigXMNnbn1-wo3SpQjFoimg5LLJIq5I1F1i7NQXbNAFJBNZ0" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img data-original-height="2448" data-original-width="3264" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjdQRjWR17GBDy2O3-p_aVry6XG5pPToo9GAeVfjWb7OWThsss7ZYh6zkGVJ1bkC6OWTsHosOnpEJP9mL85WIuVPFllbs1rQo8Svj9z8H9b7InHNgawHd5tHk8N9SiFtPrMQs9UCjHw-v-KbigXMNnbn1-wo3SpQjFoimg5LLJIq5I1F1i7NQXbNAFJBNZ0=w200-h150" title="Salt" width="200" /></a></div><a href="https://saltbudapest.com/" target="_blank">Salt</a>, Budapeste (Hungria) - 3 enguias</b></div>Uma casa que faz jus à saborosa atmosfera de Budapeste, Comandado por Szilárd Tóth, o restaurante nos convida a conhecer aspectos da cozinha tradicional húngara, passando pela infância do <i>chef</i>, mas sem esquecer as referências internacionais. Os avaliadores ficaram encantados com o menu de 15 etapas harmonizado com sucos da casa!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj6KojqCJksUD2QqdKqOcmaR9evhSQECLo6cG9qucDwMLA66N5jCOJztgxFya_dFPWEcEOMeOXrFAPW7H9LcWe0bN9O44FU3r8DGxcpQLfTbhvpjO7s8_amRL7Y58A30jw57e6U4RnO0JHgUAa_CV1fqT0dnEChTzel-XAOpWhyRgHZXetcpTOcGwG3GAwM" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="2341" data-original-width="3121" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj6KojqCJksUD2QqdKqOcmaR9evhSQECLo6cG9qucDwMLA66N5jCOJztgxFya_dFPWEcEOMeOXrFAPW7H9LcWe0bN9O44FU3r8DGxcpQLfTbhvpjO7s8_amRL7Y58A30jw57e6U4RnO0JHgUAa_CV1fqT0dnEChTzel-XAOpWhyRgHZXetcpTOcGwG3GAwM=w200-h150" title="Guy Savoy" width="200" /></a></div><b><a href="https://www.guysavoy.com" target="_blank">Guy Savoy</a>, Paris (França) - 3 enguias</b></div><div style="text-align: justify;">Aqui estamos certamente falando de um dos melhores lugares do mundo para se descobrir o que tornou famosa a gastronomia francesa. O ambiente e o cardápio são requintados, o cuidado com cada detalhe dos preparos e das apresentações é máximo. A técnica culinária brilha, não como simples expressão de virtuosismo, mas como um meio para se extrair dos ingredientes (sejam quais forem) o melhor resultado em termos de sabor e textura. Para marcar com chave de ouro a volta do Guia Puffin!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div><b><a href="https://osteriafrancescana.it" target="_blank">Osteria Francescana</a>, Modena (Itália) - 3 enguias</b></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjJL8bY4gafxSsestfSB-bNit9N5Xl0TmaWCcLVtCiOEkjiJZ28M7ajmHdCoitSe6DAxG2LavF3QYbyJh-IpbTvIaPucoDfB_xjRht_bOVwlNeRGuCDf-PewEuloqz25ITaRMPkq9xjThigouEzt61nMtT680TaS5Jl0tnr7wSi40-niFf3pfgMoVtQYpv-" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img data-original-height="2296" data-original-width="3061" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjJL8bY4gafxSsestfSB-bNit9N5Xl0TmaWCcLVtCiOEkjiJZ28M7ajmHdCoitSe6DAxG2LavF3QYbyJh-IpbTvIaPucoDfB_xjRht_bOVwlNeRGuCDf-PewEuloqz25ITaRMPkq9xjThigouEzt61nMtT680TaS5Jl0tnr7wSi40-niFf3pfgMoVtQYpv-=w200-h150" title="Osteria Francescana" width="200" /></a></div>Um restaurante refinado com um nome ironicamente simples atrás de uma porta discreta no centro da cidade. Um menu colorido, convidativo, entre o clássico e o extravagante. Tal é o empreendimento premiadíssimo do <i>chef</i> Massimo Bottura, que sem dúvida andava ansioso pela visita do Guia Puffin - oferecer um prato à base de enguias não seria coincidência, seria? Pois que ninguém se aproveite disso para acusá-lo de tentar comprar os avaliadores, os quais, como se sabe, são incorruptíveis; a experiência oferecida por ele é realmente fantástica!<br /></div></div>Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-45077295217459711312023-02-13T11:09:00.002-03:002023-02-13T11:09:34.366-03:00O amor nos tempos de pandemia<div style="text-align: left;"><i></i></div><blockquote><i>"Nel mezzo del cammin di nostra vita</i><div style="text-align: left;"><i>mi ritrovai per una selva oscura"</i></div></blockquote><div style="text-align: left;"><i></i></div><p style="text-align: justify;">Estivemos atravessando tempos tumultuosos, de emergência sanitária e política. Época de poucas viagens e muitas leituras; de medos e esperanças; <i>tempo de absoluta depuração</i>. Contexto difícil para falar de travessias, ainda mais que até os blogues parecem ter morrido e este talvez seja um dos poucos sobreviventes. Assim, este espaço ficou mudo.</p><p style="text-align: left;">Mas, enfim, estou de volta; estamos de volta nós que sobrevivemos. Saudações a quem estiver na escuta!</p><p><i></i></p><blockquote><i>E quindi uscimmo a riveder le stelle." *</i></blockquote><p></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDggeq9uN4AgrhCuIkzC5nJ93QIdaYRJX78avKp-kY-GzIdzaYFD3vl3NaPaweLJadvMtpQCG4BYi5uwf5bQ30JS4ApHYnSrBeR_MqZcBLDTehHJN0T7XtzFunk6xZYnJjlQFVdG5gkxm-NlD1vTQij8wD0t6VpXx8204ISepnpN4xMfMrm9FX_XdKIw/s920/hung.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="407" data-original-width="920" height="285" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDggeq9uN4AgrhCuIkzC5nJ93QIdaYRJX78avKp-kY-GzIdzaYFD3vl3NaPaweLJadvMtpQCG4BYi5uwf5bQ30JS4ApHYnSrBeR_MqZcBLDTehHJN0T7XtzFunk6xZYnJjlQFVdG5gkxm-NlD1vTQij8wD0t6VpXx8204ISepnpN4xMfMrm9FX_XdKIw/w640-h285/hung.jpg" width="640" /></a></div><p></p><p><br /></p><div>* As citações são dos primeiros e último versos do Inverno da Divina Comédia. Na tradução de Italo Eugenio Mauro:<br /><i>"A meio caminhar de nossa vida/ fui me encontrar em uma selva escura"<br />"Saímos por ali, a rever estrelas."</i></div><div>A "depuração" é um verso de Drummond.</div><div>A imagem é um detalhe do Memento Park de Budapeste.</div><p><br /></p>Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-1689067075558315232020-04-13T08:54:00.001-03:002020-04-13T09:17:02.196-03:00Comida na Geórgia<div style="text-align: right;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwhPIIE_j-ZC4qzBiqShd5aFieHkKgeIXUANPqn59qdROj73SJJpyn7De7fdJ04H_1ElcenYuZ23_e9YmDIxuwnZWNZ3MMGNqM-kSWoPT0oj546_66TWbCpr6HDdIIuWbt3fhyLC_hGvBW/s1600/IMG_0223.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1435" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwhPIIE_j-ZC4qzBiqShd5aFieHkKgeIXUANPqn59qdROj73SJJpyn7De7fdJ04H_1ElcenYuZ23_e9YmDIxuwnZWNZ3MMGNqM-kSWoPT0oj546_66TWbCpr6HDdIIuWbt3fhyLC_hGvBW/s320/IMG_0223.jpg" title="Khachapuri" width="287" /></a>Uma coisa marcante quando se senta à mesa na <a href="http://cartas.edutrindade.com/2020/03/estava-escrito-na-georgia.html">Geórgia</a> é a quantidade de preparações emblemáticas que há no país. A rigor, não se trata de pratos nem ingredientes exóticos, mas sim de receitas que, apesar de possuirem uma inegável identidade distinta, lembram outras encontradas com certa facilidade ao redor do mundo. Herança talvez da <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/12/quba-encruzilhadas-no-caucaso.html">rota da seda</a>, que passava pela Geórgia e arredores.</div>
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A começar pelo <i><b>khachapuri</b></i> e suas variantes. <i>Khachapuri</i> é um pão assado com queijo, uma iguaria que lembra uma pizza ovalada. Eventualmente servem com um ovo por cima. Está por toda parte e vai muito bem como um lanche substancioso. É a típica comida fácil, boa e barata - perfeita para viajantes, portanto. Dependendo da fome, pode até substituir o almoço!</div>
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E então temos os <i><b>khinkali</b></i>. Estes são considerados o prato nacional da Geórgia, a ponto de fotos e desenhos dele estarem frequentemente presentes em lembranças para turistas: um ímã de geladeira em forma de <i>khinkali</i>, quem vai?</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmdnRTH9RveN6mPtRsa_Kqd44s31LSH26E9wev0Wkym_PdWZtVL3go8qM7x1CTlSE5e1IQ9RUD6rojd6sc8Eaj-Ncr2Jzp-ZmLFvZgYWgPfLfW-5UQi0W-jzvS8vMT-aaPX6H-YDRgnRch/s1600/IMG_0236.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmdnRTH9RveN6mPtRsa_Kqd44s31LSH26E9wev0Wkym_PdWZtVL3go8qM7x1CTlSE5e1IQ9RUD6rojd6sc8Eaj-Ncr2Jzp-ZmLFvZgYWgPfLfW-5UQi0W-jzvS8vMT-aaPX6H-YDRgnRch/s400/IMG_0236.jpg" title="Khinkali" width="400" /></a></div>
Estamos falando de uma massa recheada (recheios mais comuns: carne, queijo e cogumelos), de tamanho um tanto maior que <i>cappelletti</i> e, ao contrário destes, feita para ser comida com a mão. O <i>khinkali</i> não leva molho algum e é servido seco no prato. Como ele possui uma ponta saliente, feita da própria massa, a intenção é que seja segurado com os dedos por essa ponta (a qual, por ser uma massa mais grossa e mais seca, com "função estrutural", <i>não</i> costuma ser comida). Mais curioso ainda, as variedades de <i>khinkali</i> de carne possuem um caldo no interior da massa, junto com o recheio. É preciso então segurar o <i>khinkali</i> pela ponta, morder com cuidado e sorver o caldo, sem que este escorra.</div>
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Um prato muito comum entre os imigrantes italianos do Rio Grande do Sul (e, de resto, em qualquer lugar com influência italiana) é a sopa de capeléti, ou <i>cappelletti in brodo</i>: massa recheada servida num caldo de carne. Na Geórgia, o <i>khinkali</i> me lembrou uma sopa de capeléti reconstruída: com o caldo por dentro da massa, em vez de fora dela. Em outras palavras: não uma sopa de capeléti, e sim capeléti de sopa... Vira um outro prato, apesar de possuir basicamente com os mesmos elementos. Nos restaurantes, <i>khinkali</i> são vendidos por unidade, o que os torna muito convenientes para serem compartilhados por todos à mesa, mais ou menos como uma porção de pastéis ou de bolinhos no Brasil.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB_-P73UKEwbfS5j_QqvjnbF9SSxinfLxFXLe0ur82uPVBGXGfldmKuNTd-kdbImiTpKSWiWOhmRjRZ8TXG2ApsZrVp_1rfyHXAeNHgFkQ5wOKeD-mVg5x4CQ6Ug9fdUVy-84Ar-K-hXSe/s1600/IMG_0185.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB_-P73UKEwbfS5j_QqvjnbF9SSxinfLxFXLe0ur82uPVBGXGfldmKuNTd-kdbImiTpKSWiWOhmRjRZ8TXG2ApsZrVp_1rfyHXAeNHgFkQ5wOKeD-mVg5x4CQ6Ug9fdUVy-84Ar-K-hXSe/s320/IMG_0185.jpg" title="Compota de figo" width="240" /></a>Na parte de sobremesas, encontram-se algumas variantes de baclavas, possivelmente por influência dos países vizinhos, mas com menos frequência que no <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/azerbaijao-esse-desconhecido.html">Azerbaijão</a> ou na <a href="http://cartas.edutrindade.com/2012/01/aromas-de-ocidente-e-oriente.html">Turquia</a>. O doce tradicional georgiano é uma tira de nozes embebidas numa calda de suco de uva engrossada com farinha. Ao esfriar, esse suco solidifica e o conjunto como um todo fica com a aparência de uma espécie de linguiça doce. Definitivamente incomum, mas razoável numa região de uvas abundantes. Por outro lado, há também a confeitaria clássica, de origem franco-russa, que acaba sendo a mais agradável a paladares ocidentais. Assim, fomos apresentados a uma "Georgian cake" primorosa que no fundo era uma torta mil-folhas, com lascas de amêndoas e creme de confeiteiro. DNA francês no coração de Tbilisi.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNP2L5IlnyAaFAfUhyphenhypheniRXQqmZGWwv4QsSNkd_eUUWhs3YTPIwzmncrPGi_-l8ObGsLt8bRmDIdx68QnSo4ilsi2lC7sPYBpLqnSysBpMoNmjczFe2ExJ36vTqBO5s2soPC9odsfbPJU5Ea/s1600/IMG_0233.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNP2L5IlnyAaFAfUhyphenhypheniRXQqmZGWwv4QsSNkd_eUUWhs3YTPIwzmncrPGi_-l8ObGsLt8bRmDIdx68QnSo4ilsi2lC7sPYBpLqnSysBpMoNmjczFe2ExJ36vTqBO5s2soPC9odsfbPJU5Ea/s320/IMG_0233.jpg" title="Compota industrializada" width="240" /></a><br />
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Finalmente, há as <b>compotas</b>. Enquanto que, no Brasil, é comum chamar de compotas a um doce de frutas em calda, na Geórgia e em outros países a compota é a bebida (extremamente doce) que consiste na calda das frutas. É bem simples: a fruta é deixada "de molho" em água com açúcar e então essa mistura, com a água ao final contendo o sabor da fruta, é servida para ser bebida como acompanhamento da refeição. Nos supermercados, refrigerantes de frutas são também chamados de compotas, mas não se comparam à bebida tradicional. "Modernismos" à parte, se às vezes fica difícil adivinhar onde surgiram as receitas e quem influenciou quem, fácil é se deixar levar pelos sabores oferecidos na Geórgia.</div>
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<br />Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-88079285925269592422020-03-24T11:36:00.000-03:002020-03-24T11:43:55.134-03:00Estava escrito na Geórgia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVE0X73QPiKs54zelmEmsoV9s5zsB13ThEzexzTZbTqNUoFn4qDTj0kzKMtpsn1bQ26xOTHbtb642ZKZYWHTbXgo7tuASZtnQfT6lgLxibNlpXj2paz9oTA02tUO51cYZpIw0ak2aGvCeE/s1600/L1060122.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVE0X73QPiKs54zelmEmsoV9s5zsB13ThEzexzTZbTqNUoFn4qDTj0kzKMtpsn1bQ26xOTHbtb642ZKZYWHTbXgo7tuASZtnQfT6lgLxibNlpXj2paz9oTA02tUO51cYZpIw0ak2aGvCeE/s400/L1060122.jpg" title="Tbilisi, Geórgia" width="400" /></a></div>
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A Geórgia é daqueles países tão misteriosos que muita gente nem sabe que existe - ou então confunde com o estado estadunidense da Geórgia.<br />
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E, no entanto, trata-se de um país que, embora apenas em 1995 tenha se tornado independente, possui uma história e uma cultura riquíssimas. Mas comecemos por um aspecto curioso: a língua e a escrita da Geórgia. Esse povo possui um alfabeto próprio que chama a atenção por ser completamente diferente do nosso - além de ser belíssimo. Duvidam? Pois olhem as imagens.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR0AmtvoAe2TGQ-L0bKczf_5chDnD_F1VLE48lYYhiYwuh_PKhDG9kmXqjDgw_YcI3gh27DQ-FbcXX5cJ9p2Ks2Cv-iNPAOv9aXtvMqlYsDa0ztZ7ebodMBpQ73v106sxF8lcowe834UKN/s1600/IMG_3276.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR0AmtvoAe2TGQ-L0bKczf_5chDnD_F1VLE48lYYhiYwuh_PKhDG9kmXqjDgw_YcI3gh27DQ-FbcXX5cJ9p2Ks2Cv-iNPAOv9aXtvMqlYsDa0ztZ7ebodMBpQ73v106sxF8lcowe834UKN/s320/IMG_3276.jpg" title=""Tbilisi"" width="320" /></a></div>
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À primeira vista, ele se parece com o alfabeto da vizinha Armênia, mas é definitivamente outro, embora contemporâneo dele. Além de bonito, é único, o que significa que gente como nós, ao primeiro contato, não tem a menor ideia de como decifrá-lo. As pedras de Rosetta disponíveis nem sempre se prestam para nós: a segunda língua, por lá, é o russo (e não o inglês), o que significa que para ler um documento ou rótulo bilíngue é preciso mergulhar no alfabeto cirílico.</div>
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Claro, há muitos alfabetos pelo mundo e encontrar um deles num país que muitos diriam ser obscuro não chega a ser surpreendente. Mas o georgiano tem pinta de ter nascido no Sudeste Asiático ou na <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/India">Índia</a>, e não nas bordas da Europa.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyCqvpvSSDorMIVBTBtVKRCZgs6u2eXy60mXZOu8I_VEb9gsRPVWw9icTn2HatWu3oOzMNjlHoWbzjdZkwEPjL6vcK3UiSIIgHibfoKD3VFBaDmz1_8mm8v7Nt6IoTCJqdU197G2nYJVpl/s1600/IMG_3275.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1042" data-original-width="1562" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyCqvpvSSDorMIVBTBtVKRCZgs6u2eXy60mXZOu8I_VEb9gsRPVWw9icTn2HatWu3oOzMNjlHoWbzjdZkwEPjL6vcK3UiSIIgHibfoKD3VFBaDmz1_8mm8v7Nt6IoTCJqdU197G2nYJVpl/s320/IMG_3275.jpg" title=""O cavaleiro na pele de pantera", Rustaveli" width="320" /></a></div>
E - ponto para a Geórgia, sua língua e seu alfabeto - um dos seus filhos mais celebrados da terra é um escritor, o poeta medieval Rustaveli. Em Tbilisi, está presente em estátuas e dá seu nome à maior avenida, ao aeroporto e ao teatro nacional. A obra de Rustaveli, épica (à moda de seus contemporâneos) tem, entretanto, aforismos quase místicos que lembram versos de Tagore. Nada poderia ser mais exótico para nós, ocidentais.</div>
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Por cima deste tapete linguístico e literário, a Geórgia de hoje tem muitas outras camadas que competem entre si e eventualmente se amalgamam. Se não, vejamos. Foi uma das repúblicas socialistas soviéticas e possui uma história de amor e ódio com a Rússia - provavelmente mais ódio que amor, a despeito de o mais longevo ditador soviético ser filho da "Mãe Geórgia". Sim, Stalin, ele mesmo, nasceu na Geórgia e lá começou sua carreira de roubos e sequestros. Contraponha-se a isso o forte apelo que a religião tem por lá, no caso o cristianismo ortodoxo. Estamos falando, afinal, de um país do Cáucaso, um lugar onde as nações se confundem com as etnias e estas se identificam com as religiões. Outro aspecto, pouco conhecido fora de lá, é que a Geórgia é considerada pioneira mundial na produção de vinho e ainda hoje possui uma posição respeitável, produzindo a bebida tanto industrial quanto artesanalmente. E, do vinho à comida, cabe dizer que estamos falando de um país possuidor de uma diversidade de pratos autóctones que, se não são sofisticados, ninguém pode acusar de não serem criativos e saborosos. Em meio à terra dos tapetes, a Geórgia é uma fascinante colcha de retalhos.</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAOqQWRFrIQYWSHXJDzmfp_CLqfMGNNGoqxQgFuXLhGKNhTywIX0BDGTxe_mZUJ3sVp94eJ-vk94KIluP90pb3f-9rngfp0Kwrz-QI8YUfSXyTL3WVubeX0sTLsfimP8qZ1jjTjWnwCqdF/s1600/L1060463.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAOqQWRFrIQYWSHXJDzmfp_CLqfMGNNGoqxQgFuXLhGKNhTywIX0BDGTxe_mZUJ3sVp94eJ-vk94KIluP90pb3f-9rngfp0Kwrz-QI8YUfSXyTL3WVubeX0sTLsfimP8qZ1jjTjWnwCqdF/s320/L1060463.jpg" title="Catedral de Sameba, Tbilisi" width="240" /></a>Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-27051763420780071492020-02-02T10:44:00.002-03:002020-02-12T18:30:23.746-03:00Guia Puffin de Gastronomia 2020<div style="text-align: justify;">
Que rufem os tambores! A leitura mais inspiradora e saborosa do ano acaba de chegar!</div>
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O <b>Guia Puffin de Gastronomia</b> distribui entre uma e três enguias para os estabelecimentos que proporcionaram as mais excepcionais experiências gastronômicas - não só a comida, mas também o atendimento, o ambiente, enfim, a experiência completa. Seguindo o mesmo critério das edições anteriores, restaurantes listados nos outros anos (desde <a href="http://cartas.edutrindade.com/2015/01/o-guia-puffin-de-gastronomia.html" target="_blank">2015</a>) ficam de fora para, assim, dar mais espaço às novas descobertas. E não foram poucas as que este último ano proporcionou.</div>
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Mas não vamos mais nos alongar, que são tempos bicudos para quem gosta de um montão de amontoado de muita coisa escrita. Com vocês, a sexta edição do <b>Guia Puffin de Gastronomia</b>!<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvdfGFaR-R3mmC4bkzR5OsXfKLH0oTJeC5otDi7wcDBNdzH3MTnHueVn5kLvanlcp3187naPIpIH_dfqiw76V9fyTetyTF6pO0xv19qgjmYOO8RThxTVUm1xWfHv9nkIvAO4Od0QItyTOc/s1600/gpg+-+8.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvdfGFaR-R3mmC4bkzR5OsXfKLH0oTJeC5otDi7wcDBNdzH3MTnHueVn5kLvanlcp3187naPIpIH_dfqiw76V9fyTetyTF6pO0xv19qgjmYOO8RThxTVUm1xWfHv9nkIvAO4Od0QItyTOc/s320/gpg+-+8.jpg" title="O Pico, Fernando de Noronha" width="320" /></a></div>
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<b><a href="https://www.opiconoronha.com.br/">O Pico</a>, Fernando de Noronha - 1 enguia</b></div>
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A verdade é que Fernando de Noronha é um destino turístico não tão voltado à gastronomia - as praias, o mergulho e as belezas naturais são os principais atrativos. Mas surfistas e mergulhadores também precisam comer! O Pico é um restaurante agradável, com uma vista linda, atendentes simpáticos e comida saborosa. Precisa de mais do que isso?<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc_2A8OHOZkohhxHrlil0i-hUYj29-qEK26tOdQECDlv5hzxvC0It6czDsrB9W5kuuNaCiQMU8V2p3MsEj8aY2mctzvQF3_oaopWjX7fo2f-5rqLQepfpBCpWnBthWbjksGcTpXQVy6uEg/s1600/gpg+-+5.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc_2A8OHOZkohhxHrlil0i-hUYj29-qEK26tOdQECDlv5hzxvC0It6czDsrB9W5kuuNaCiQMU8V2p3MsEj8aY2mctzvQF3_oaopWjX7fo2f-5rqLQepfpBCpWnBthWbjksGcTpXQVy6uEg/s320/gpg+-+5.jpg" title="Nakhchivan, Baku" width="320" /></a><br />
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<b>Nakhchivan, Baku (Azerbaijão) - 1 enguia</b></div>
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O nome do lugar é uma homenagem ao Naquichevão, o exclave do Azerbaijão para lá da Armênia. Mas o restaurante propriamente dito fica num endereço conveniente na parte alta da Baku e é um excelente lugar para se conhecer a comida tradicional do país numa roupagem elegante. A experiência começa com a visão do salão, amplo e bonito. O cardápio não é extenso, mas nele figuram com destaque ingredientes e preparações típicos do país - por exemplo, um molho de romã de sabor marcante e o inigualável pão azéri.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5JJcKX4qvZJ_ezltLBL45xhFjdiSZ9BTh_54QKscdm9XbRBgIc_6kWhbpBqm9F1-VOHOXbClErsJfxlGAm_WWNpwRgAocl9i6pffPIas1lu2_jgtoYWQD2eBCNHATMBmAhtFXk3iKGlu9/s1600/gpg+-+7.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5JJcKX4qvZJ_ezltLBL45xhFjdiSZ9BTh_54QKscdm9XbRBgIc_6kWhbpBqm9F1-VOHOXbClErsJfxlGAm_WWNpwRgAocl9i6pffPIas1lu2_jgtoYWQD2eBCNHATMBmAhtFXk3iKGlu9/s320/gpg+-+7.jpg" title="Le Blond, Rio de Janeiro" width="320" /></a></div>
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<b><a href="http://www.troisgrosbrasil.com.br/">Le Blond</a>, Rio de Janeiro - 1 enguia</b></div>
Já foi dito antes que a família Troisgros é frequentadora assídua do Guia Puffin, e com mérito. Le Blond é uma espécie de restaurante irmão do Chez Claude, a outra casa de Claude Troisgros que estreou no <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/01/guia-puffin-de-gastronomia-2019.html">Guia do ano passado</a>. O conceito de ambos é parecido e, no cardápio, reconhece-se facilmente a mão do mestre, com referências a clássicos da sua carreira. Trata-se de num restaurante que convida a voltar inúmeras vezes.<br />
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<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: -webkit-standard; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; orphans: auto; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJbQKrOWPyyrH6ONv8DqaUm_CbbK8U1clu1P8iYDijqLTIHt_v30tJ9f8me9_KggdFiqnhrwf7BR4s4ADgKIMlQOQIn8kTGwpMqpxXlT1x-1wD9xl4x9y-7VZ44MlVJYhwJ_FwO_Cc3fef/s1600/gpg+-+4.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJbQKrOWPyyrH6ONv8DqaUm_CbbK8U1clu1P8iYDijqLTIHt_v30tJ9f8me9_KggdFiqnhrwf7BR4s4ADgKIMlQOQIn8kTGwpMqpxXlT1x-1wD9xl4x9y-7VZ44MlVJYhwJ_FwO_Cc3fef/s320/gpg+-+4.jpg" title="Maní, São Paulo" width="320" /></a></div>
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<b><a href="https://manimanioca.com.br/">Maní</a>, São Paulo - 1 enguia</b></div>
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Impossível não estar cheio de expectativas ao entrar no disputado restaurante da <i>chef</i> gaúcha Helena Rizzo. O menu degustação é extenso e saboroso, mas um pouco prejudicado justamente pelas elevadas expectativas. O uso de álcool e coentro em alguns pratos beira o excessivo para o gosto de alguns mas, por outro lado, o cuidado e a criatividade da <i>chef</i> (que também usa ingredientes regionais, como erva-mate) fazem com que, no final, o balanço seja bastante positivo. E com um bônus: ao lado do restaurante funciona a Padoca do Maní, uma padaria excelente para o café-da-manhã do dia seguinte.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj7vSmZ6nsuBwHQj5KGXRzKW6_D9DseRTv42z2uAGG5uESJI4MTqN46eKhdILj8BHZNQxr8IawJJh4SkzGGp-6ZgM8mplUpjssNst27bC2UX2yuB9VQzXgZJucECPbVJtHioi4ubql34wJ/s1600/gpg+-+6.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1280" data-original-width="958" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj7vSmZ6nsuBwHQj5KGXRzKW6_D9DseRTv42z2uAGG5uESJI4MTqN46eKhdILj8BHZNQxr8IawJJh4SkzGGp-6ZgM8mplUpjssNst27bC2UX2yuB9VQzXgZJucECPbVJtHioi4ubql34wJ/s320/gpg+-+6.jpg" title="Zazu, Quito" width="239" /></a><b><a href="https://zazuquito.com/">Zazu</a>, Quito (Equador) - 2 enguias</b></div>
Correndo por fora, o restaurante comandado pelo simpático Wilson Alpala chega para dizer por que esta é uma das edições mais surpreendentes do Guia Puffin. Quem diria que Quito, teria comida tão boa? O fato é que a culinária andina deu ingredientes de primeira classe à gastronomia mundial e, muito além disso, ainda tem coisa bastante interessante a ser descoberta. O Zazu proporciona esta descoberta, com uma imersão apaixonante e bem cuidada na cultura e na comida equatorianas. Inesquecível.<br />
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<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; caret-color: rgb(0, 0, 0); color: black; font-family: -webkit-standard; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiyUxvQizFvY_ozdJgv-XSBN70XwlII446ACMXA-MN52e3XSV3Itpd_X7nb2ny5ZRSnTaYKMzHSBrboqkLcAB-hn9hQwSwr3-JjAH5siR6YGJeD_lPnL69vECqtNpDvUnB2zbs2XqzhBO6/s1600/gpg+-+3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1280" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiyUxvQizFvY_ozdJgv-XSBN70XwlII446ACMXA-MN52e3XSV3Itpd_X7nb2ny5ZRSnTaYKMzHSBrboqkLcAB-hn9hQwSwr3-JjAH5siR6YGJeD_lPnL69vECqtNpDvUnB2zbs2XqzhBO6/s320/gpg+-+3.jpg" title="Tuju, São Paulo" width="320" /></a></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; caret-color: rgb(0, 0, 0); color: black; font-family: -webkit-standard; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqi2i1xjbGFKgyjAbwbhEiFnwa4SDjVYD8cL7QFvw_o58R-L_B7TjiB9LyNX5Tyyb6nT7Aw_AWfLKmnk0vb61GtSOgPrVWzBjpsVkt0s7QKKr5uRO1pmyQYuwu4ktHkm0ngnjI_4sax-HS/s1600/IMG_7704.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a>
<b><a href="http://www.tuju.com.br/">Tuju</a>, São Paulo - 2 enguias</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Ah, São Paulo, terra da boa comida! Que dizer deste restaurante de nome simpático, garçons atenciosos e comida espetacular? Pois o Tuju vai direto ao ponto: gastronomia contemporânea de dar água na boca, simples assim. Não enrola e não decepciona.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhN_NAQlHvVqpSn1LZLgSUrp54iCb-Gr6SuSnkkNyTqvkBtVugnsvu-G1MtjBobf0aWLQb98a57wxLqKYq90R-QG-dkglaNdMTH9k6r3ZLr-DowV_cb93RuB5RakLTleiP5pPatLEHpJnji/s1600/gpg+-+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhN_NAQlHvVqpSn1LZLgSUrp54iCb-Gr6SuSnkkNyTqvkBtVugnsvu-G1MtjBobf0aWLQb98a57wxLqKYq90R-QG-dkglaNdMTH9k6r3ZLr-DowV_cb93RuB5RakLTleiP5pPatLEHpJnji/s320/gpg+-+2.jpg" title="Flor de Lis, Guatemala" width="256" /></a><br />
<b><a href="https://www.flordelisrestaurante.com/">Flor de Lis</a>, Cidade da Guatemala - 3 enguias</b></div>
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Alguém aí falou em azarão? Pois o Flor de Lis está aqui para mostrar que a pouco falada Guatemala merece lugar de destaque à mesa. Algo me diz que este Guia Puffin será lembrado por anos a fio! O Flor de Lis já foi citado aqui antes, e por um bom motivo: o restaurante propõe uma sinestesia gastronômico-literária, se é que isso é possível. Trata-se de um menu inteiro inspirado no Popol Vuh, o grande clássico da <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/06/lingua-e-literatura-maias.html">literatura maia</a>. Com ingredientes simples, mas trabalhados com maestria, somos convidados a usar a imaginação - e o resultado é inigualável. Só lamento não ter lido antes o Popol Vuh... Em compensação, ao final conversamos com o <i>chef</i> Diego Telles, um sujeito incrivelmente simpático e humilde - talvez nem imaginasse que teria o primeiro 3-enguias da América Central!<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKCbjVz8tnINY46qj7q4hQb1jNojukXwndwR_OGDfLc44qg9lIcc6snPoQExKKcIkqwpaHMib_sLLKugzEtyQdVFRKPviSQv5VsaCobbqk6UlTJDhy2yooXtiZ63cDYa8l-aEoV-vj1wgJ/s1600/gpg+-+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKCbjVz8tnINY46qj7q4hQb1jNojukXwndwR_OGDfLc44qg9lIcc6snPoQExKKcIkqwpaHMib_sLLKugzEtyQdVFRKPviSQv5VsaCobbqk6UlTJDhy2yooXtiZ63cDYa8l-aEoV-vj1wgJ/s320/gpg+-+1.jpg" title="AbaC, Barcelona" width="320" /></a><b><a href="https://abacbarcelona.com/en/restaurant">ABaC</a>, Barcelona (Espanha) - 3 enguias</b></div>
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O ABaC, do badalado <i>chef</i> Jordi Cruz, é um daqueles restaurantes que devia estar esperando ansiosamente a visita dos avaliadores do Guia Puffin. Isso sendo verdade ou não, o certo é que se prepararam para impressionar. E conseguiram. A criatividade do <i>chef</i>, no ABaC, lembra a de outro catalão - Salvador Dalí. Afinal, o tempo todo surgem surpresas quase surrealistas. Muita coisa lá não é o que parece: a caixinha sobre a mesa não é só decoração, quando menos se espera surge um lagostim que tinha ficado marinando dentro dela; a vela que dava um clima romântico, ao derreter, vira molho para embeber o pão; em certo momento, surgem balões de hélio. Tudo isso transforma a experiência em algo extremamente lúdico e deixa o ambiente leve, mas sem nunca esquecer o principal: vai-se lá para comer, e comer bem.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-65000070549124421872020-01-30T21:17:00.002-03:002020-01-30T21:17:29.155-03:00Xinaliq: mundo mundo vasto mundo<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3GtO6x_W9sxe5jilaiOVzfoO-H_lSqodSriIAGPcwoIJ6GfInFkSvp7hTSjKJmnMwjbbrUN9iXYHsnNDpC0GhRNmcgLObgtT3sUcAXIahPpb5u5bxgbgVy6vyTJrwnNfzSxpLj0l8LwaS/s1600/59138303_2686086448074620_1005374964079001600_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="750" data-original-width="500" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3GtO6x_W9sxe5jilaiOVzfoO-H_lSqodSriIAGPcwoIJ6GfInFkSvp7hTSjKJmnMwjbbrUN9iXYHsnNDpC0GhRNmcgLObgtT3sUcAXIahPpb5u5bxgbgVy6vyTJrwnNfzSxpLj0l8LwaS/s400/59138303_2686086448074620_1005374964079001600_n.jpg" title="Nas curvas desta "highway"... entre Quba e Xinaliq" width="266" /></a>Imaginem o planeta numa época em que, isoladas pela distância e por caminhos inóspitos (ou pela falta deles), comunidades inteiras viviam quase sem contato umas com as outras. Agora imaginem que, mesmo neste nosso tempo de hiperconectividade, há gente que ainda vive assim.</div>
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Tomemos as planícies do <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/azerbaijao-esse-desconhecido.html">Azerbaijão</a>, coração da Transcaucásia, o que por si só já é uma região longínqua para um observador brasileiro. Agora peguemos um dos sinuosíssimos caminhos que sobem montanha acima, de preferência de carona num Lada Niva. Durante séculos, a cada invasão de armênios, russos, europeus ou mercenários diversos, o povo de lá só tinha uma saída real: fujam para as montanhas! No alto, um entre um punhado de vilarejos, está Xinaliq, ou Khinalug. A 2400 m de altitude, Xinaliq, de tão inóspita, foi poupada de todas os grandes massacres históricos - passou despercebida aos invasores, ou talvez estes tenham cogitado que não valia a pena subir a montanha até o pico pedregoso e nevado.</div>
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Hoje Xinaliq é uma cidade de menos de 2000 habitantes, na teoria já não tão isolada: uma estrada foi construída há poucos anos, ligando-a à capital da província, <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/12/quba-encruzilhadas-no-caucaso.html">Quba</a>. Mesmo assim, a tal estrada pode ser muitas coisas, mas não é fácil de se percorrer - e definitivamente não por forasteiros. Quem se arrisca, porém, é brindado com o privilégio de uma paisagem deslumbrante, de tirar o fôlego.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUbXpfthPpMr8H-_uNhCbL-IB4T9IxksgEcgRNV-q6Rm3gy_FXhflpjaDYvLgUYtNdltAqODlISHaC4DKvIJxajDnZNTlnNxe0lCBiwmz12-zRbfYC3JCsO0TRXsSM2t_dLjr2ExHAe5rk/s1600/61954322_2744224522260812_3310996494714142720_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="641" data-original-width="960" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUbXpfthPpMr8H-_uNhCbL-IB4T9IxksgEcgRNV-q6Rm3gy_FXhflpjaDYvLgUYtNdltAqODlISHaC4DKvIJxajDnZNTlnNxe0lCBiwmz12-zRbfYC3JCsO0TRXsSM2t_dLjr2ExHAe5rk/s400/61954322_2744224522260812_3310996494714142720_o.jpg" title="Xinaliq" width="400" /></a>Lá no alto, além da vista do vale e das montanhas, outra surpresa: o contato com uma cultura única no mundo. As casas de pedra, a criação de ovelhas, o trabalho da lã. Um povo com uma língua própria, que só é falada naquele canto da planeta e que é totalmente diferente do que se fala no resto do país. Aliás, a comunicação é um desafio vencido com boa vontade: o inglês é apenas a quarta língua, atrás do xinaliq, do azéri e do russo. Apesar disso, praticamente todas as crianças com quem cruzávamos nos presenteavam com um sorriso e com umas palavras básicas (<i>Hello! How are you?</i>), orgulhosas do inglês que aprendem na escola.</div>
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Como não poderia deixar de ser, <a href="https://www.booking.com/hotel/az/xinaliq-qonaq-evi.en.html?aid=1581332&no_rooms=1&group_adults=2">a pousada em que ficamos</a> é rústica, para dizer o mínimo. Pertence a dois jovens irmãos, que recebem os poucos hóspedes com chá e uma aula básica da língua local. Depois de instalados, saímos a conhecer o pequeno vilarejo, o que não é difícil de fazer a pé, apesar das ruas íngremes. Há dois pequenos museus, mas o mais interessante mesmo é observar as casas, a paisagem de montanhas ao redor e as pessoas indo e vindo. Eventualmente, tem-se a impressão de estar num mundo totalmente diverso. Por exemplo: espalhadas pela cidade há várias pilhas de... estrume. Posto para secar ao sol, ele forma blocos compactos que depois são utilizados como combustível. No fundo, é muito melhor do que usar lenha!</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-Zq_TyHigtM5JzL3S7viwYeBhCf42FMOXRU3o9aP39h8-vgCUMFOIiA8ZuWi0B09b7ry4Uro6-R15ehePM661Xdl6T5nf5Ow2lKv0xKZTkt5SjJ2rfFng4OQ3aLes5VtYk629jVFmeQ2Z/s1600/59648985_2686994514650480_2735351129066962944_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="638" data-original-width="960" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-Zq_TyHigtM5JzL3S7viwYeBhCf42FMOXRU3o9aP39h8-vgCUMFOIiA8ZuWi0B09b7ry4Uro6-R15ehePM661Xdl6T5nf5Ow2lKv0xKZTkt5SjJ2rfFng4OQ3aLes5VtYk629jVFmeQ2Z/s320/59648985_2686994514650480_2735351129066962944_n.jpg" title="Pilhas de esterco secando" width="320" /></a>Falando nisso, o clima lá varia bastante e pode chegar a fazer bastante frio! Enquanto que em <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/baku.html">Baku</a> estávamos de mangas curtas, o casaco mais pesado não era exagero em Xinaliq. Pior que isso, porém, é que por alguma insondável conjunção zoroastrista, nosso quarto na pousada parecia ter o metro quadrado mais frio da cidade. Quiçá do país! Não consigo explicar exatamente o motivo - o sol que não batia, as paredes pouco isolantes... O quarto era tão frio que, à noite, dava medo pensar em ter de entrar nele. Adiar um pouco o sono não foi de todo ruim, pois nossos anfitriões ofereceram um jantar de superar as expectativas. Quando enfim nos recolhemos, foi para entrar de calça e tudo debaixo de todas as cobertas possíveis e evitar ao máximo qualquer movimento, a única forma de combater o frio. Ah, e claro, o fato de o banheiro ficar fora da casa, num anexo, também implicava que tomar banho àquela altura estava descartado e qualquer incursão noturna só seria feita se fosse absolutamente indispensável.</div>
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No final das contas, passar uma noite sem banho não é tão terrível e vale a pena se for o preço para conhecer um lugar tão bonito e autêntico; mas é difícil não pensar em como é a vida deles, acostumados a este tipo de coisa dia após dia.</div>
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Voltamos a Quba no mesmo Lada que havia nos levado, dirigido por um dos dois irmãos. No caminho, o telefone tocou: era um outro estrangeiro interessado em passar a noite em Xinaliq. Sem largar a direção, o rapaz me passou o telefone e, no inglês quase monossilábico em que nos comunicávamos, pediu que eu ajudasse a negociar o preço e as condições da estadia. Assim, com uma aula prática de como pechinchar à moda asiática (e, coisa rara, estando do lado de quem vende e não de quem compra), desci de Xinaliq. <i>Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.</i></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTd1TbVBrPB7EBTeATkqoWbbQLt14HcH1T6RxtWDeyabTcPr1mcmerUA6OYWZss4kjjlHoDj2ExJ21uaMT3i6gpgkgSZ7h4MTaONsbn8fWyLsQ8Pev4bp_8_HvV1Wlg0_rwUfLzJF5eQSS/s1600/59064471_2686137041402894_2467372588867780608_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="322" data-original-width="750" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTd1TbVBrPB7EBTeATkqoWbbQLt14HcH1T6RxtWDeyabTcPr1mcmerUA6OYWZss4kjjlHoDj2ExJ21uaMT3i6gpgkgSZ7h4MTaONsbn8fWyLsQ8Pev4bp_8_HvV1Wlg0_rwUfLzJF5eQSS/s640/59064471_2686137041402894_2467372588867780608_n.jpg" width="640" /></a></div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-58080306981447633752019-12-21T06:13:00.000-03:002020-02-04T19:07:38.263-03:00Quba: encruzilhadas no Cáucaso<div style="text-align: justify;">
Não é de hoje que os países do Cáucaso têm um aspecto de "ponte entre a Europa e a Ásia". A rota da seda, que durante séculos conectou o Ocidente ao Extremo Oriente, passava pela região. Embora a maior parte do tráfego a rigor passasse um pouco ao sul de Baku, é inegável a influência que a rota chegou a ter em todo o <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/azerbaijao-esse-desconhecido.html">Azerbaijão</a>.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXuwrUwOLI2FCiJLUtPUdVuxWCAAEwRQQJczAtoK_bNGPcPowJLRWF9VE3q_gM9ad-0YXKGCt4Km_upCdDlldS96JqSyVpdBcedRfFP52eKLB53XmvD0arTYetl5WoVj1gN-rolJ7mgDR3/s1600/61997798_2744220535594544_3677713317981323264_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXuwrUwOLI2FCiJLUtPUdVuxWCAAEwRQQJczAtoK_bNGPcPowJLRWF9VE3q_gM9ad-0YXKGCt4Km_upCdDlldS96JqSyVpdBcedRfFP52eKLB53XmvD0arTYetl5WoVj1gN-rolJ7mgDR3/s400/61997798_2744220535594544_3677713317981323264_o.jpg" title="Quba" width="400" /></a>Porém, o texto de hoje não é para falar especificamente da rota da seda e sim de nossas andanças, bem mais modestas, por alguns dos caminhos que hoje ocupam o seu lugar. Até onde pudemos comprovar, o Azerbaijão compartilha com outros ditos "países em desenvolvimento" um problema crônico: a precariedade da infraestrutura de transporte. Enquanto que na Europa Ocidental as estradas e os trens são um convite a viajar, no Cáucaso é preciso tempo e paciência. A começar pelos terminais de ônibus, que são um tanto confusos (e onde a <i>lingua franca</i> é o russo, e não o inglês). Além de ônibus e <i>marshrutkas</i> (vans ou miniônibus), há frequentemente a opção de se dividir um táxi: os taxistas ficam esperando em frente aos terminais e fazem a rota entre as principais cidades por cerca do dobro do preço e metade do tempo do ônibus, saindo assim que conseguem lotação completa para seu carro.</div>
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Assim, percorrendo uma estrada larga, reta e medianamente conservada, vai-se de <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/baku.html">Baku</a> até Quba - uma cidade que, apesar de não ter as grandes atrações da capital (ou justamente por isso) permite um vislumbre de como é a vida no interior.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnp4pLH1hzTtG04XTawby1ASISbP4F7GGbtK4iI3pNsgIfABQNlfw0UyksbYuwcx_AuZcMOHpQ2QVaohuMXxC2VVz7sXdBU5aDawG1ST8kiKylMkrg4YV1iTMa8PRMUJaiyKk7txG3Psfx/s1600/58761492_2685304054819526_6400861525837348864_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="638" data-original-width="960" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnp4pLH1hzTtG04XTawby1ASISbP4F7GGbtK4iI3pNsgIfABQNlfw0UyksbYuwcx_AuZcMOHpQ2QVaohuMXxC2VVz7sXdBU5aDawG1ST8kiKylMkrg4YV1iTMa8PRMUJaiyKk7txG3Psfx/s320/58761492_2685304054819526_6400861525837348864_n.jpg" title="Quba" width="320" /></a>Umas tantas mesquitas, mas nenhuma tão imponente quanto as que se encontram nas grandes cidades do mundo islâmico. Algumas chegam a passar quase despercebidas no começo. Não muita gente na rua durante o dia, talvez por causa do sol inclemente que brilhava.</div>
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Onipresentes são os velhos carros soviéticos: muitos Ladas, em variado estado de conservação, e algumas relíquias de marcas desconhecidas para nós ocidentais.</div>
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Um inesperado bairro judeu com mezuzás nas portas, calmo como a tarde na planície azéri.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidbBlqmsRpdcMe-EaI5C31aNpQY5qD653Qxqc_81v4aHqucjZfp2s5HmMguo3-wTEHGwkzlk5yuKdnGzmjwrEst6a3DDevhvETHjM3du7DiczrL26zlZSBCwTYcyjJFjah8vCwwD5cJt8f/s1600/61564919_2744220752261189_7312263571847512064_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidbBlqmsRpdcMe-EaI5C31aNpQY5qD653Qxqc_81v4aHqucjZfp2s5HmMguo3-wTEHGwkzlk5yuKdnGzmjwrEst6a3DDevhvETHjM3du7DiczrL26zlZSBCwTYcyjJFjah8vCwwD5cJt8f/s400/61564919_2744220752261189_7312263571847512064_o.jpg" title="Memorial do Genocídio de Quba" width="400" /></a>Um museu cheirando a novo a exaltar a bondade da pátria-mãe, com histórias de mártires de guerra e uma gigantesca bandeira do Azerbaijão. Quba foi cenário de um dos inúmeros massacres de gente inocente que nosso planeta já presenciou, e o governo aparentemente usa este fato para apontar o dedo à vizinha Armênia, com quem mantém uma relação conturbada. A visita ao museu é compulsoriamente guiada por uma mulher que, por baixo do discurso bem-decorado, deixa transparecer uma singela simpatia humana. <i>Não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.</i></div>
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Um café-restaurante quase vazio numa ampla praça, onde nos abrigamos do sol e aplacamos a fome. Fomos atendidos por uma menina que mal falava umas palavras de inglês, mas cujos olhos brilhavam de fascinação por nós, dois estrangeiros vindos de uma terra tão longínqua.</div>
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Casas com portas entreabertas vendendo <i>baklavas</i> diversas e outros doces. Há uma variedade que é <a href="http://foodperestroika.com/2012/11/24/azerbaijan-adventures-part-7/">típica de Quba</a>, a qual só encontramos lá, mas que na nossa opinião não chega a ser tão saborosa quanto a tradicional, feita de nozes, presente em todo o Azerbaijão.</div>
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Maçãs! A região é uma conhecida produtora de maçãs, e elas estão por toda parte.</div>
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<a href="https://www.booking.com/hotel/az/shahdag-guba.en.html?aid=1581332">Um hotel confortável, imponente e deliciosamente anacrônico</a>. Tudo em Quba parece ser maior do que precisaria ser dado o tamanho da população (38 mil), e o hotel não foge à regra.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy0k9vx1ZkpLp_OvefCy_6TdXJWOjF4eATb8NBPiCYBKxnBK_eyrgviQNstn3CwLkiFp1qpb0Dkx4TZwIPcS_Uo4czkrFH6xAbXUGJ7pS4ykPyMmq_BZKeAGYoETcv0FQyIn5l1JPe6sbw/s1600/59385258_2684250604924871_4905352083714080768_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="500" data-original-width="750" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhy0k9vx1ZkpLp_OvefCy_6TdXJWOjF4eATb8NBPiCYBKxnBK_eyrgviQNstn3CwLkiFp1qpb0Dkx4TZwIPcS_Uo4czkrFH6xAbXUGJ7pS4ykPyMmq_BZKeAGYoETcv0FQyIn5l1JPe6sbw/s400/59385258_2684250604924871_4905352083714080768_n.jpg" title="Quba" width="400" /></a>E uma estrada sinuosa que vai além dos caminhos mais batidos, um trajeto inacreditável que sobe 1800 m em 40 quilômetros e só é percorrido a bordo de Ladas Niva: o caminho até as montanhas. Aventurar-se em encruzilhadas é descobrir lugares surpreendentes e este em particular - a vila de Xinaliq, no topo de umas das montanhas de Quba - é história para <a href="http://cartas.edutrindade.com/2020/01/xinaliq-mundo-mundo-vasto-mundo.html">o próximo capítulo</a>.</div>
<br />Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-58616471172153800052019-11-25T20:09:00.000-03:002019-11-25T20:14:23.868-03:00Girassol, o camarada Stalin e um time de refugiados: futebol no Azerbaijão<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPnMjN5O0Ve7xg5VgIzaAYnUe_E_1pw2yDpVsqrcoI1Qyw45NtJNi099MPLuZm4mv2mEsZO9tE1WAWASnebCPKwg_tp8QQWYBhFfzpmLwsg3LsNt8DJ9dTBb3-Ucqes4sTbSBxiTOUkawc/s1600/IMG_0156.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="356" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPnMjN5O0Ve7xg5VgIzaAYnUe_E_1pw2yDpVsqrcoI1Qyw45NtJNi099MPLuZm4mv2mEsZO9tE1WAWASnebCPKwg_tp8QQWYBhFfzpmLwsg3LsNt8DJ9dTBb3-Ucqes4sTbSBxiTOUkawc/s640/IMG_0156.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: small; text-align: justify;">Estádio Tofiq Bahramov</span></td></tr>
</tbody></table>
O <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/futebol">futebol</a> rende histórias curiosas no <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/azerbaijao-esse-desconhecido.html">Azerbaijão</a>. E não só por estar ligado às mudanças políticas ocorridas no país ao longo das últimas décadas - afinal, durante um bom tempo os jogadores e equipes azéris formavam parte da estrutura soviética e só depois da independência é que passaram a contar com uma federação independente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiiH-3ZjUzomSQTYJo43Fa97_0o0BeMTWLo3y1baP9N04xrNgIuK0GhxZgcnscSOIf4JQFGuMV26GhvRoHTIl1wMPzt008BQu3h0pRG-xMokeJiftofUDHMPv53-GKhjXqLr4WwXLcfTnH/s1600/IMG_2108.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1352" data-original-width="1014" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiiH-3ZjUzomSQTYJo43Fa97_0o0BeMTWLo3y1baP9N04xrNgIuK0GhxZgcnscSOIf4JQFGuMV26GhvRoHTIl1wMPzt008BQu3h0pRG-xMokeJiftofUDHMPv53-GKhjXqLr4WwXLcfTnH/s320/IMG_2108.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: small; text-align: justify;">Qarabağ F.K.</span></td></tr>
</tbody></table>
Um dos times mais tradicionais e de maior sucesso, desde a época soviética, é o Neftçi, que, como o nome sugere, nasceu como um clube dos trabalhadores da indústria do petróleo. Porém, mais recentemente, outra equipe ganhou destaque: o Qarabağ. Este foi batizado em homenagem a sua terra natal, a região do Carabaque (ou Karabakh), uma das mais emblemáticas do Azerbaijão. O Carabaque é região de histórias mitológicas, considerado berço da tradição azéri e símbolo da bravura de seus guerreiros. Famosos em todo o Cáucaso são os cavalos do Carabaque, tidos como os maiores, mais velozes e mais belos animais do mundo (ao povo do Carabaque também se atribui uma falta de modéstia épica). Acontece, entretanto, que justamente esta região foi o alvo da recente guerra com a Armênia, que hoje controla o Carabaque. Isso feriu profundamente o orgulho dos azéris mais nacionalistas e, como costuma acontecer de vez em quando, o futebol despontou como uma válvula de escape - no final das contas, antes lutar no campo de jogo que no campo de batalha.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, o Qarabağ é hoje um time de refugiados que joga em <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/baku.html">Baku</a>, a centenas de quilômetros de sua terra natal, o que dá a ele um <i>status</i> de queridinho do país.</div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibOnHr5H4qMJn1gnMC0UJZnlxZlh96BC7UUipARwHqZZMgDiDpHcKUWssc01tlhk24B5lbPJN9fzgNX2Yx_cUW1oxPMOC2X0cwQdJqPZ8m42mQ5E5dCl6mvpqXblvlHRN82PLd7QJG-yYD/s1600/IMG_0107.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="628" data-original-width="1600" height="249" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibOnHr5H4qMJn1gnMC0UJZnlxZlh96BC7UUipARwHqZZMgDiDpHcKUWssc01tlhk24B5lbPJN9fzgNX2Yx_cUW1oxPMOC2X0cwQdJqPZ8m42mQ5E5dCl6mvpqXblvlHRN82PLd7QJG-yYD/s640/IMG_0107.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: small; text-align: justify;">Estádio Tofiq Bahramov, com cobertura </span><span style="font-size: small; text-align: justify;">em formato de С de Cтaлин (Stalin)</span></td></tr>
</tbody></table>
No Azerbaijão, fomos assistir à semifinal da Copa Azéri entre Qarabağ e Qəbələ. O Qarabağ tem mandado seus jogos no estádio mais tradicional da capital e que tem, ele também, uma história curiosa. Foi construído em 1951 em formato de С de Cтaлин (Stalin) - reparem na cobertura! Depois o estádio mudou de nome, passando de Josef Stalin para Vladimir Lenin e, finalmente, para Tofiq Bahramov, o personagem mais famoso da história do futebol azéri. Bahramov se destacou não como jogador, mas como juiz! Apitou, entre outras partidas, a polêmica final da Copa de 1966.</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8QngROX2cqkXw2i7pOvoCIjfVFz_p5Rb6PrlkUL6nnHWrgCHrmWSRypQBDwwPGPVY-ibjOA7Rd76Ia2li8-hrCXXwWl_9XFV1VNF40r9i27-bIEXcJxkkBUGrGwhPe6yWxLcoWrOv3mUv/s1600/IMG_0123.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8QngROX2cqkXw2i7pOvoCIjfVFz_p5Rb6PrlkUL6nnHWrgCHrmWSRypQBDwwPGPVY-ibjOA7Rd76Ia2li8-hrCXXwWl_9XFV1VNF40r9i27-bIEXcJxkkBUGrGwhPe6yWxLcoWrOv3mUv/s400/IMG_0123.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: small; text-align: justify;">Qarabağ vs. Qəbələ</span></td></tr>
</tbody></table>
Ao chegar ao estádio, procuramos em vão a bilheteria. Até que perguntei a um dos policiais que faziam a segurança e ele nos disse para entrar, que o ingresso era livre! O clima era de festa. O público é majoritariamente masculino, como era de se esperar, mas há algumas mulheres. O que não se vê, por motivos óbvios, é gente bêbada. Por outro lado, estão todos ocupados com as iguarias vendidas nas arquibancadas: chá quente e sementes de girassol! Em pouco tempo, as arquibancadas ficam repletas de cascas de sementes de girassol que restam dos <i>snacks</i>. No intervalo, pensando em comprar algo diferente para beliscar, sigo o fluxo de pessoas. Então descubro que estão todos literalmente saindo do estádio e indo até uma ou outra lancheria na esquina, no lado de fora, para esticar as pernas e comprar algo para comer e beber.<br />
Voltando ao estádio, aquele mesmo policial me viu e perguntou de onde éramos; quando respondi, ele me abraçou forte e começou a dançar, exultante, repetindo: Ronaldinho! Pelé! Ronaldinho! Bons momentos em que somos lembrados pelo futebol e não pela política, mesmo num país em que esta última tem tanta força.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-59464771983376672022019-11-17T19:02:00.002-03:002019-11-17T19:05:44.366-03:00Baku<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLk9Ql32Oe6PSzoKBFVYA8EGlDcD4L6eh1K4gQlYVlTwE1PMjdR_02HdEj9kReJnAj97MFzqzjPFnXq6pH7LJSReNkkZAQfHkSst0qjPEYJBROutLPQlMnAnojgVa1QTeSEykihRAgW640/s1600/61547042_2744214285595169_5208172244726972416_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLk9Ql32Oe6PSzoKBFVYA8EGlDcD4L6eh1K4gQlYVlTwE1PMjdR_02HdEj9kReJnAj97MFzqzjPFnXq6pH7LJSReNkkZAQfHkSst0qjPEYJBROutLPQlMnAnojgVa1QTeSEykihRAgW640/s400/61547042_2744214285595169_5208172244726972416_o.jpg" title="Cidade Antiga de Baku" width="400" /></a>Ao desembarcar em Baku, eu não esperava ser recebido pelo destacamento de fachadas novas e imponentes que surgiam em ambos os lados das avenidas que levam ao centro da cidade. Chegando lá, a uma mera quadra de distância da avenida onde dali a poucos dias estariam rugindo os carros da <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/09/formula-1-os-melhores-grandes-premios.html">Fórmula 1</a>, nosso anfitrião nos guiou pelos meandros de um antigo prédio da era soviética. Subimos num elevador de portas pantográficas e passamos por um corredor escuro até chegar a um apartamento imenso, suficiente para uma família de tamanho razoável. Numa parede, uma tabela periódica dos tempos de Mendeleiev; noutra, uma estante com livros em persa.</div>
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Aos poucos, fomos desvendando a estrutura urbanística da cidade. Seu coração é o centro antigo, um conjunto de prédios seculares guardados por belas muralhas de pedra. Historicamente, é ali que vivia o povo azéri "de raiz", ou seja, as famílias mais tradicionais, muitas delas ligadas à nobreza e à religião islâmica. Em volta da cidade murada e ao longo do litoral, com o tempo, a cidade foi se expandindo em quarteirões mais modernos, ocupados pelos "novos ricos" que se destacavam em atividades ligadas direta ou indiretamente à exploração de petróleo. Eram industriais e banqueiros, muitos deles da terra, mas também estrangeiros - até a família de Alfred Nobel andou por lá.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL2AwdsrrJnFTQyOcrsk2QfT8TZu9DTa37OsjsBIB7fCeKKvlgxstaXaGNtegp76JQuV7etsy8CU0zPucx9AhEShnMw5hL_TvzgR3od6uoKtWG4gDyPQKEh3PCnoUpq_rDOPOmHiEzHg9u/s1600/61802935_2744514918898439_6100891324733456384_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL2AwdsrrJnFTQyOcrsk2QfT8TZu9DTa37OsjsBIB7fCeKKvlgxstaXaGNtegp76JQuV7etsy8CU0zPucx9AhEShnMw5hL_TvzgR3od6uoKtWG4gDyPQKEh3PCnoUpq_rDOPOmHiEzHg9u/s400/61802935_2744514918898439_6100891324733456384_o.jpg" title="Muralhas da Cidade Antiga, Baku" width="400" /></a>A Revolução Russa trouxe uma nova onda de mudanças. Surgiram prédios imponentes, à moda soviética, e houve o crescimento do setor de serviços estatais tipicamente ligados ao governo socialista. Após a desintegração da União Soviética, quem tomou as rédeas foi um presidente autoritário, mas progressista, que ao menos conseguiu estabilizar o país e trazer certa abertura econômica. Hoje, vê-se que Baku, mesmo mantendo uma população azéri bastante homogênea, é uma cidade cosmopolita e aberta ao turismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos principais símbolos da cidade - e do próprio <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/azerbaijao-esse-desconhecido.html">Azerbaijão</a> - é a Torre da Donzela, um monumento do século XII. Tem um formato distintivo ao qual demora-se um pouco para se acostumar e é cercada por lendas e mistérios. Tanto que até hoje não se tem certeza sobre qual era a sua função no passado: as hipóteses variam de observatório astronômica a torre de observação, mas nenhuma delas é totalmente convincente.</div>
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Outro orgulho do país é a cultura dos tapetes. São peças lindas, elaboradas com desenhos intrincados feitos por artistas talentosos. Uma impressionante coleção destas obras está no Museu do Tapete, prédio que chama a atenção por ter sido projetado em formato de... tapete.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjhN52F6FBXJj1nW6zBGWaQn50KlnrsFi_V3zbFBXq6YI62AMHhqIdt5maIPHKgPXr0D-FR22pMXG4bo1aDB-BUcnZYZrHZQo8DqN3sy1uChpIhfTw28ygbmNIMVoOYOsM78tXOLwM7Acq/s1600/61613359_2744217952261469_8342919374855733248_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjhN52F6FBXJj1nW6zBGWaQn50KlnrsFi_V3zbFBXq6YI62AMHhqIdt5maIPHKgPXr0D-FR22pMXG4bo1aDB-BUcnZYZrHZQo8DqN3sy1uChpIhfTw28ygbmNIMVoOYOsM78tXOLwM7Acq/s400/61613359_2744217952261469_8342919374855733248_o.jpg" title="Museu do Tapete Azéri" width="400" /></a>Os subúrbios são notavelmente mais pobres ou, pelo menos, não se vê neles as grandes construções ocupadas, nos bairros centrais, por centros culturais, museus, estádios e ginásios esportivos. Mas têm, por outro lado, templos e sítios históricos. É uma região onde são comuns as exudações de gás natural da terra, que criam fenômenos como buracos, encostas ou montanhas eternamente em fogo. Mesmo onde isso não ocorre, é comum divisar na paisagem dezenas de cavalos-de-pau extraindo petróleo, sinal inequívoco de que o subsolo é mesmo rico em hidrocarbonetos.</div>
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Daí que, para um país que foi o primeiro a tirar <i>óleo de pedra</i> de forma comercial, sediar um grande prêmio de Fórmula 1, a categoria máxima do automobilismo, é uma consequência que faz jus à história. A corrida de Baku, por ser num circuito de rua, tem o mesmo problema de Mônaco: é virtualmente impossível ter-se uma visão geral da corrida, que passa ao redor dos prédios do centro da cidade. Por outro lado, é muito conveniente justamente por essa proximidade. Sem contar que a cidade em si forma um cenário invejável para a corrida. Não é todo dia que se pode ver alguns dos carros mais avançados do planeta tirando fininhos, em velocidade absurda, de antigas muralhas medievais.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-28704884012657169732019-11-15T17:36:00.001-03:002020-02-04T19:08:39.246-03:00Azerbaijão, esse desconhecido<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUAhYmLOHLQZFls-1ZHGNsB5nulSiys5OnPSBZHDu1OhNvWYqpL9BL4PDZLs8QdTBmw76vaC2LKUA7O95ominH-IDAHiQGs-1Kl9rVRBKlkfBWDLCUwiy87uDOQMTZx98WnokyBwNEduvP/s1600/58377277_2670997629583502_7506350004332658688_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="500" data-original-width="750" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUAhYmLOHLQZFls-1ZHGNsB5nulSiys5OnPSBZHDu1OhNvWYqpL9BL4PDZLs8QdTBmw76vaC2LKUA7O95ominH-IDAHiQGs-1Kl9rVRBKlkfBWDLCUwiy87uDOQMTZx98WnokyBwNEduvP/s400/58377277_2670997629583502_7506350004332658688_n.jpg" title="Baku numa manhã após a chuva" width="400" /></a>Há pelo menos um punhado de cidades que alardeiam para si o título de "ponte entre o Ocidente e o Oriente", graças talvez à natureza longa e subjetiva da fronteira geográfica entre a Europa e a Ásia. A mais famosa é, sem dúvida, <a href="http://cartas.edutrindade.com/2012/01/aromas-de-ocidente-e-oriente.html">Istambul</a>, ajudada pelo fato de estar localizada dos dois lados do Bósforo. Porém, é claro que influências culturais são difusas. Há fortes traços orientais (e islâmicos) em cidades firmemente fincadas na Europa, como <a href="http://cartas.edutrindade.com/2012/02/sarajevo.html">Sarajevo</a> e <a href="http://cartas.edutrindade.com/2017/04/da-velha-iugoslavia-ao-jovem-kosovo.html">Pristina</a>. E, a leste da <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/Turquia">Turquia</a>, ares europeus se misturam à atmosfera oriental das cidades banhadas pelo mar Cáspio. Estou falando da ex-república soviética do Azerbaijão.</div>
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No começo do romance <a href="https://www.viaggiando.com.br/2016/06/198-livros-azerbaijao.html">"Ali e Nino"</a>, um dos maiores clássicos da literatura azéri, Kurban Said coloca um professor de escola falando exatamente disso: "Alguns estudiosos olham para a área ao sul das montanhas do Cáucaso como pertencendo à Ásia, enquanto outros, tendo em vista a evolução cultural da Transcaucásia, acreditam que este país deva ser considerado parte da Europa. Assim, pode-se dizer, minhas crianças, que é um pouco responsabilidade sua que nossa cidade pertença à progressiva Europa ou à reacionária Ásia".</div>
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O Azerbaijão, e em particular sua capital <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/11/baku.html">Baku</a>, é daqueles lugares que nos jogam na cara nossa ignorância do mundo. Tem uma história riquíssima com âncoras em ambos os continentes. Ao longo dos séculos, foi parte da rota da seda; foi local de peregrinação do zoroastrismo (atraído pelo fogo que "emana da terra" na forma de afloramentos de gás natural); foi um dos berços da indústria do petróleo, ainda hoje uma de suas maiores riquezas; como tal, foi a fonte de combustível por excelência da poderosa União Soviética. É um país laico de maioria muçulmana. Tem, assim como seus vizinhos, uma relação controversa com a democracia, tendo convivido com ditaduras (algumas extremas e outras brandas), cultos à personalidade (idem) e guerras recentes.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3SBfXLFRDtQWEKmynE-KwxvTeIqmBM2_zdQAzZMd3SXK_JYtPt7YsqJgyq_GM2QCfKIEN9JeCi8GpvMRmlqVDefGwTH_cWUBXKFtA38B-DypNuPtgUSyv0NI5uArvT9eQG6cpl39LDCNx/s1600/62017582_2744217745594823_6850124150200074240_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3SBfXLFRDtQWEKmynE-KwxvTeIqmBM2_zdQAzZMd3SXK_JYtPt7YsqJgyq_GM2QCfKIEN9JeCi8GpvMRmlqVDefGwTH_cWUBXKFtA38B-DypNuPtgUSyv0NI5uArvT9eQG6cpl39LDCNx/s400/62017582_2744217745594823_6850124150200074240_o.jpg" title="Baku, nas margens do mar Cáspio" width="400" /></a>Visitar um país desses é um privilégio que não se resume ao aprendizado da história. É uma imersão cultural. O Azerbaijão tem traços que lembram a Turquia, como na língua e na comida, mas com suas particularidades. Tendo sido uma das repúblicas nas franjas da União Soviética, a influência russa se encontra aqui e ali, no urbanismo com grandes espaços abertos e principalmente nas prateleiras dos supermercados. Mas o dia-a-dia é distintamente caucasiano. A manhã começa com um típico pão <i>tandir</i>, simples e incrivelmente viciante, e uma taça de café tradicional preparado no <i>cezve</i>. O dia envolve dividir as ruas com antigos Ladas ou as calçadas com vendedores de suco de romã. <a href="http://cartas.edutrindade.com/2012/01/allahu-akbar.html">Mesquitas</a>? Estão à disposição por toda parte, porém são notavelmente mais discretas que em outros países tanto da Ásia quanto da Europa.</div>
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No final, aliás, a maior divisão do Azerbaijão não parece ser entre Oriente e Ocidente; ambas as culturas, lá, estão bastante misturadas. Mais visível é uma diferença entre a capital e o interior ou, mesmo, entre a zona central de Baku e os subúrbios. De um lado, tem-se uma cidade nova, pujante e colorida, esbanjando toda a beleza proporcionada pela (renda proveniente da) exploração do petróleo. Do outro, um país que não é necessariamente pobre, mas que é montanhoso, árido e com firmes raízes no passado. Há talvez um certo orgulho nesse jeito de ser, de se cultivar costumes tradicionais num país que atravessou guerras, fome, turbulência e o vigor econômico do petróleo.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3H96dEb3cAOToWlkKapobcsRCZLqjirdXDy6BTWxIPka5yvNgv4ivjdIITjuDHSxMSy6RvEy6iMgLazFSaxQZmZHAeUVVeZBEmmwvlxi7bifCbgSBSEclMMIT79SIJIM6Rwqgc8ywWXyG/s1600/62140806_2744220965594501_5230554504717402112_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3H96dEb3cAOToWlkKapobcsRCZLqjirdXDy6BTWxIPka5yvNgv4ivjdIITjuDHSxMSy6RvEy6iMgLazFSaxQZmZHAeUVVeZBEmmwvlxi7bifCbgSBSEclMMIT79SIJIM6Rwqgc8ywWXyG/s400/62140806_2744220965594501_5230554504717402112_o.jpg" title="Quba, Azerbaijão" width="400" /></a>Voltando a "Ali e Nino": ao final daquela exposição do professor, claramente tendencioso a favor dos aspectos europeus (e portanto "civilizados") de Baku, é um dos alunos que levanta a mão para responder ao mestre: "Por favor, senhor, nós preferimos ficar na Ásia."</div>
<br />Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-1245700287695542152019-08-12T19:25:00.000-03:002019-08-12T19:27:34.816-03:00Guatemala, entre colonizados e colonizadores<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgceZZPrSGuX4zHuHBCYNR6hJj1r4BGACgz7OnrICK-p6qc1QBQZcPMql5FMMs_1vpPLH6-EWO70FMnMe8heUzeL37aShZuIrHoYOHjTipMJwWVknqUCYNZCo6n5lI7vMJY-rT9Co9IUaZM/s1600/L1050193.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgceZZPrSGuX4zHuHBCYNR6hJj1r4BGACgz7OnrICK-p6qc1QBQZcPMql5FMMs_1vpPLH6-EWO70FMnMe8heUzeL37aShZuIrHoYOHjTipMJwWVknqUCYNZCo6n5lI7vMJY-rT9Co9IUaZM/s400/L1050193.jpg" title="Arco de Santa Catarina, Antigua Guatemala" width="400" /></a>Antigua Guatemala é uma bela cidade colonial. Com uns cinco séculos de história, a antiga capital do país está convenientemente situada a não muitos quilômetros da <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/03/cidade-da-guatemala.html">Cidade da Guatemala</a> - de tal forma que uma fração grande dos visitantes que desembarcam no aeroporto rumam direto para Antigua, sem sequer passar pela capital.</div>
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Caminhar pelas ruas de Antigua é um prazer, assim como provar a boa comida guatemalteca num de seus restaurantes. E aqui vale tanto jantar numa boa mesa, à noite, quanto degustar o café da manhã típico do país - variações em torno de ovos, feijões, banana, queijo e tortillas. Ou quem sabe entregar-se ao autêntico chocolate centro-americano.</div>
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É também em Antigua que se encontra o que é certamente um dos principais cartões-postais da <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/03/guatemala-muito-prazer.html">Guatemala</a>: a vista do Arco de Santa Catarina com um dos vulcões ao fundo. Uma maravilha chegar a ela caminhando pelas ruas de pedra da cidade.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAGiGx5Evv4JL5iox2u9fgS6JijDoe1CPzgvkqMOKNJiX6RQ58uw5QAIN_F3VYGTn7nWOHS8boUe4COO_KhZQi_UmIXkQJ3Km_sH-_dKYXkBZ7M_JRCaKxufDEOQYci8yfnizt6aD2UMTB/s1600/IMG_9493.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAGiGx5Evv4JL5iox2u9fgS6JijDoe1CPzgvkqMOKNJiX6RQ58uw5QAIN_F3VYGTn7nWOHS8boUe4COO_KhZQi_UmIXkQJ3Km_sH-_dKYXkBZ7M_JRCaKxufDEOQYci8yfnizt6aD2UMTB/s320/IMG_9493.jpg" title="Antigua Guatemala" width="320" /></a></div>
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Tudo bonito demais, na verdade. A questão é que a cidade é carregada de símbolos coloniais adquiridos ao longo de séculos de invasão europeia - isso num país onde 80 % da população, ainda hoje, é de ameríndios e mestiços.</div>
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Basta andar um pouco pelo restante do país para perceber que Antigua Guatemala é arrumadinha demais, enfeitada demais, limpa demais, autêntica de menos. Uma joia para turistas que chegam falando inglês e pagando em dólar.</div>
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E, apesar disso, de Antigua é possível chegar a Atitlán após um trajeto de três horas em ônibus ou van. Trata-se de um lago realmente bonito, cercado de vulcões impressionantes e ao redor do qual se situam uma série de cidades e vilarejos; entre eles, Panajachel.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaTPRF7IhA2f86Kh0WOQDuEcvrmeNsOPey87LRtW2MYouOx561YGb0OMPr6ghCbFRIxHA_h8tEgpLHWEXIflynAzLfBdo6mzPxdtZBGBCj-cmbS6gKVAv-b0TkRYzeTzvGp5-dnUplRJeu/s1600/L1050239.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="312" data-original-width="1600" height="124" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaTPRF7IhA2f86Kh0WOQDuEcvrmeNsOPey87LRtW2MYouOx561YGb0OMPr6ghCbFRIxHA_h8tEgpLHWEXIflynAzLfBdo6mzPxdtZBGBCj-cmbS6gKVAv-b0TkRYzeTzvGp5-dnUplRJeu/s640/L1050239.jpg" title="Lago de Atitlán" width="640" /></a></div>
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As margens do lago, além da beleza natural, chamam a atenção pelo aspecto demográfico. Estamos em uma região com fortes traços indígenas: a população é descendente direta dos <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/06/mundo-maia.html">maias</a> que viviam na Guatemala quando chegaram os espanhóis. Muitos ainda falam alguma das línguas maias. Vestem-se, comem e criam seus filhos da maneira tradicional.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi713rmsqA9D2UR8nOusTVa4yUe3h0YwwGYMxKcpulbVlwaGkSI9IzmjvLDwIqgA45WXPeVP_oPwoWmlXjdsFuGD3al7lo11M3hPnaSwrloreWU4POXT417F0hzfIVyBqV0Zf4UFqZSsf-Z/s1600/L1050234.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi713rmsqA9D2UR8nOusTVa4yUe3h0YwwGYMxKcpulbVlwaGkSI9IzmjvLDwIqgA45WXPeVP_oPwoWmlXjdsFuGD3al7lo11M3hPnaSwrloreWU4POXT417F0hzfIVyBqV0Zf4UFqZSsf-Z/s400/L1050234.jpg" title="Panajachel" width="400" /></a></div>
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Acontece que, entre essa pequena cidade maia e o esplendor colonial de Antigua Guatemala há um abismo mais intransponível do que as montanhas guatemaltecas. Antigua é talvez a cidade mais limpa do país, bem como a mais estruturada para receber turistas. Já Panajachel tem um aspecto de caos e, mais que isso, de gente que (embora trabalhadora) é evidentemente pobre. Não se vai muito longe sem cruzar com alguém vendendo frutas e artesanatos a preços ridiculamente baixos - são pessoas sofridas, algumas delas bem idosas, outras são crianças pequenas. De partir o coração, e também para lembrar que o mundo (também) é isso, e não a nossa pequena bolha.</div>
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Então me ponho a pensar no quanto fomos cuidadosamente treinados para ignorar as injustiças. No caso da América Central, é chamar de "conquista" a invasão espanhola e as guerras que se seguiram. É sistematicamente agir como se a língua, a religião e a história europeias fossem superiores a suas contrapartes americanas (e ensinar umas e não outras nas escolas). Renomear cidades dando a elas nomes de santos, construir igrejas em cima de antigos templos. Acontece, porém, que, mesmo na porção mais espanhola da Guatemala (como em Antigua), alguns dos aspectos mais atraentes são aqueles ligados às raízes maias. Nossa percepção da cultura deles sem dúvida evoluiu desde a chegada dos primeiros europeus, mas ainda temos um longo caminho pela frente.</div>
<br />Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-72583180806432525612019-06-09T10:12:00.002-03:002020-01-31T18:22:38.153-03:00Língua e literatura maias<div style="text-align: justify;">
Na semana passada, falei da <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/06/mundo-maia.html">cultura maia</a>, e logo vem à mente a arquitetura deles - especialmente as pirâmides. Mas disse também que essa cultura ia além. E um dos exemplos mais impressionantes, para mim, está em sua escrita.</div>
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Os povos maias têm, na verdade, uma série de línguas distintas, embora aparentadas entre si: somente na <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/03/guatemala-muito-prazer.html">Guatemala</a>, 22 delas, de 5 ramos distintos, são reconhecidas como idiomas oficiais. Essa diversidade já existia na época pré-colombiana; então, a rigor, falar de uma língua ou uma literatura "maia" seria tão preciso quanto citar uma língua "europeia". Mas, como esse blogue não tem a pretensão de um trabalho acadêmico, vou me permitir falar sobre alguns aspectos que me chamaram a atenção nesse conjunto mais ou menos homoêngeneo de culturas escritas maias.</div>
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Para começo de conversa, os maias foram (até onde se sabe) os primeiros e únicos povos americanos a desenvolverem um sistema de escrita, o qual era baseado em símbolos elegantes e elaborados. Infelizmente, poucos destes textos chegaram até nós, pois a maioria se perdeu com o tempo ou com a conquista espanhola. Mas os que sobreviveram são de encher os olhos! Deem uma olhada nestas páginas coloridas de um dos raros almanaques maias que restaram.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPjFZKaSO3qoOFGF7DnG1NycSDcf689qzfmGi8bYWT1WJq13o1gr9FMuuLwp31Vm1ZfyqtGwQ5gWsPqE7eGmutRI8Qcpv-SC6uKYijmhsWR3m0J58zKUcC5UB0HTaLEOlJ8_5dWnyyjAgP/s1600/madrid+-+1+%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="Códice de Madrid" border="0" data-original-height="404" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPjFZKaSO3qoOFGF7DnG1NycSDcf689qzfmGi8bYWT1WJq13o1gr9FMuuLwp31Vm1ZfyqtGwQ5gWsPqE7eGmutRI8Qcpv-SC6uKYijmhsWR3m0J58zKUcC5UB0HTaLEOlJ8_5dWnyyjAgP/s1600/madrid+-+1+%25282%2529.jpg" title="Kumatzim Wuj Ka'i'" /></a></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4IDV1fPOWX5d_LfkNTkWllLSlaHFKbFJUx3etb6AxgEXm7nsh7FrT7phnhbK87Kbdbyx0tnjVqhiWYw8ZQo2Y7xrSZ_XMtbYuaPGjbpgiqeWKV8_SHWpPuSkTV99V6K388nthRPFcEWgf/s1600/IMG_0605.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><img alt="" border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1084" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4IDV1fPOWX5d_LfkNTkWllLSlaHFKbFJUx3etb6AxgEXm7nsh7FrT7phnhbK87Kbdbyx0tnjVqhiWYw8ZQo2Y7xrSZ_XMtbYuaPGjbpgiqeWKV8_SHWpPuSkTV99V6K388nthRPFcEWgf/s320/IMG_0605.jpg" title="Popol Wuh" width="216" /></a><br />
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Trabalhos como esse são, a rigor, mais de interesse linguístico e visual que literário. Já algumas obras literárias propriamente ditas chegaram até nós por via oral, e foram posteriormente compiladas em livros. O mais famoso destes é sem dúvida o <i>Popol Vuh</i>, muitas vezes dito ser, a título de comparação, a "Bíblia Maia". Ele é, na verdade, uma narrativa mítica de um dos vários povos maias e contém, entre outras coisas, o mito da criação do mundo.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxooI0fstDqchmY0LT8gXSqBdr6OK6eBgiuaNHUeWidVE6aGJmhGgj_ciLIGrxDLMBjKbumUabzy1Hhp0YRaRRHdELqUSgmlqtvnwfSYUsv-UoWSosI3pWNlCDjons0M0ox00SzQ6ME533/s1600/IMG_0606.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img alt="" border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxooI0fstDqchmY0LT8gXSqBdr6OK6eBgiuaNHUeWidVE6aGJmhGgj_ciLIGrxDLMBjKbumUabzy1Hhp0YRaRRHdELqUSgmlqtvnwfSYUsv-UoWSosI3pWNlCDjons0M0ox00SzQ6ME533/s400/IMG_0606.jpg" title="Flor de Lis, Ciudad de Guatemala" width="300" /></a><br />
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Numa inusitada transposição de uma forma de arte a outra, tivemos o privilégio de jantar, no restaurante <a href="https://www.flordelisrestaurante.com/">Flor de Lis</a>, um menu totalmente baseado no P<i>opol Vuh</i>. Surpreendente como cada prato recria, de forma absolutamente criativa, alguma das passagens do livro. O próprio mito da criação do Popol Vuh dá uma dica, afinal segundo ele os homens foram feitos de milho (<i>hombres de maíz</i>) - não sem antes algumas tentativas fracassadas com barro e madeira. Ao final, pudemos conversar com o <i>chef</i> Diego Télles, uma pessoa simpática dotada de talento tão grande quanto sua criatividade. Uma joia garimpada à margem do circuito gastronômico internacional.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiZ7tk_TVEQqlPSMecqhucGJL65Amyut3Kw8zaHAQpqq3TM3Fk4slqoMmXByvYbS5ayfaL5mT8LX6d_qJYyzk3aECyA5OGyjyH2ZXZnRnNnkgQlGDbIn37VyUdfyXU3EGQBrPMJuVvABv3/s1600/IMG_0604.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><img alt="" border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1020" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiZ7tk_TVEQqlPSMecqhucGJL65Amyut3Kw8zaHAQpqq3TM3Fk4slqoMmXByvYbS5ayfaL5mT8LX6d_qJYyzk3aECyA5OGyjyH2ZXZnRnNnkgQlGDbIn37VyUdfyXU3EGQBrPMJuVvABv3/s400/IMG_0604.jpg" title="Hombres de maíz" width="255" /></a><br />
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Finalmente, outra expressão que não é puramente literatura maia, mas que bebe dessa fonte, é a obra do autor guatemalteco Miguel Ángel Astúrias, ganhador do Prêmio Nobel. Seu livro <i>Hombres de Maíz</i> é uma leitura difícil, justamente por incorporar muitos termos e referências da cultura maia e camponesa, mas é de uma criatividade fascinante. Como no próprio <i>Popol Vuh</i>, são histórias encadeadas que, ao final, compõem uma grandiosa tela. Ler qualquer um deles - <i>Hombres de Maíz</i> ou o <i>Popol Vuh</i> - é compreender melhor uma cultura diferente da nossa e aceitar que homens simples, com costumes tão diferentes, têm as mesmas aspirações, dores e desejos que nós mesmos.</div>
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<br />Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-69440964845068017322019-06-04T18:21:00.000-03:002019-06-04T18:21:07.541-03:00Mundo Maia<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheSG5T-TDFciGbdg9SFKaagrU0P3cjhypaJxBCsqLV7uYtYOZj6plCNlDiqErvyq25iMMo3NCKKHGwQHIOK4kLHpDOvcBwA_l_ogNL1ttzL3LINI25cHW_ds0JUZjofrI59EJ4SSWvO-RS/s1600/L1040941.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheSG5T-TDFciGbdg9SFKaagrU0P3cjhypaJxBCsqLV7uYtYOZj6plCNlDiqErvyq25iMMo3NCKKHGwQHIOK4kLHpDOvcBwA_l_ogNL1ttzL3LINI25cHW_ds0JUZjofrI59EJ4SSWvO-RS/s400/L1040941.jpg" title="Yaxhá" width="400" /></a>Se, por um lado, a <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/03/cidade-da-guatemala.html">Cidade da Guatemala</a> permite que se tenha um vislumbre do cotidiano e das cores do país, é viajando para o interior que se conhece uma das heranças mais impressionantes de todo o continente: a cultura maia. Uma história riquíssima e complexa, da qual quase não se ouve falar. E, entretanto, cada uma das civilizações mesoamericanas (e americanas de forma geral) não deve nada às suas equivalentes europeias. De ambos os lados do oceano se desenvolveram culturas com aspectos positivos e negativos - nada mais humano. Estamos falando de arquitetura, línguas, passatempos, gastronomia, mas também de guerras, disputas por poder e vidas sofridas. Somos todos humanos, em qualquer parte do globo.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2_5MZ13Qm9rxI1EzaQr1nIdctHB_Y_zeeWbmXzueTXm2ATMOYyaCJMtwOIffvx5SWCEDPvyx-XL20wJhjW6MSO9AkQQYUcXNKeH9O119NMlM-u_DXobxOgOGdSx_f8XjT-D8TjIF6xR79/s1600/54525140_2623271087689490_2888759831802413056_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="641" data-original-width="960" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2_5MZ13Qm9rxI1EzaQr1nIdctHB_Y_zeeWbmXzueTXm2ATMOYyaCJMtwOIffvx5SWCEDPvyx-XL20wJhjW6MSO9AkQQYUcXNKeH9O119NMlM-u_DXobxOgOGdSx_f8XjT-D8TjIF6xR79/s400/54525140_2623271087689490_2888759831802413056_n.jpg" title="Tikal" width="400" /></a>Pois no norte da <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/Guatemala">Guatemala</a> está a pequena cidade de Flores, capital do departamento de Petén. A cidade, localizada numa ilha no lago de Petén Itzá, é pitoresca por si só. Mas é em torno dela, no interior do departamento de Petén, que se localiza uma das joias da América Central: as ruínas das antigas cidades maias. A mais famosa delas é Tikal, mas há outras. São cidades inteiras escondidas na selva: caminha-se no meio do mato e vai-se descobrindo aos poucos cada estrutura. Algumas restauradas e expostas em clareiras, outras escondidas sob a floresta, as mais altas despontando acima da altura da copa das árvores. Ao final do dia, andou-se alguns quilômetros e não se chegou a ver tudo.</div>
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É uma perspectiva bem diferente de <a href="http://cartas.edutrindade.com/2016/03/piramides-do-mexico.html">Teotihuacán</a>, a imponente cidade asteca no atual <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/M%C3%A9xico">México</a>. Lá, a ausência de vegetação faz com que se possa ter facilmente uma visão geral das ruínas num passar de olhos. No caso maia, estamos falando de cidades que vão se mostrando aos poucos e que, assim, guarda seguidas surpresas ao visitante.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhOXtUN7zLW-IOofsMBq2jGTeYUntausY7f5fYXhmnul-zy1L4SSAvLq5_WoO5kNwRGtHqYpfqsRJQpxHPc-AcZrtetxd6FPXsNzIqcR4xVJbq4FzLPsCn4tMvegedF5zhAGMHz1OtWFxb/s1600/55637012_2623269914356274_6546054312617836544_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="641" data-original-width="960" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhOXtUN7zLW-IOofsMBq2jGTeYUntausY7f5fYXhmnul-zy1L4SSAvLq5_WoO5kNwRGtHqYpfqsRJQpxHPc-AcZrtetxd6FPXsNzIqcR4xVJbq4FzLPsCn4tMvegedF5zhAGMHz1OtWFxb/s400/55637012_2623269914356274_6546054312617836544_n.jpg" title="Tikal" width="400" /></a>E se a beleza das construções antigas misturadas à vegetação nativa enche os olhos, também não deixa de impressionar a constatação de quantas pessoas viveram ali, tiraram da terra (e especialmente do milho) o seu sustento, deixaram nela suas alegrias e suas tristezas. O que dá vontade de pesquisar mais, de buscar livros novos e antigos, que por sua vez levam à descoberta de novas belezas. O "Mundo Maia" (que é, apropriadamente, o nome do aeroporto da cidadezinha de Flores) é uma teia de aranha que, como tal, não se pode descrever em poucas palavras.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-33266460056046126182019-03-25T19:43:00.003-03:002019-03-25T19:43:50.278-03:00Cidade da Guatemala<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<ahref bp.blogspot.com="" cblvtakzoj16oetqlumm7y0k7yh0rjwclcbgas="" https:="" imageanchor="1" lx19qflai="" o.jpg="" s1600="" sqk="" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="381" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4XfuzD7NV3eYS5hgaa-ZVXZcfJsmG0YFpmBSkbAw1A7zIAGFwB6V7eEW43MVv0h7iZ2vsut-0AB3_hV7q4ej9Ag6D3hH-grjOqoFBxU_DOG5gCZ-FngEMG9mXFfgo71QXWxbhyphenhyphenrwA-RAH/s640/54521047_2623268627689736_5131221029376491520_o.jpg" title="Plaza de la Constitución y Catedral Metropolitana, Ciudad de Guatemala" width="575" /></ahref></div>
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Estando assentada em terras vulcânicas, a <a href="http://cartas.edutrindade.com/2019/03/guatemala-muito-prazer.html">Guatemala</a> tem uma história pontuada por terremotos. Um dos mais famosos aconteceu em 1773 e atingiu a então capital do país, Santiago de los Caballeros de Guatemala. Esse evento fez com que a povoação fosse transladada a uma nova localização, surgindo assim a cidade de Nova Guatemala - atualmente conhecida como Cidade da Guatemala, enquanto que a anterior é hoje Antigua Guatemala.</div>
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Quem visita a metrópole que é atualmente a capital não tem muitas pistas deste passado nômade, assim como não é óbvio que o topônimo Guatemala - que deu nome à(s) cidade(s) muito antes de o país existir - signifique "lugar de muitas árvores" em língua indígena.</div>
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Quem vai à Cidade da Guatemala, certamente, não encontra um lugar lotado de turistas. A maioria dos que chegam ao país segue para Antigua Guatemala, que é certamente mais fotogênica e mais preparada, mas também menor e provavelmente menos autêntica.</div>
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Um dia na Cidade da Guatemala - <i>Guate</i> para os íntimos - começa cedo: bem antes do nascer do sol, os braços que movem o país já estão de pé e se preparando para mais uma jornada de trabalho. É um povo que acorda cedo para ganhar a vida em serviços diversos, mercados e <i>tortillerías</i> que funcionam <i>los tres tiempos</i> (café da manhã, almoço e jantar). Talvez por isso, e como tudo, no final das contas, gira em torno da comida (o milho era sagrado para os maias: o homem foi feito do milho, o que é muito mais elegante e simbólico que ter sido feito do barro, convenhamos), há uma fartura de lugares vendendo café da manhã pela cidade. Alguns são de grandes redes nacionais (Pollo Campero) ou internacionais, outros são pequenos empreendimentos. A gastronomia tem muitos elementos em comum com a do <a href="http://cartas.edutrindade.com/2016/02/comendo-nas-ruas-do-mexico.html">México</a>, porém combinados de forma ligeiramente diferente. Um café da manhã guatemalteco, conforme aprendemos, tipicamente tem um <i>tamal</i> (massa de milho aparentada da pamonha e normalmente recheada), <i>frijoles</i> (feijão), banana e <i>tortillas</i>. Nossa primeira refeição assim foi um tanto por acaso, e foi interessante provar tanta coisa diferente no café da manhã enquanto o senhor sentado ao nosso lado no balcão conversava e puxava assunto.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhkMy92OPr7ZOAd2nWl7dLHhr4yO7H0NVIxLe0VeH0pGeejdXHQh0TwjRxE5IHfuyaTSlz79lAK5eoZhnSQVoM3vX42x0iJf_Nv5_-xYacTKdn1zJjf8iK_9Yth0CY_BXXT3JzOtqr7X1B/s1600/54727831_2623268397689759_7839039734448914432_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="853" data-original-width="1280" height="352" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhkMy92OPr7ZOAd2nWl7dLHhr4yO7H0NVIxLe0VeH0pGeejdXHQh0TwjRxE5IHfuyaTSlz79lAK5eoZhnSQVoM3vX42x0iJf_Nv5_-xYacTKdn1zJjf8iK_9Yth0CY_BXXT3JzOtqr7X1B/s640/54727831_2623268397689759_7839039734448914432_o.jpg" title="Ciudad de Guatemala" width="530" /></a>O que é outro aspecto da Guatemala: o povo sempre simpático. Têm bastante curiosidade sobre o Brasil, país que, em geral, admiram, mesmo só sabendo de nós o básico: futebol, carnaval, praias. E, claro, sempre querem saber o que já vimos do país deles e qual a nossa impressão.</div>
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A verdade é que a Cidade da Guatemala não tem tantas atrações turísticas no sentido tradicional (estas estão espalhadas por outras cidades do país). Há um interessante mercado, dividido em uma parte de comidas e outra com artesanatos - destaque para os belos e coloridos tecidos locais. Há a praça central que, seguindo a tradição hispânica, é o coração da cidade e em torno da qual giram palácio, catedral, biblioteca e feira. Uma rua de comércio ao estilo da Rua da Praia de Porto Alegre. Saindo do centro, alguns museus e um bairro que concentra lojas e restaurantes de luxo. Para se locomover, ônibus coloridos e <i>tuk-tuks</i>. Como boa capital, a Cidade da Guatemala é onde o país é mais diverso. Menos "raiz" e mais cosmopolita, é uma boa antecâmara para o "mundo maia" que aguarda quem se aventura no interior.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-41414377108379737462019-03-21T19:34:00.001-03:002020-01-30T20:14:03.244-03:00Guatemala, muito prazer<div style="text-align: justify;">
Ah, Guatemala! País tão pouco conhecido pela maioria dos brasileiros. Tão obscuro, aliás, que até as placas de carros da região indicam, junto com o nome do país, o do continente - <i>Centroamérica</i>. Como se explicassem a quem é de fora onde fica o país. Pois a Guatemala compreende aquela porção terra imediatamente ao sul do <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/M%C3%A9xico">México</a> que o separa dos demais países da América Central. Um lugar que figura nos jornais pelas notícias de imigrantes ilegais que tentam chegar aos Estados Unidos e nos livros de história pela civilização maia do passado.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlx4KxI3YMzC8JBbutjn_VspVpmVvMF2HTAzlNxc45VHHXrY3afu7Hjkj8y_qyAmfow5Z4BIOe-vJFO_avJZxoTj9gppBYEKlNHUslXkJY4zS0gzhm8RGiuFOSw9mXG-vddJUpVT-s4shj/s1600/L1050264+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlx4KxI3YMzC8JBbutjn_VspVpmVvMF2HTAzlNxc45VHHXrY3afu7Hjkj8y_qyAmfow5Z4BIOe-vJFO_avJZxoTj9gppBYEKlNHUslXkJY4zS0gzhm8RGiuFOSw9mXG-vddJUpVT-s4shj/s400/L1050264+2.jpg" title="Cidade da Guatemala" width="400" /></a>É um país de contrastes, de raízes indígenas e colonização ibérica, em muitos aspectos muito parecido com a nossa familiar república de bananas. Convivem com o mesmo tipo de problemas que nós: de pobreza (exacerbado pela má distribuição de renda), de violência (agravado por um histórico recente de guerra civil e de guerrilhas), de um governo alheio às necessidades da população. A despeito disso, é um daqueles lugares em que as pessoas são genuinamente acolhedoras.</div>
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Os guias de viagem falam da violência na Guatemala num tom de meter medo. E não ajuda perceber, logo de cara, que muitas lojas são totalmente gradeadas - atende-se o público por trás das grades, literalmente. Outros estabelecimentos não têm grades mas colocam, em seu lugar, seguranças armados de ameaçadoras espingardas. Principalmente na capital, Cidade da Guatemala, que aliás a maioria dos turistas parece simplesmente evitar. Num caso e no outro, sutis exageros: a violência certamente existe (todo o aparato não seria à toa), mas não vimos nada e me arrisco a dizer que não é muito diferente do Brasil; quanto à capital, ela não é a parte mais bonita do país, mas como conhecer de verdade a Guatemala sem sequer passar por sua maior cidade?</div>
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Deixando-se levar pelo país, vamos descobrindo mais sobre ele. Boa parte dos carros que circulam são trazidos, usados, dos Estados Unidos. Mas topamos também com uma revendedora Maseratti, não por acaso ao lado de uma loja Montblanc. Nosso mundo é mesmo uma terra de contrastes.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw1J7SIqPISw2jqmne07Jl4r1YSj9x4MIGeYLk0YOc3mjLD3NbANUTTdh02MCFMpRM77gCNJY81f9S3rWRtvfk5AoQ6wiZi52hsZRihV_-Hs29KmozC96uvpkWNPSRGq4fgRe77AFAppdl/s1600/L1050260.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw1J7SIqPISw2jqmne07Jl4r1YSj9x4MIGeYLk0YOc3mjLD3NbANUTTdh02MCFMpRM77gCNJY81f9S3rWRtvfk5AoQ6wiZi52hsZRihV_-Hs29KmozC96uvpkWNPSRGq4fgRe77AFAppdl/s400/L1050260.jpg" title="Panajachel, Guatemala" width="400" /></a></div>
Aprendemos que os guatemaltecos têm para si um gentílico informal: são <i>chapines</i>, com muito orgulho. Já a sua moeda é o <i>quetzal</i>, nome tomado emprestado da exuberante ave nacional. O que não falta na Guatemala são palavras interessantes, de dar gosto falar. Algumas delas são de raiz francamente indígena, outras são apenas predileção por uma variante menos popular do espanhol. Línguas de colonizados e de colonizadores - ah, mundo de contrastes. A Guatemala é um dos países americanos com a maior e mais notável população indígena, reconhecível pela fisionomia, pelas roupas e por falar uma das dezenas de línguas maias reconhecidas. Mesmo colonizados e, em grande parte da história, marginalizados, a influência maia vai além, em aspectos como a cultura e a comida.</div>
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E como não dizer que a Guatemala, com uma população dez vezes menor que nosso Brasil, deu ao mundo dois prêmios Nobel? Um, de <a href="https://www.nobelprize.org/prizes/peace/1992/tum/facts/">Rigoberta Menchú</a>, justamente em razão da luta pela inclusão dos povos indígenas; o outro, de <a href="https://www.nobelprize.org/prizes/literature/1967/asturias/lecture/">Miguel Ángel Asturias</a>, escritor que mesclou aspectos de realismo mágico, da cultura maia e de um estilo inovador para fazer uma crítica social incisiva. É minha atual leitura de cabeceira, uma das tantas descobertas que trouxe dessa tal América Central, tão nossa desconhecida.</div>
<br />Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-40221421700106014352019-01-14T19:07:00.000-02:002019-01-14T19:07:26.528-02:00Guia Puffin de Gastronomia 2019<div style="text-align: justify;">
É chegada a hora de degustar a leitura mais saborosa do ano: o Guia Puffin de Gastronomia! Sempre com o desafio de listar os melhores restaurantes do ano anterior. </div>
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O <b>Guia Puffin de Gastronomia</b> distribui entre uma e três enguias para os estabelecimentos que proporcionaram as mais excepcionais experiências gastronômicas - não só a comida, mas também o atendimento, o ambiente, enfim, a experiência completa. Seguindo mesmo o critério das edições anteriores, restaurantes listados nos outros anos (<a href="http://cartas.edutrindade.com/2015/01/o-guia-puffin-de-gastronomia.html" target="_blank">2015</a>, <a href="http://cartas.edutrindade.com/2016/01/guia-puffin-de-gastronomia-2016.html" target="_blank">2016</a>, <a href="http://cartas.edutrindade.com/2017/01/guia-puffin-de-gastronomia-2017.html" target="_blank">2017</a> e <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/02/guia-puffin-de-gastronomia-2018.html" target="_blank">2018</a>) ficam de fora para, assim, dar mais espaço às novas descobertas.</div>
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À primeira vista, 2018 foi um ano triste para o Guia Puffin (assim como foi em outros aspectos): nenhum novo restaurante conseguiu a classificação máxima de 3 enguias, reservada a experiências realmente extraordinárias, e pelo menos duas casas premiadas fecharam suas portas (e cozinhas): <a href="http://cartas.edutrindade.com/2017/01/guia-puffin-de-gastronomia-2017.html" target="_blank">Tête à Tête</a> e <a href="http://cartas.edutrindade.com/2016/01/guia-puffin-de-gastronomia-2016.html" target="_blank">Oui Oui</a>. Deixarão saudades. Menos mal que, por outro lado, novas descobertas, algumas surpreendentes, vieram se juntar ao mar de enguias. Então vamos lá: com vocês, o novo <b>Guia Puffin de Gastronomia</b>!</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRiyRdPYkdUgovXppHwy3r7IAn1XgFCqBTjhTU-a04BIm5rwo-7uvlcmUp65oZP9mJo-lUauVwUciAFBJ9ZaUF-Uv4cL2reCaELJpKqXv8AKCs1pfQGG1R-XMD0n7WZnQUzaTc-swbynYz/s1600/IMG_7513.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRiyRdPYkdUgovXppHwy3r7IAn1XgFCqBTjhTU-a04BIm5rwo-7uvlcmUp65oZP9mJo-lUauVwUciAFBJ9ZaUF-Uv4cL2reCaELJpKqXv8AKCs1pfQGG1R-XMD0n7WZnQUzaTc-swbynYz/s320/IMG_7513.jpg" title="360 (Toronto)" width="320" /></a><b><a href="https://www.cntower.ca/en-ca/360-restaurant/overview.html">360</a>, Toronto (Canadá) - 1 enguia</b></div>
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Trata-se de um restaurante que a princípio atrai, provavelmente, mais pela localização que pelo cardápio. Afinal, ele está situado no alto da CN Tower, uma torre de observação que já foi a estrutura mais alta do mundo e ainda é considerada a mais alta do hemisfério ocidental. Isso posto, é claro que a vista do topo, seja no andar giratório do restaurante ou no andar de observação logo acima, tende a roubar a cena. A comida é boa e bem servida, mas sem ser espetacular. Destaca-se o colorido dos pratos, belamente apresentados e combinando uma boa variedade de ingredientes. Uma pena que, em alguns momentos, a principal vantagem do restaurante seja também sua desvantagem: sendo (ou estando em) uma atração turística, é frequentado por grupos barulhentos que roubam a calma que a ocasião merece e que, noutro lugar, tornaria a experiência realmente inesquecível.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKQF8cnBIWn23W3Fme4ngENZqERaSqwnYMNyPRHrAQjLTL_73Cg9OZvxUTIwNAMkkRyhyphenhyphenPfmbsw-SaQjSg6WHGfHowPlIOOtiXRo9KetKX3GUy_Yjb8zCaSV5JjkYSN0p9OAKa2DwO3pW1/s1600/IMG_8825.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKQF8cnBIWn23W3Fme4ngENZqERaSqwnYMNyPRHrAQjLTL_73Cg9OZvxUTIwNAMkkRyhyphenhyphenPfmbsw-SaQjSg6WHGfHowPlIOOtiXRo9KetKX3GUy_Yjb8zCaSV5JjkYSN0p9OAKa2DwO3pW1/s320/IMG_8825.jpg" title="Ino. (Rio de Janeiro)" width="320" /></a><b><a href="http://www.inorio.com.br/">Ino.</a>, Rio de Janeiro - 1 enguia</b></div>
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Para quem procura pratos saborosos sem muitas experimentações (ou só algumas, vá lá), o Ino é uma excelente indicação. Serve pratos de inspiração italiana bem elaborados e, assim, consegue agradar facilmente. É um restaurante que entende e atende seu público. Uma pena que alguns pratos dêem a impressão de serem mais bem-servidos que outros (o que pode causar alguma inveja entre os comensais!) e que algumas mesas sejam próximas demais entre si, atrapalhando o clima de quem prefere um ambiente sem ficar ouvindo a conversa de estranhos ao seu redor. Tudo somado, porém, o restaurante cumpre o que promete e convida a voltar uma e mais vezes.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlD2GWMGZXmx_erZ4D_M_1sQByqe1JY53M92JJZkBIJAUcQDeesEyzodhPXTuSaGrEvBg_qWeumziQzaRwO2NShW9rDGyt5cTi9Rip6xxgsOi6W_Uh7CRas-zRL2nzcx54Ns41yKZ_2CqJ/s1600/IMG_8920.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlD2GWMGZXmx_erZ4D_M_1sQByqe1JY53M92JJZkBIJAUcQDeesEyzodhPXTuSaGrEvBg_qWeumziQzaRwO2NShW9rDGyt5cTi9Rip6xxgsOi6W_Uh7CRas-zRL2nzcx54Ns41yKZ_2CqJ/s320/IMG_8920.jpg" title="Remanso do Bosque (Belém)" width="320" /></a><b><a href="https://restauranteremanso.com.br/">Remanso do Bosque</a>, Belém - 1 enguia</b></div>
O simples fato de estar situado no Pará, terra em que sobejam ingredientes únicos, já faz com que a expectativa seja alta em torno do Remanso do Bosque. A experiência é recompensada quando se descobre que a riquíssima oferta da Amazônia está presente e tratada com o cuidado que merece, seja em versões clássicas ou em combinações mais inovadoras. Tudo é um convite a mergulhar no cupuaçu, no taperebá, no tucupi, nos peixes amazônicos, nos produtos marajoaras... Paradoxalmente, o desejo é de que os pratos fossem menores, como num menu degustação: a oferta é tanta e tão variada que é uma pena conseguir provar apenas um ou dois deles. A saída é procurar voltar.<br />
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<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: -webkit-standard; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; orphans: auto; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8WdGHCOho8_0ufTIDtr3Nq06KraeeXSZE2gBzkeBDjVpBtwi4sRvpRHx5OEkZEHuH8o1RoYnuXF9x_RhEVdFJ1XrYy9RLii7s63P0UDsby7KfiSrzPCFSOccFlRwqBdDziZSiJDop8VwD/s1600/IMG_8392.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8WdGHCOho8_0ufTIDtr3Nq06KraeeXSZE2gBzkeBDjVpBtwi4sRvpRHx5OEkZEHuH8o1RoYnuXF9x_RhEVdFJ1XrYy9RLii7s63P0UDsby7KfiSrzPCFSOccFlRwqBdDziZSiJDop8VwD/s320/IMG_8392.jpg" title="Chez Claude (Rio de Janeiro)" width="320" /></a><b><a href="http://www.troisgrosbrasil.com.br/chez_claude.pdf" target="_blank">Chez Claude</a>, Rio de Janeiro - 1 enguia</b></div>
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A família Troisgros é frequentadora assídua do Guia Puffin, e com mérito. Acontece que, depois que Claude Troisgros passou a cozinha do Olympe para seu filho Thomas, tínhamos ficado todos um pouco órfãos, mesmo que um pouco sem sentido, afinal o Olympe não perdeu qualidade. Mas a chegada do Chez Claude à cena gastronômica resolve isso. É claramente um ambiente e uma apresentação mais simples que na outra casa, mas o cuidado com os pratos e o saber inconfundível estão presentes, assim como a simpatia do <i>chef</i>. De quebra, pode-se reconhecer algumas receitas clássicas do Olympe no cardápio do Chez Claude - um convite tanto a velhos admiradores quanto a novos frequentadores.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_s2YkuF8Om9GxO8srr4nDB3FPibj8wLD79fJlr1tJ2N1fTuafQwIvb-NNFCaIkAAXKXcwfeCbzs7LlRLzTjO6PpczGIqgY_i7J9zqt9K11b-PxgX-HEH00OpVTWX-R_Z8Zm83IM0JBHED/s1600/PHOTO-2019-01-14-04-48-51-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_s2YkuF8Om9GxO8srr4nDB3FPibj8wLD79fJlr1tJ2N1fTuafQwIvb-NNFCaIkAAXKXcwfeCbzs7LlRLzTjO6PpczGIqgY_i7J9zqt9K11b-PxgX-HEH00OpVTWX-R_Z8Zm83IM0JBHED/s320/PHOTO-2019-01-14-04-48-51-1.jpg" title="Oteque (Rio de Janeiro)" width="320" /></a><b><a href="http://www.oteque.com/" target="_blank">Oteque</a>, Rio de Janeiro - 2 enguias</b></div>
Diretamente das mãos do <i>chef</i> paranaense Alberto Landgraf, o Oteque abriu as portas em 2018 em grande estilo, já de cara conquistando seu lugar no Guia Puffin. Não é para menos, pois sua seleção de ingredientes frescos e de primeira qualidade tratados com esmero é digna de nota, assim como a simpatia dos atendentes e cozinheiros. O excelente menu degustação envereda por diferentes peixes e frutos do mar, mas não se restringe a eles, e a alternativa vegetariana não parece ficar para trás em nenhum aspecto. De quebra, o salão amplo com vista para a cozinha é belíssimo.<br />
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; caret-color: rgb(0, 0, 0); color: black; font-family: -webkit-standard; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; caret-color: rgb(0, 0, 0); color: black; font-family: -webkit-standard; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; caret-color: rgb(0, 0, 0); color: black; font-family: -webkit-standard; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqi2i1xjbGFKgyjAbwbhEiFnwa4SDjVYD8cL7QFvw_o58R-L_B7TjiB9LyNX5Tyyb6nT7Aw_AWfLKmnk0vb61GtSOgPrVWzBjpsVkt0s7QKKr5uRO1pmyQYuwu4ktHkm0ngnjI_4sax-HS/s1600/IMG_7704.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqi2i1xjbGFKgyjAbwbhEiFnwa4SDjVYD8cL7QFvw_o58R-L_B7TjiB9LyNX5Tyyb6nT7Aw_AWfLKmnk0vb61GtSOgPrVWzBjpsVkt0s7QKKr5uRO1pmyQYuwu4ktHkm0ngnjI_4sax-HS/s320/IMG_7704.jpg" title="Toqué! (Montréal)" width="320" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqi2i1xjbGFKgyjAbwbhEiFnwa4SDjVYD8cL7QFvw_o58R-L_B7TjiB9LyNX5Tyyb6nT7Aw_AWfLKmnk0vb61GtSOgPrVWzBjpsVkt0s7QKKr5uRO1pmyQYuwu4ktHkm0ngnjI_4sax-HS/s1600/IMG_7704.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a><br />
<b><a href="https://www.restaurant-toque.com/" target="_blank">Toqué!</a>, Montréal (Canadá) - 2 enguias</b></div>
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Se é que se pode falar de um clássico contemporâneo, essa é uma descrição bem aplicável a este restaurante. Explicando melhor: a gastronomia do Canadá (e particularmente do Québec) que ele representa não tem muitos traços marcantes que a distinguam do padrão geral da cultura ocidental. E, no entanto, ela encontra no Toqué! uma expressão bastante abrangente, elegante e saborosa desta tradição. E com direito, no final das contas, a proporcionar uma delicada imersão na comida canadense: uma cozinha confortável, feita de ingredientes americanos trabalhados com técnicas de origem europeia.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSMwhUANP4D2Vk0OzSS2YWaEGvfbokLstJaBnojblmsMLXKtdSjD7kZiImOHE5VmgAYEpU2UCm5EWmE3UBpTkPlUXK3FEqbfIcqId-fRU_X1AEyHFMNya-fk-jzphltecr7aV1kO86ZORF/s1600/Foto+13-02-2018+19+40+55.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSMwhUANP4D2Vk0OzSS2YWaEGvfbokLstJaBnojblmsMLXKtdSjD7kZiImOHE5VmgAYEpU2UCm5EWmE3UBpTkPlUXK3FEqbfIcqId-fRU_X1AEyHFMNya-fk-jzphltecr7aV1kO86ZORF/s320/Foto+13-02-2018+19+40+55.jpg" title="La Yeon (Seul)" width="320" /></a><br />
<b><a href="https://www.shilla.net/seoul/dining/viewDining.do?contId=KRN#ad-image-0" target="_blank">La Yeon</a>, Seul (Coreia do Sul) - 2 enguias</b></div>
<div style="text-align: justify;">
A <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/04/muito-alem-do-kimchi-comida-na-coreia.html" target="_blank">gastronomia coreana</a>, tão pouco conhecida no Brasil, é incrivelmente saborosa. E nada melhor do que desfrutá-la em grande estilo, num banquete grandioso e com direito a uma ampla vista da capital sul-coreana. Restaurantes em hotéis tendem a ser um tanto impessoais mas, no caso do La Yeon, é impossível não se sentir bem acolhido. Ora as porções se sucedem, ora se sobrepõem elegantemente. Em dado momento, como é típico de não poucas receitas coreanas, os pratos são finalizados à mesa por nós mesmos. Imperdível.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizx9x3YvBwD4rc5TlvCMZMTWzhDTScmNHG0V1yEqg0T84mmuCYTmCCm20BXjIokbvaS9zMaXqxsEeNtMO5-LzOyK4LFuKzVVHhLSsBs6tPhHyqDtDIC-BRfC8oMGZgY4wkfvOXp7eb_AQg/s1600/IMG_7218.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizx9x3YvBwD4rc5TlvCMZMTWzhDTScmNHG0V1yEqg0T84mmuCYTmCCm20BXjIokbvaS9zMaXqxsEeNtMO5-LzOyK4LFuKzVVHhLSsBs6tPhHyqDtDIC-BRfC8oMGZgY4wkfvOXp7eb_AQg/s320/IMG_7218.jpg" title="Pyongyang" width="320" /></a><b>Gastronomia de Pyongyang (Coreia do Norte) - prêmio especial</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem dúvida a grande surpresa do ano e digna de uma menção especial do Guia Puffin é a comida na Coreia do Norte, aqui representada pela sua capital Pyongyang. São preparações simples, mas de sabor único, que chegam à mesa em sequências que parecem intermináveis. Receber bem, para os coreanos, parece ser sinônimo de fartura à mesa - algo tocante para um povo tão incrivelmente simpático e tão sofrido. Mesmo quando a descrição do prato parece pouco tentadora (uma sopa de macarrão fria, por exemplo, é o prato típico da cidade), o resultado é sempre algo surpreendente. Uma experiência inesquecível e um ótimo exemplo do quanto a (boa) comida pode unir pessoas.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-19591311117186020992018-09-15T18:44:00.001-03:002018-09-15T18:44:34.644-03:00Fórmula 1: os melhores grandes prêmios para se assistir ao redor do mundo<div style="text-align: justify;">
Quem me conhece sabe que acompanho avidamente automobilismo, e a Fórmula 1 em particular. É um interesse que vem de longe e que já viveu várias fases - o deslumbramento infantil, um quase esquecimento, a redescoberta e até mesmo a dedicação profissional. E o fato é: por que não unir o agradável ao mais agradável? A Fórmula 1 é um evento global e, sendo assim, nada mais natural que pensar em viagens associadas a ela. Nos últimos anos, temos conseguido conciliar as duas coisas, a tal ponto que, hoje, ao planejar férias, costumamos averiguar a possibilidade de compatibilizar a viagem com alguma corrida que possa estar acontecendo no destino escolhido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, acabamos conjugando a visita a um destino interessante com a Fórmula 1 - que, aliás, não é só a corrida de domingo, mas que envolve toda uma programação de treinos e também de corridas de outras categorias. Apesar disso, por mais que um fim de semana de grande prêmio siga um roteiro aproximadamente comum a todas as etapas, é natural que cada lugar tenha as suas particularidades. Há circuitos de rua (Mônaco sendo o mais famoso deles, naturalmente) e há autódromos construídos especialmente para o automobilismo, alguns em subúrbios e outros bem no meio da cidade. Cada um tem suas vantagens e desvantagens. Assim, por que não fazer uma lista dos melhores GP para se assistir ao vivo no calendário da Fórmula 1? Afinal, listas podem ser subjetivas, mas são divertidas, não é?</div>
<div style="text-align: justify;">
Pois então, vamos lá - minha lista das melhores corridas de Fórmula 1 para se assistir, dentre aquelas que já acompanhei, é claro, considerando a experiência como expectador:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaCZM9JBXpsp8xy6rioOjTy4MAAk_2cfF9yGHVDQ3aw0kLPI20Q5DJqfrZXRW2s75ttY6oEOCjM3IIGu4yN9rk9mPAtE8u9s4BLf757SvaebFIeTVoAhXBABRqcRiVYSddIElxjOAvbwZC/s1600/IMG_E6252.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="705" data-original-width="1600" height="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaCZM9JBXpsp8xy6rioOjTy4MAAk_2cfF9yGHVDQ3aw0kLPI20Q5DJqfrZXRW2s75ttY6oEOCjM3IIGu4yN9rk9mPAtE8u9s4BLf757SvaebFIeTVoAhXBABRqcRiVYSddIElxjOAvbwZC/s400/IMG_E6252.jpg" title="Interlagos, vista do "paddock"" width="400" /></a></div>
<b>7. Brasil (Interlagos)</b></div>
<blockquote class="tr_bq">
Corrida e visão da pista: 5/5<br />
Estrutura: 1/5<br />
Localização/acesso: 1/5</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Nosso grande prêmio "da casa" é, infelizmente, uma baita decepção quando comparado com outras corridas. Ele teria condições de figurar no topo da lista por ser um traçado clássico que costuma oferecer ótimas disputas (e que tem, principalmente a partir da arquibancada A, uma das melhores vistas de todo o calendário). Sem contar que é o mais acessível para nós, não só por ser em São Paulo mas também por oferecer os ingressos mais baratos. Porém, a estrutura é incrivelmente pobre e pouco funcional. Pior ainda, o público é notoriamente mal-educado (é uma "tradição" consagrada em Interlagos desrespeitar mulheres e ignorar a marcação de assentos, tudo com a conivência da organização).</div>
<div style="text-align: justify;">
Nem sequer a localização chega a ser uma grande vantagem, pois, apesar de estar dentro da cidade, o autódromo não tem conexão fácil com o sistema de transporte público e requer uma boa dose de esforço logístico na chegada e principalmente na saída. Tudo somado, as chateações acabam superando o prazer de se presenciar um evento tão empolgante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTzmVgHZC0fj9yCERWJvu7roxjg65l-fmsZlNfs7S2o7ozki7K9IW4rr6jhLIUwqXO1hRXnM9OiMDvntyZrjt2ATt5VVkT-Df3mobidZ5luADsr5lwTqi23anrgQWwh0fI5uwb6ly5Tooo/s1600/IMG_9598.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTzmVgHZC0fj9yCERWJvu7roxjg65l-fmsZlNfs7S2o7ozki7K9IW4rr6jhLIUwqXO1hRXnM9OiMDvntyZrjt2ATt5VVkT-Df3mobidZ5luADsr5lwTqi23anrgQWwh0fI5uwb6ly5Tooo/s320/IMG_9598.jpg" title="Monza, vista da arquibancada 8" width="320" /></a><b>6. Itália (Monza)</b></div>
<blockquote class="tr_bq">
Corrida e visão da pista: 2/5<br />
Estrutura: 2/5<br />
Localização/acesso: 2/5</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://cartas.edutrindade.com/2013/10/sobre-rodas-capital-italiana-do.html" target="_blank">Monza</a> é o que se poderia chamar de uma corrida "de raiz". O acesso é razoável, feito por um trem expresso que liga Milão ao autódromo, porém que fica bastante cheio no domingo após a corrida. A estrutura não tem luxos, mas funciona bem. O traçado oferece boas corridas mas, por outro lado, cada arquibancada só permite visão para uma pequena parte do autódromo. A fama da torcida italiana é justificada pela sua empolgação, em certos aspectos até mesmo exagerada... Monza, como outras etapas europeias, também goza de uma vantagem adicional sobre a maioria das corridas disputadas fora da Europa: as categorias de apoio costumam ser mais interessantes, com a presença de Fórmula 2 (ex-GP2) e GP3 (futura Fórmula 3).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq4nNhTp_pf860uXlUYglYU5EJ-mnPv_YZ7jVnk_puxNdQnAHqYHNj6HpDnvgobpdC53ruGMS592qjs9neC8VuE4-H1lRBmyhvhAc-QCftZVsNDg-o1wXN3iIIq6HwCF-csOpWxcMPMw0F/s1600/L1030729.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq4nNhTp_pf860uXlUYglYU5EJ-mnPv_YZ7jVnk_puxNdQnAHqYHNj6HpDnvgobpdC53ruGMS592qjs9neC8VuE4-H1lRBmyhvhAc-QCftZVsNDg-o1wXN3iIIq6HwCF-csOpWxcMPMw0F/s320/L1030729.jpg" title="Montréal, vista da arquibancada 11" width="320" /></a></div>
<b>5. Canadá (Montréal)</b></div>
<blockquote class="tr_bq">
Corrida e visão da pista: 3/5<br />
Estrutura: 2/5<br />
Localização/acesso: 4/5</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
O circuito Gilles Villeneuve é uma espécie de Interlagos com as arestas aparadas. A visão da pista não é tão ampla quanto em Interlagos e a maioria das arquibancadas é descoberta, mas o público é muito mais educado. A grande vantagem, porém, talvez seja o acesso: o autódromo está localizado num belo parque acessível de metrô, o que faz com que o deslocamento desde o centro de Montréal não dure mais que alguns minutos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD4iQQSUOQiHBnm09pscRCWwhPHv_0GMhCdsqmwvQtiXwQAoGIhABA-wQ8R4eoEXZ21lVhpA60F61zbP3PQln6VyPeP3vlY8SMNMJgtkv90sq-2WuiPvvEepdwphvNXuKEcbPmeVaAaQvH/s1600/IMG_4995.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1196" data-original-width="1600" height="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD4iQQSUOQiHBnm09pscRCWwhPHv_0GMhCdsqmwvQtiXwQAoGIhABA-wQ8R4eoEXZ21lVhpA60F61zbP3PQln6VyPeP3vlY8SMNMJgtkv90sq-2WuiPvvEepdwphvNXuKEcbPmeVaAaQvH/s400/IMG_4995.jpg" title="Mônaco, vista da arquibancada B" width="400" /></a><b>4. Mônaco</b></div>
<blockquote class="tr_bq">
Corrida e visão da pista: 3/5<br />
Estrutura: 3/5<br />
Localização/acesso: 4/5</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Mônaco divide opiniões: há quem ache o circuito monótono e há quem adore o insano desafio que o principado representa para os pilotos. O fato é que estar em Mônaco durante um grande prêmio é uma experiência que dificilmente se compara a qualquer outra em termos de Fórmula 1. Não é um lugar para se esperar grandes ultrapassagens, mas sim para se impressionar com o cenário surreal da luxuosa cidade cortada pelos carros em alta velocidade. Percorrer o circuito a pé (quando a rua é liberada para o tráfego de pedestres ao final de cada dia de evento) ou de carro (nos dias em que não há evento) também é imperdível. Presenciar um GP em Mônaco sempre será diferente de presenciar um GP em qualquer outro lugar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3RGyiyoZq2RmFL5VX7jWfidUGStgCuDmiSg78ycmJXPV9v7-jbrw28ttk4EIBxviu-wC0kj6CiGk7VhtjddDPA_UM90V2MsNBoQ6CpI4MEIM_R1JkIRhgRVnPdpz6funYjRhaXAgNGMSZ/s1600/IMG_5813+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="607" data-original-width="1600" height="151" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3RGyiyoZq2RmFL5VX7jWfidUGStgCuDmiSg78ycmJXPV9v7-jbrw28ttk4EIBxviu-wC0kj6CiGk7VhtjddDPA_UM90V2MsNBoQ6CpI4MEIM_R1JkIRhgRVnPdpz6funYjRhaXAgNGMSZ/s400/IMG_5813+2.jpg" title="Spa-Francorchamps, vista da arquibancada Gold 3" width="400" /></a><b>3. Bélgica (Spa-Francorchamps)</b></div>
<blockquote class="tr_bq">
Corrida e visão da pista: 3/5<br />
Estrutura: 3/5<br />
Localização/acesso: 3/5</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Se em Mônaco os carros voam no meio da cidade, a centímetros das fachadas dos prédios, em Spa-Francorchamps eles abrem caminho no meio da floresta numa região praticamente rural da Bélgica. O contraste é impressionante, claro. O fato de ficar numa região afastada significa que a melhor opção é alugar um carro. Uma vez dentro do autódromo, a estrutura é grande e permite uma imersão total no clima da Fórmula 1. Fora dele, o clima é de calma - perfeito para descansar após um dia inteiro de automobilismo. E, claro, a Bélgica é um excelente lugar para se visitar antes ou depois do fim de semana do grande prêmio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqzl9_-ADKu5boiiChfgdcaiWSzvCRKZhFc-QHmnk94yczzmKvIf2kyid27H82i84nl2WE3ElS3GZr9qe1rZkqpTTSGKg5uksE0_2KCvXeaowmYI0sUMqc3NHdL_fcaInX9s93Odz1bmIb/s1600/IMG_9736.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqzl9_-ADKu5boiiChfgdcaiWSzvCRKZhFc-QHmnk94yczzmKvIf2kyid27H82i84nl2WE3ElS3GZr9qe1rZkqpTTSGKg5uksE0_2KCvXeaowmYI0sUMqc3NHdL_fcaInX9s93Odz1bmIb/s320/IMG_9736.jpg" title="Silverstone, vista da arquibancada Woodcote" width="320" /></a><b>2. Reino Unido (Silverstone)</b></div>
<blockquote class="tr_bq">
Corrida e visão da pista: 4/5<br />
Estrutura: 4/5<br />
Localização/acesso: 3/5</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Silverstone, sede da primeira prova da história da Fórmula 1, é certamente um dos grandes clássicos do calendário. O autódromo conjuga uma grande estrutura com arquibancadas que permitem boa visão do traçado. A famosa instabilidade do clima britânico pode pregar suas peças para o bem ou para o mal (é bom estar preparado para a chuva mas, se ela vier, aumentam as chances de reviravolta na pista). Assim como Spa-Francorchamps, o autódromo de Silverstone se localiza numa zona rural, mas está a cerca de meia hora de Milton Keynes, uma cidade de tamanho médio que funciona bem como base para o fim de semana.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkhk2rel_S6kZHwzxuH3wrP1mSeJEI5oF0rsyRZMP0r7qzs1d7372QwhhzhLJfrUzGAktGR2z5Vjr-FdkMdzqxcWvIEhr7mibestnkbshkqoHqRykkvZ14wtKGjpAxVNYSFFTncLKjgVbC/s1600/IMG_3459.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkhk2rel_S6kZHwzxuH3wrP1mSeJEI5oF0rsyRZMP0r7qzs1d7372QwhhzhLJfrUzGAktGR2z5Vjr-FdkMdzqxcWvIEhr7mibestnkbshkqoHqRykkvZ14wtKGjpAxVNYSFFTncLKjgVbC/s400/IMG_3459.jpg" title="Yas Marina, vista da arquibancada Norte" width="400" /></a><b>1. Abu Dhabi</b></div>
<blockquote class="tr_bq">
Corrida e visão da pista: 4/5<br />
Estrutura: 5/5<br />
Localização/acesso: 4/5</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
O <a href="http://cartas.edutrindade.com/2015/01/gp-de-abu-dhabi.html" target="_blank">circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi</a>, é a grande surpresa positiva da lista. A estrutura é imbatível em todos os sentidos - organização, qualidade e conforto das arquibancadas, atividades e eventos paralelos. O público, em boa parte formado por estrangeiros, é bastante educado. Tem-se uma vista razoável da pista. Apesar do traçado estar longe de ser uma unanimidade, o fato de ser a última corrida do calendário abre a possibilidade de disputas particularmente emocionantes. Estando de carro, o acesso ao autódromo é fácil - e alugar um carro é altamente recomendável nos <a href="http://cartas.edutrindade.com/2014/12/emirados-arabes.html" target="_blank">Emirados Árabes</a>, independentemente da Fórmula 1. O país, aliás, é outra agradável surpresa que contribui para a qualidade da experiência como um todo. Tudo isso faz de Abu Dhabi o meu GP preferido, pelo menos por enquanto!</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-30187425964187019492018-09-01T12:30:00.000-03:002018-09-01T12:30:32.859-03:00Nós entre os helvéticos<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA1oAFROBa7bLVvkV8alTrhgAU4uy3x2vdU-7vkWM8ooaXhyphenhyphenmUmUWEIkd7Uh97VxuYTGo-9OeZTe_vppyt9ZO_aXTkcmn0Hhsff_AdH93evArbPEYBau059auzuEpht4U5l1NcPj6AE47W/s1600/20842133_1843531165663490_1321753980270068062_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="960" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA1oAFROBa7bLVvkV8alTrhgAU4uy3x2vdU-7vkWM8ooaXhyphenhyphenmUmUWEIkd7Uh97VxuYTGo-9OeZTe_vppyt9ZO_aXTkcmn0Hhsff_AdH93evArbPEYBau059auzuEpht4U5l1NcPj6AE47W/s400/20842133_1843531165663490_1321753980270068062_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lucerna</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
É fácil se deixar levar por estereótipos ao pensar na Suíça. Afinal, eles são muitos - não é à toa que <i>Asterix entre os helvéticos</i> é um dos livros mais divertidos do guerreiro gaulês. Os relógios, os queijos, o chocolate, Guilherme Tell, as vacas com sinos no pescoço... não faltam imagens icônicas. Isso, de certa forma, cria uma série de expectativas para uma viagem até lá.</div>
<div style="text-align: justify;">
No meu caso, eu pensava na Suíça como um país de montanhas nevadas. Claro que não esperava vê-las assim no verão - de fato, não havia neve. Mas as montanhas estavam lá e pelo menos parte da estrutura também chama a atenção no verão: notadamente os teleféricos e os tobogãs.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a memória visual que guardei da Suíça acabou sendo outra que não a dos Alpes. Foi a das cidades suíças, muitas delas parecidas entre si: situadas no meio de um vale, cortadas por um rio de águas claras e salpicadas de casas em estilo enxaimel. Um lugar bonito, limpo e organizado, como aliás convinha a um país famoso por essas qualidades. Caminhar por elas, à toa, era sempre muito gostoso.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_4FFdkoU5kwfwcRYS4XK2IWkAMtOVWFcUbx36okx9NDlusar7TdtobZxdvngejwfzW1PulSkRZcSwNbp0gAq93XvDM_WrhDFLwM3OwTOGoKjdLz9jDLYiDU2dyWH9XkLwzJ5n86yCtU0o/s1600/20953600_1846756288674311_5985655542866748591_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_4FFdkoU5kwfwcRYS4XK2IWkAMtOVWFcUbx36okx9NDlusar7TdtobZxdvngejwfzW1PulSkRZcSwNbp0gAq93XvDM_WrhDFLwM3OwTOGoKjdLz9jDLYiDU2dyWH9XkLwzJ5n86yCtU0o/s320/20953600_1846756288674311_5985655542866748591_n.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Chocolate!</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Em termos de comida, fartamo-nos do óbvio: os supermercados têm uma grande e saborosa seleção de queijos e chocolates. Destes últimos, há também várias lojas de marcas artesanais de encher os olhos e esvaziar os bolsos. Mas a grande pedida foi, mesmo, a fábrica e loja da Lindt no cantão de Zurique. Uma tentação - perdição ou salvação, dependendo da crença de cada um. Como somos devotos de São Chocolate, fomos ao paraíso (e voltamos com um bom farnel para nos valer durante a continuação da viagem).</div>
<div style="text-align: justify;">
Do doce ao salgado, de um paraíso a outro. A Suíça é também a terra do <i>fondue</i>, afinal de contas. Uma refeição suíça à base de <i>fondue</i> é alegria garantida, ainda mais quando se tem gratas surpresas, como descobrir uma variedade à base de <i>morels</i> (o rei dos cogumelos, na minha opinião). Só este <i>fondue</i> já fez valer a viagem. Mas, ainda no campo queijeiro gastronômico, não dá para esquecer de citar o <i>raclette</i> (queijo derretido) e, para seguir na onda beata, <i>la religieuse</i> (a imperdível casquinha de queijo que se raspa do fundo da panela de <i>fondue</i>).</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3Jr7EVM6zO-8QrErVKq1aHtcZCXs5zdztszIgMJJbkdKlrS4ezAa7f3edOxYdGc-DTsKg9l3qy0uIRqjTomZ_3XYiOIZCB3bMFZEOyCXG-el8JpL56-cdSKy5YP2aUfcfrkx3CdnyYc6i/s1600/L1000293.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3Jr7EVM6zO-8QrErVKq1aHtcZCXs5zdztszIgMJJbkdKlrS4ezAa7f3edOxYdGc-DTsKg9l3qy0uIRqjTomZ_3XYiOIZCB3bMFZEOyCXG-el8JpL56-cdSKy5YP2aUfcfrkx3CdnyYc6i/s320/L1000293.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Monte Pilatus (e a pista do tobogã)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Depois da comida, um pouco de exercício para queimar as calorias. Perdemos um pouco por ir até lá numa época que não era de neve mas, em compensação, tínhamos as montanhas verdes e floridas à nossa disposição. Sobe-se nelas através dos teleféricos, que funcionam tanto no verão quanto no inverno, e lá no alto pode-se aproveitar as trilhas em meio à natureza e a vista em redor. De quebra, descobrimos uma bela diversão alpina: os tobogãs suíços! Para nosso pesar, não pudemos experimentar o maior deles, no monte Pilatus, pois ele estava fechado devido à chuva que tinha caído na noite anterior. Compensamos a falta em Berna, onde outro tobogã, um pouco menor mas bem mais conveniente, por ser perto do centro da cidade, fez a nossa alegria.</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqytUVXapdaJUhN3x2UWW1k28-fLFWkB-T98sjWB4KGFuMUijqsdRQYQQS54_u4cJLdhquVzqdBFBK5BFRfwbqJngpaM_MhkqYsa16SEiR1ZAw3sX79FrX7j25_M6Jx2JwZEUDghs1qfap/s1600/22045981_1888061381210468_8208596581037814788_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="641" data-original-width="960" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqytUVXapdaJUhN3x2UWW1k28-fLFWkB-T98sjWB4KGFuMUijqsdRQYQQS54_u4cJLdhquVzqdBFBK5BFRfwbqJngpaM_MhkqYsa16SEiR1ZAw3sX79FrX7j25_M6Jx2JwZEUDghs1qfap/s320/22045981_1888061381210468_8208596581037814788_n.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ursos de Berna</td></tr>
</tbody></table>
Berna, aliás, que tem como curiosidade a sua relação com os ursos. Eles estão no nome e no emblema da cidade. Estão espalhados pelo centro na forma de esculturas diversas que celebram o animal. E ainda, claro, no parque que abriga os ursos de verdade. Mas, se Berna é a cidade dos ursos, é também a cidade dos cachorros, entre eles os são-bernardos - assim como os ursos, encontramos tanto são-bernardos reais quanto de mentira, em esculturas coloridas que formam uma espécie de <i>dog parade</i>.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwliepgtUsd7N8CBnKdMc_pxWWETi_DFevXBYeIifGV8aHNOfWXmR-fl1t4hcvSUSynVXJzILsl6gNAcatJgnp3jkgBchqc9JA1YdL4m56ijdMLgd95xuwyo7jLBoosGtI1cRGbZeXRpCv/s1600/L1000236.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1069" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwliepgtUsd7N8CBnKdMc_pxWWETi_DFevXBYeIifGV8aHNOfWXmR-fl1t4hcvSUSynVXJzILsl6gNAcatJgnp3jkgBchqc9JA1YdL4m56ijdMLgd95xuwyo7jLBoosGtI1cRGbZeXRpCv/s320/L1000236.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Leão de Lucerna, de Thorvaldsen</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
De animal em animal, chegamos ao leão de Lucerna. Este não é um leão de verdade como o são os ursos de Berna; trata-se de uma escultura de Thorvaldsen (artista dinamarquês cujo museu em <a href="http://cartas.edutrindade.com/2016/07/copenhague-copenhaga-copenhagen-kbenhavn.html" target="_blank">Copenhague</a> vale a visita). A representação do leão abatido é uma alegoria em homenagem a soldados suíços que teriam morrido de forma heróica no século XVIII - uma história um pouco obscura para nós hoje em dia, o que não torna a escultura menos expressiva. De bater palmas para o artista.</div>
<div style="text-align: justify;">
Num país assim tão variado, nem surpreende que se falem diferentes línguas. Ao final, todos se entendem - nem precisaria da ONU quem pode se sentar a uma mesa cheia de queijos suíços.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-85729888887495380532018-04-15T16:27:00.000-03:002018-04-15T19:43:28.359-03:00Deus e o Diabo na Terra dos Kim<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<img alt="" border="0" data-original-height="212" data-original-width="869" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilTg0M4lv3yK_56lxDcTZPr_wOWZi2lUUOIVTvMKFCbE0ifWz9BlXjUgvLA-6-mw-8sCTUzHemP8-RIjWwSUHy9N7q0LyF9udWldCNSFd2Xrag40z7PRm2DSAbJ_G9OLhxrm9sqJCGHSM4/s640/Kor+-+1665.jpg" title="Estátuas dos Líderes em Pyongyang" width="640" /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se tem algo na Coreia do Norte que é realmente marcante, diferente de tudo que já vi em outros lugares, é a relação das pessoas com a história/a política/os governantes. Tudo isso, na verdade, se confunde e se mistura de uma forma que é difícil separar, que dirá explicar. Mas aos poucos, conforme vai se convivendo com os norte-coreanos, a gente começa a perceber algumas semelhanças com certos aspectos da vida comuns no Ocidente...</div>
<div style="text-align: justify;">
Guia rápido do "quem é quem" no panteão norte-coreano. <b>Kim Il-Sung</b>, o avô, conhecido como o <i>Grande Líder</i> e <i>Eterno Presidente</i>, é considerado o herói da criação da Coreia do Norte - foi ele quem liderou o país na guerra pela independência e também na Guerra da Coreia. Morreu em 1994 e foi sucedido pelo filho, <b>Kim Jong-Il</b>, o <i>Querido Líder</i>. Quando faleceu, em 2011, quem assumiu foi <b>Kim Jong-Un</b>, o <i>Líder Supremo</i>, neto do primeiro Kim e filho do segundo. Notem que estes dois acumulam uma porção de títulos e de cargos, mas não o de presidente, que é exclusivo (e literalmente "eterno") de Kim Il-Sung, o que faz da Coreia do Norte um país que, oficialmente, tem um presidente fantasma.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas não se enganem: nada nem ninguém pode estar mais presente na vida dos norte-coreanos quanto o <i>Grande Líder</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há, claro, os retratos e estátuas que estão por toda a parte (mas, curiosamente, as representações são apenas dos líderes falecidos, nunca do governante atual). E vai mais além: na ideologia Juche (que foi criada e disseminada por Kim Il-Sung), nos jornais e na televisão, nas anedotas que se conta... E sobretudo no tom solene e respeitoso quando se fala de qualquer um dos líderes. Para quem é de fora, como nós, é difícil entender exatamente a motivação desse culto aos líderes - devoção sincera, costume, medo? Talvez um pouco de tudo isso. Fomos ver as estátuas de Kim Il-Sung e Kim Jong-Il em <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/um-dia-como-outro-qualquer-em-pyongyang.html" target="_blank">Pyongyang</a>. Chegando lá, em tom de respeito, uns tantos casais de noivos depositavam flores e tiravam fotos - não muito diferente da postura de noivos ocidentais que fossem pedir a bênção a seu santo de devoção.</div>
<div style="text-align: justify;">
Reparamos que nossas guias (que de hábito já costumavam andar bem arrumadas), quando o roteiro incluía algum lugar relacionado aos líderes, caprichavam ainda mais na elegância.</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG9BbtFk6eY1h7Eyv6Vc78O1hpZll5VJBg8Yrlltkh8WeKtklZ_jn-44SXespA65TGiOHV1BLLkDO0CU7-fHz-2xSss3u3Y3hLc-iwBfOG1r6Fc4mHIDeFiXDe9lBUds08FgJo6UsePd5S/s1600/Kor+-+137.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG9BbtFk6eY1h7Eyv6Vc78O1hpZll5VJBg8Yrlltkh8WeKtklZ_jn-44SXespA65TGiOHV1BLLkDO0CU7-fHz-2xSss3u3Y3hLc-iwBfOG1r6Fc4mHIDeFiXDe9lBUds08FgJo6UsePd5S/s320/Kor+-+137.jpg" title="O Líder Supremo supervisionando uma planta de envase de água mineral" width="320" /></a>Um desses lugares é a <i>Exposição Internacional da Amizade</i> (pausa para absorver o significado desse nome). Trata-se de um grande museu que contém os presentes recebidos por cada um dos líderes ao longo de sua vida. Para quem não sabe, é um costume diplomático que representantes de governos troquem presentes entre si. Nesse museu, tais presentes são exibidos com orgulho. Acontece que a coisa toda acaba parecendo um tanto surreal. Alguns dos itens de maior destaque lá são, claro, doações de países historicamente alinhados com a Coreia do Norte - assim, presentes de "gente boa" como Stalin e Mao Tse Tung são expostos com orgulho. Mas não se enganem, praticamente o mundo inteiro está representado, de presidentes estadunidenses ao embaixador do Brasil em <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/um-dia-como-outro-qualquer-em-pyongyang.html" target="_blank">Pyongyang</a>. Os presentes vão desde carros, vagões e aviões inteiros (oferecidos por alguns dos grandes ditadores que nosso planeta já teve) até um quadrinho do Ceará (cortesia do nosso diligente embaixador). E chama a atenção a quantidade de presentes, digamos, politicamente incorretos: peles de ursos, um trono feito de chifres de veados, uma indescritível mesa de apoio na forma de um jacaré empalhado que segura uma bandeja com copos (procurem no Google e encontrarão fotos). A impressão que fica é de que quanto mais notório o ofertante na escala de crimes presumidos contra a humanidade, maior o número de animais mortos na confecção do presente. Saímos da Exposição sem dizer palavra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikhQKWes9otm4IqIv5gQNzsaOIjP5VPKFIsjesVofDCyV4eRXdtbF4zTU5xG6zKdiVEgzZC9HskyU1NfA9SXpeH5tW0Uf0xIONvzRuq7WDkpR6wOPYonG5DQeOfKTNz9H1014xXP-BBrve/s1600/Kor+-+113.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikhQKWes9otm4IqIv5gQNzsaOIjP5VPKFIsjesVofDCyV4eRXdtbF4zTU5xG6zKdiVEgzZC9HskyU1NfA9SXpeH5tW0Uf0xIONvzRuq7WDkpR6wOPYonG5DQeOfKTNz9H1014xXP-BBrve/s400/Kor+-+113.jpg" title="Palácio do Sol" width="400" /></a>Mas nada, nada mesmo, poderia ter nos preparado para a visita ao Palácio do Sol (um jogo de palavras com o próprio nome Il-Sung que, dizem, pode ser traduzido como "o sol"). Este palácio é um prédio incrivelmente imponente que, após a morte do Grande Líder, foi transformado em mausoléu. O lugar hoje abriga os corpos embalsamados de Kim Il-Sung e Kim Jong-Il, que são o ponto focal de uma contínua peregrinação ritual de incontáveis coreanos. O que se vê lá dentro, além dos corpos propriamente ditos, de retratos e de objetos usados pelos líderes quando em vida, são filas e filas de pessoas chorando, com os olhos cheios de lágrimas que só podem ser sinceras (ainda que incompreensíveis para muitos estrangeiros). Como disse nossa impecável guia: "já vim aqui muitas vezes, mas sempre me emociono". De uma certa forma, também saímos profundamente tocados, ainda que por motivos diferentes dos dela. O meu preconceito a respeito da Coreia do Norte tinha me preparado para encontrar um culto à personalidade ímpar, mas não me preparou para testemunhar essa singular forma de religião.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-62697877036604264822018-04-07T14:35:00.000-03:002018-04-07T16:50:33.574-03:00Muito além do kimchi: comida na Coreia<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7-3zulNwA2bTQ7TZRwJUXpGGnU5LRSCwaOGFnIG-t6nKuUzFnR1uLuV-J0us59fD05ZpgR3ya3LuWcw4QeCXltXuJcTGomIazGujdgFRkelNhv6L-_OdQraoAPvKpfvK99kA9naQSB7l_/s1600/nk+-+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7-3zulNwA2bTQ7TZRwJUXpGGnU5LRSCwaOGFnIG-t6nKuUzFnR1uLuV-J0us59fD05ZpgR3ya3LuWcw4QeCXltXuJcTGomIazGujdgFRkelNhv6L-_OdQraoAPvKpfvK99kA9naQSB7l_/s400/nk+-+1.jpg" title="Marcado de Gwangjang, em Seul." width="400" /></a>É tentadora a imagem de que a Coreia do Norte e a do Sul são "dois irmãos brigados". Porém, embora razoável até certo ponto, ela me parece uma simplificação perigosa. Eu não diria que há exatamente uma briga entre os coreanos do norte e do sul; em vez disso, o clima lá me pareceu mais de desconfiança, isso sim; de dois irmãos que, por circunstâncias da vida, ficaram anos sem se falar e agora não sabem mais como puxar assunto numa conversa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o fato é que, apesar disso e dos que dizem o contrário, têm o mesmo sangue e a mesma criação: compartilham a língua, a história, a paisagem, o clima, o tipo de comida. O que nos leva a esse assunto: o que comemos por lá. Confesso que minha expectativa com a comida coreana era bastante baixa: as descrições de pratos que eu achava na Internet não chamavam a atenção e a minha experiência anterior com comida na vizinha <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/China" target="_blank">China</a>, muito menos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTMgcPv-EMmXdxTIFGoZdPJ6xi-x-P1fhK71moWMD1hU-de8ob9pnHbEFrIQcepWYxFMeuIy27VXz_5YToAcRonls6SixVAen2i_O4XZIYFKNfFZmmJ31IfhCos0dWaR2nGRACAyAbfr1A/s1600/nk+-+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTMgcPv-EMmXdxTIFGoZdPJ6xi-x-P1fhK71moWMD1hU-de8ob9pnHbEFrIQcepWYxFMeuIy27VXz_5YToAcRonls6SixVAen2i_O4XZIYFKNfFZmmJ31IfhCos0dWaR2nGRACAyAbfr1A/s320/nk+-+2.jpg" title="Em Pyongyang" width="320" /></a>Acabei me surpreendendo enormemente, a tal ponto que voltei para o Brasil com saudade da comida de lá e voltaria feliz a qualquer um dos restaurantes que visitamos.</div>
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Verdade que na Coreia do Sul, a princípio, foi difícil encontrar o caminho das pedras - dos pratos, no caso. A oferta é muita, variada e numa língua pouco amigável. Mas, à medida que ia me familiarizando, descobria que a comida coreana não era nenhum bicho de sete cabeças. Havia opções para praticamente todos os gostos, era em geral menos apimentada que o previsto e, sempre, muito saborosa. De quebra, descobrimos em <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/seul-porta-de-entrada-para-coreia.html" target="_blank">Seul</a> alguns restaurantes no estilo bufê livre. Uma maneira excelente para provar de uma vez várias das possibilidades da cozinha coreana! De fato, em pelo menos uma ocasião saímos do restaurante rolando de tão cheios.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijuFJxSCHXQpawB7YzEpQblSZSb-j8HJsGx_wh4DUl6jATubwpkUTmOo35Irz9MzUX3F7KbyJrhefnJr1kUOhSy7mCFtNwu-liu6GDyXBek0TXeGppRZlvS1-a525Ikc69-kwQ65N3rSmz/s1600/nk+-+5.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijuFJxSCHXQpawB7YzEpQblSZSb-j8HJsGx_wh4DUl6jATubwpkUTmOo35Irz9MzUX3F7KbyJrhefnJr1kUOhSy7mCFtNwu-liu6GDyXBek0TXeGppRZlvS1-a525Ikc69-kwQ65N3rSmz/s400/nk+-+5.jpg" title="Em Pyongyang. Reparem a quantidade de pratos." width="400" /></a><i>Kimchi</i> (espécie de acelga em conserva) é onipresente, mas é mais um acompanhamento que um prato propriamente dito. Sopas são comuns. As panquecas coreanas, em suas diferentes variações, são deliciosas. Massas são abundantes e de todos os tipos, não só de trigo. Chás acompanham a maioria das refeições, mas também são feitos de cereais variados e só raramente encontramos um sabor igual aos que estamos acostumados.</div>
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Na Coreia do Norte, curiosamente, a alimentação foi bem mais simples. Primeiro porque, já tendo passado por um "estágio" do sul, sabíamos um pouco melhor o que esperar. E principalmente porque nossas guias não mediam esforços para nos proporcionar experiências fantásticas. Em cada uma das nossas refeições norte-coreanas, uma coisa era certa: a quantidade de comida era sempre demasiada. A comida vem à mesa em pequenas vasilhas, cada uma com um preparo; quando se vê, a mesa está cheia de potinhos cada um com com arroz, sopa, <i>kimchi</i>, repolho, ovos, massa, carne, panqueca, <i>tofu</i> ou alguma outra coisa... Às vezes é difícil adivinhar a sequência ou a quantidade de pratos. Mais de uma vez nos saciamos apenas com a entrada, sem saber que outros tantos pratos ainda estavam por vir...</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD8kHbXPDg_hcs24DXtyNX_R4jaC9nxkoP0omABxKodd_YZ6bT94GdxALcA5k-UTyfAimpHWdXeZ25CRwcwyTTK_bAvcrW5gbXl_MylAMtnjouCclJzuGFELTZEbIktrcorQWsQbqyIXV3/s1600/nk+-+3.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="854" data-original-width="1280" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD8kHbXPDg_hcs24DXtyNX_R4jaC9nxkoP0omABxKodd_YZ6bT94GdxALcA5k-UTyfAimpHWdXeZ25CRwcwyTTK_bAvcrW5gbXl_MylAMtnjouCclJzuGFELTZEbIktrcorQWsQbqyIXV3/s320/nk+-+3.jpg" title="Em Kaesong, Coreia do Norte" width="320" /></a>No final das contas, as refeições menos memoráveis foram as que fizemos no restaurante de algum hotel: estas tendiam a ser servidas num ambiente mais nobre, mas ficavam devendo um pouco do sabor e da variedade dos lugares mais simples. Por outro lado, uma dúvida que eu sempre tinha era: o quão parecido estas refeições seriam da comida norte-coreana do dia-a-dia. Meu palpite é que o grau de semelhança é tanto quanto o de um restaurante brasileiro com a nossa comida caseira: um almoço comum no Brasil dificilmente será tão variado ou tão bem apresentado quanto o de um restaurante (digamos, uma churrascaria), mas a ideia dos pratos possíveis em casa é a mesma dos que poderíamos encontrar na rua. O mesmo acho que vale para uma refeição típica de <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/um-dia-como-outro-qualquer-em-pyongyang.html" target="_blank">Pyongyang</a> e algumas das comidas que provamos por lá.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwPj3Yp4YK-Uzclgn0OZlNQl3HFmJaEfwmI3rmMBdx8Hww5CAySbviXgCtkAh1JI6IaFWoCfWRqr33wvENW5GwXF-y6vfGJiaXz_mcdu5abuPd-Qr93BykSGBa6PVylsR7SHO1CotE3FJb/s1600/nk+-+4.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1028" data-original-width="1280" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwPj3Yp4YK-Uzclgn0OZlNQl3HFmJaEfwmI3rmMBdx8Hww5CAySbviXgCtkAh1JI6IaFWoCfWRqr33wvENW5GwXF-y6vfGJiaXz_mcdu5abuPd-Qr93BykSGBa6PVylsR7SHO1CotE3FJb/s320/nk+-+4.jpg" title="Pato assado" width="320" /></a>Um bônus adicional desses momentos era que se tratava de ocasiões em que conversávamos e interagíamos mais à vontade com nossas guias e nosso motorista. Uma experiência que não tem preço!</div>
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Quanto aos pratos propriamente ditos... Eram tantos e tão diferentes que é difícil deter-se explicando todos. Talvez um dos mais emblemáticos, tanto no sul quanto no norte, seja o <i>bibimbap</i>: arroz com legumes, tempero e eventualmente um ovo. A particularidade é que a comida vem toda separada num grande prato e cabe à própria pessoa misturar todos os ingredientes. Aliás, parece que esse tipo de solução, que requer algum "preparo" à mesa, é bastante comum. Outro exemplo é um tipo de <i>hot pot</i> coreano, uma sopa em que os ingredientes todos são cozidos na nossa frente. Para fazer um assado, a mesma coisa: a carne chega crua à mesa e é assada numa grelha ali mesmo. Aliás, esses restaurantes nos proporcionaram risadas impagáveis: certo dia, Lee, a guia, anunciou que o almoço seria num restaurante especializado em frango - <i>chicken</i>. Como a Renata é vegetariana, Lee logo completou: e <i>baby chicken</i>. Por <i>baby chicken</i>, entenda-se ovo de galinha... Não houve como não rir. Noutro dia, haveria pato assado (<i>duck</i>) no jantar; para ela, <i>baby duck</i>...</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXU4JBU-TilH6QLyvpZnDKtlND8QGL7udzOjD1zFq6Rhu5KsOZvKvGhmoB9h_4Z1c5inNahrhHre8Qa8qbyUTF3jpg6rZd-4ds4m59VFalJZbW4SMe6ngwdoUQ19KqMamP7Qso-hYFfPCM/s1600/nk+-+6.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="1280" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXU4JBU-TilH6QLyvpZnDKtlND8QGL7udzOjD1zFq6Rhu5KsOZvKvGhmoB9h_4Z1c5inNahrhHre8Qa8qbyUTF3jpg6rZd-4ds4m59VFalJZbW4SMe6ngwdoUQ19KqMamP7Qso-hYFfPCM/s320/nk+-+6.jpg" title="Naengmyeon, os famosos "cold noodles"" width="240" /></a>Outro prato surpreendente é o <i>naengmyeon</i>, que dizem ser típico de Pyongyang. Em inglês: <i>cold noodles</i>. Bem, poucas coisas parecem menos animadoras que um prato de espaguete frio; mas a receita coreana superou todas as minhas expectativas e se mostrou bastante apetitosa, mesmo para um dia de inverno. É uma sopa com uma massa fina e comprida e diferentes vegetais, com um tempero levemente ácido e apimentado. É, como outras, uma comida finalizada pela própria pessoa imediatamente antes de comer, que se encarrega de temperar e misturar os ingredientes no prato.</div>
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Pode ser difícil de acreditar, mas não tem como não ficar com água na boca falando disso tudo!</div>
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<br />Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-27992214369941099522018-04-04T10:20:00.001-03:002018-04-04T13:52:47.459-03:00Tão perto e tão longe: a fronteira entre as duas Coreias<div style="text-align: justify;">
A península da Coreia é cheia de contradições, e talvez a maior delas seja exatamente a fronteira que a divide ao meio.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLP6-qjxHm4GXnb_PNJCMeV9vB-HK3c53KbkgTZrxHTHb5DYURR0znGh60Y4Z7tAqGU6mVVz4_KcbrpfSx8f8cXv9HMTZEDtCCtwZ2pq0-9WV61KCuhG4Btn7rreUIMLECAYKQ2bR0oKyI/s1600/Kor+-+251.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLP6-qjxHm4GXnb_PNJCMeV9vB-HK3c53KbkgTZrxHTHb5DYURR0znGh60Y4Z7tAqGU6mVVz4_KcbrpfSx8f8cXv9HMTZEDtCCtwZ2pq0-9WV61KCuhG4Btn7rreUIMLECAYKQ2bR0oKyI/s400/Kor+-+251.jpg" title="Monumento à Reunificação da Coreia" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Monumento à Reunificação da Coreia</td></tr>
</tbody></table>
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Quando a Guerra da Coreia terminou, com a assinatura de um cessar-fogo em 1953, a península ficou dividida por uma faixa de quatro quilômetros de largura nas proximidades do paralelo 38. Na tentativa de evitar futuros conflitos, acordou-se que armas não seriam permitidas nessa região, que passou a ser chamada de Zona Desmilitarizada.</div>
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A questão é que o entorno dessa região pode ser qualquer coisa, menos desmilitarizado. Nunca estive num lugar que exalasse tanta tensão, medo e guerra. Ao mesmo tempo, há ali um silêncio, uma calma, uma natureza surreal. Bicho estranho é o ser humano.</div>
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Apesar da atmosfera gritantemente bélica, visitas à Zona Desmilitarizada de alguma forma se tornaram passeios turísticos acessíveis dos dois lados da fronteira. De quebra, cada lado aproveita para contar sua versão da história - uma radicalmente diferente da outra. Tentar conhecer ambos os lados e encontrar um meio termo é um exercício bastante esclarecedor. Por exemplo: os números variam, mas é quase certo que o contingente militar dos Estados Unidos na Guerra foi maior do que o das forças tanto norte- quanto sul-coreanas. Ou seja, fica claro que não se tratava simplesmente de uma briga entre os coreanos dos dois lados. Ainda hoje, a propósito, os Estados Unidos mantém uma força nada desprezível na <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/Coreia%20do%20Sul" target="_blank">Coreia do Sul</a>. O que faz pensar que o negócio da guerra (e do medo) deve ser bastante lucrativo para eles (tivemos contato com um desses soldados estadunidenses na Coreia do Sul, que aliás nos passou a perna, induzindo-nos a pagar por uma corrida de táxi que deveria ter sido dividida).</div>
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Bem, nós visitamos a Zona Desmilitarizada pelo norte, saindo de <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/um-dia-como-outro-qualquer-em-pyongyang.html" target="_blank">Pyongyang</a>. Na estrada que leva à fronteira fica o Monumento à Reunificação da Coreia. Por mais que a questão da unificação seja explorada de forma política por todos os envolvidos e intrometidos, o monumento em si é muito bonito, assim como a causa por trás dele. Afinal, embora nenhuma união se faça facilmente, como sabem todos os casais, é confortante que alguém pense em reunificação enquanto tanta gente no mundo pensa em separatismo.</div>
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À medida que a estrada (chamada Estrada da Reunificação, que tem placas marcando a distância até <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/seul-porta-de-entrada-para-coreia.html" target="_blank">Seul</a>) se aproxima da fronteira, começam a surgir postos de controle militar. Chegando ao limite da Zona Desmilitarizada, o clima é de um quartel em prontidão. Um militar norte-coreano sobe na van onde estamos eu, a Renata, as duas guias norte-coreanas e o motorista. Não consigo achar agradável esse clima, e a apreensão disputa espaço com o fascínio por estar nesse lugar exclusivo.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhV0xL-4365slgggC3kgc9ApLi5QqsK4HOYibUH3kGZn62yvr6494e8hGk-kqF4DYs4hjT7r9HalTVzYeVXX-yH67GLZZnYI6XQBT4gr5hyphenhyphen3GTmvZnjtzK_niNvqPQaxeiZsn_wt-tzg4l/s1600/29028114_2070696539613617_1280287536178192603_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="345" data-original-width="960" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhV0xL-4365slgggC3kgc9ApLi5QqsK4HOYibUH3kGZn62yvr6494e8hGk-kqF4DYs4hjT7r9HalTVzYeVXX-yH67GLZZnYI6XQBT4gr5hyphenhyphen3GTmvZnjtzK_niNvqPQaxeiZsn_wt-tzg4l/s640/29028114_2070696539613617_1280287536178192603_n.jpg" title="" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Interior da Zona Desmilitarizada</td></tr>
</tbody></table>
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A van segue por uma pista estreita entre fortes muros e barreiras antitanques até o interior da Zona Desmilitarizada - vamos em direção ao local onde foram feitas as negociações de paz durante a Guerra e que é, hoje, o único ponto onde as Coreias do Norte e do Sul "se tocam" de fato - ou quase isso. No caminho, o soldado começa a falar sobre a Zona Desmilitarizada, contar histórias e conversar. Vamos facilmente nos afeiçoando a ele - por baixo da solenidade do uniforme há com certeza uma rapaz simples, de sorriso largo e cheio de curiosidade sobre o mundo exterior. Ao chegar, ele nos apresenta o local onde foi assinado o armistício e que é hoje um museu no lado norte-coreano. </div>
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhqn1BjSRz3ozp19C56UIlw1Ut-xk0b_bzqU6fNR-bo1XpXvF5YKvX_5_d8nx9-LY8Jik74IG7OcWA-0h1rFPhiYHnL5JUGV8ZDvdBoXZwmiVRkCiuCNlwhId-2P-EYgtAIBbe1jKZuKRQ/s1600/28959407_2070735039609767_3767683311779709243_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="641" data-original-width="960" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhqn1BjSRz3ozp19C56UIlw1Ut-xk0b_bzqU6fNR-bo1XpXvF5YKvX_5_d8nx9-LY8Jik74IG7OcWA-0h1rFPhiYHnL5JUGV8ZDvdBoXZwmiVRkCiuCNlwhId-2P-EYgtAIBbe1jKZuKRQ/s320/28959407_2070735039609767_3767683311779709243_n.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"You are not machines (...), you have the love of<br />
humanity in your hearts." (The Great Ditactor, Chaplin)</td></tr>
</tbody></table>
Logo adiante está a fronteira propriamente dita, marcada por uma linha de tijolos na metade da Zona Desmilitarizada. Há alguns barracões colocados precisamente sobre esta linha. Do lado de cá, soldados norte-coreanos montam guarda; do lado de lá, soldados estadunidenses e sul-coreanos montam guarda. Do lado de cá, um prédio norte-coreano virado para o sul; do lado de lá, um prédio sul-coreano virado para o norte. Tudo em simetria.</div>
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Ainda iríamos andar por uns bons minutos, até um posto de observação no alto de uma colina a alguns quilômetros dali. Desse posto, com a ajuda de binóculos, avista-se o muro, construído no lado sul, que ajuda a separar a península. A Estrada da Reunificação obviamente não atravessa a fronteira. O ser humano é um bicho estranho.</div>
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No final, o militar sorridente que nos acompanhou se ofereceu para tirar fotos conosco. Abraçamo-nos. Naquele lugar carregado, parece que de alguma forma o uniforme não pesava mais. Aquele olhar e aquele sorriso me impressionaram mais que os muros e as cercas. Ah, o ser humano.</div>Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-77522072373965815032018-03-31T19:57:00.000-03:002018-04-03T13:21:49.794-03:00Um dia como outro qualquer em Pyongyang<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF4bOLkyuPFFEaHzP9tk48ro7kqB1ssqjCcF4SflFrAGwg_WI-_OQUr9iyST0xMDuEmtGo-DmqNq_oSk9Ytd8UGct1Ob1yNG37AR-DYbHy62JwS6PG9s8Tm5C4rbsBWiv8IZeZtrKQM4LY/s1600/L1020164.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="444" data-original-width="1600" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF4bOLkyuPFFEaHzP9tk48ro7kqB1ssqjCcF4SflFrAGwg_WI-_OQUr9iyST0xMDuEmtGo-DmqNq_oSk9Ytd8UGct1Ob1yNG37AR-DYbHy62JwS6PG9s8Tm5C4rbsBWiv8IZeZtrKQM4LY/s640/L1020164.jpg" title="Praça Kim Il Sung com a Grande Casa de Estudos do Povo ao centro" width="742" /></a></div>
Uma das primeiras coisas que chamam a atenção na capital da <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/coreia-do-norte-vista-marujos_30.html" target="_blank">Coreia do Norte</a> é o quanto a vida ali é surpreendentemente normal. Chega a ser estranho dizer isso, não? Mas o fato é que sabemos tão pouco sobre os norte-coreanos que desembarcamos no país cheios de curiosidade sobre as coisas mais básicas.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgqC8GscMf4udY5hvL7CHQe8X7D87D-6FuQOKxJKTNjKGdzGn_eXbMVMA5UAL2CMnzPBr4jQztlkpNu1rZwH1Iv2Wng9aT-nOUvI5wujRhmxBXrNJ04J0hceqBe4trNAWdCFgRfXzrxZwM/s1600/28698809_2070705119612759_2879782470546316103_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgqC8GscMf4udY5hvL7CHQe8X7D87D-6FuQOKxJKTNjKGdzGn_eXbMVMA5UAL2CMnzPBr4jQztlkpNu1rZwH1Iv2Wng9aT-nOUvI5wujRhmxBXrNJ04J0hceqBe4trNAWdCFgRfXzrxZwM/s400/28698809_2070705119612759_2879782470546316103_o.jpg" title="Metrô de Pyongyang" width="400" /></a>Um passeio em Pyongyang pode começar pela Praça Kim Il Sung, o coração da cidade e um dos muitos logradouros nomeados em honra do <i>Grande Líder</i> e <i>Eterno Presidente</i> da Coreia do Norte. Bem perto dali fica uma das estações do metrô. Sim, Pyongyang tem metrô - são duas linhas e um total de 16 estações. Dizem que é o metrô mais profundo do mundo (de fato, é uma longa descida em escada-rolante) e que isso daria a ele a qualidade adicional de abrigo contra um eventual ataque aéreo. Os trens são relativamente antigos, mas bonitos e perfeitamente funcionais. Agora, o que chama a atenção mesmo são as estações: decoradas com esmero, são simplesmente lindas. Em geral, têm grandes murais com imagens celebrando algum aspecto da história do país ou da vida dos líderes (nem sempre é possível separar essas duas coisas na concepção oficial norte-coreana). São notáveis também os elaborados lustres, estátuas dos líderes e, na plataforma de cada estação, exemplares do jornal do dia à disposição de quem passa.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwCgmXwF1L5sBjVy7srQrYqZoqrK8-pOsqI2o2mTPWF3uUncpbpuZjvwHEws1KCupxPEkbR7Gt3XkvmXNqkRI2a5iVNCiPmiEm1JcO1HTJxpGOVXWeENiYiuk2vSWVSoFSLxmivqWo53ZY/s1600/nk+-+1+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwCgmXwF1L5sBjVy7srQrYqZoqrK8-pOsqI2o2mTPWF3uUncpbpuZjvwHEws1KCupxPEkbR7Gt3XkvmXNqkRI2a5iVNCiPmiEm1JcO1HTJxpGOVXWeENiYiuk2vSWVSoFSLxmivqWo53ZY/s320/nk+-+1+%25281%2529.jpg" title="Aula na Grande Casa de Estudos do Povo" width="320" /></a>Do outro lado da mesma praça fica a Grande Casa de Estudos do Povo - uma biblioteca não menos imponente que o seu nome. Ao visitá-la, fomos recebidos com um grau de atenção quase inimaginável. Uma mocinha, que devia estar tão curiosa a nosso respeito quanto nós estávamos dela, percorreu conosco várias salas, explicando o propósito de cada uma e nos apresentando parte do acervo em português da biblioteca - alguns livros editados em Portugal e um CD de música brasileira. O lugar é, na verdade, mais do que uma biblioteca. Tem um grande auditório, espaços de trabalho e salas de aula onde são ministradas lições de línguas estrangeiras - durante nossa visita, pudemos presenciar uma aula de inglês e outra de chinês.</div>
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Saindo da biblioteca e andando pela rua, pode-se observar melhor a cidade. E ela é realmente bonita. Os espaços são amplos e os prédios são atraentes e coloridos. Vê-se sempre muita gente caminhando nas calçadas, algumas pessoas nas paradas de ônibus ou trólebus, outras de bicicleta. Aliás, como outras cidades ao redor do mundo, Pyongyang possui um sistema de compartilhamento de bicicletas.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtAtBWKoLGdn1m9RbuWSKWO1BVvTzPMGkkA24dKIjKsOBPnn1J9EfjqvqxAlgZEIyk2dsvJs0HH4Z3ZaSVFXLQAQe9W7vgqBDkA2hay6ttDlV_EL0ramPqxpknb-TVswJMJLLsRGh5weXZ/s1600/nk+-+1+%25283%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="855" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtAtBWKoLGdn1m9RbuWSKWO1BVvTzPMGkkA24dKIjKsOBPnn1J9EfjqvqxAlgZEIyk2dsvJs0HH4Z3ZaSVFXLQAQe9W7vgqBDkA2hay6ttDlV_EL0ramPqxpknb-TVswJMJLLsRGh5weXZ/s400/nk+-+1+%25283%2529.jpg" title="Pyongyang" width="400" /></a></div>
Nas ruas, o que se destaca são os murais e cartazes de propaganda. Propaganda há em praticamente todos os lugares do mundo, óbvio. A da Coreia do Norte, porém, possui algumas particularidades. Em primeiro lugar, claro, a inconfundível estética do realismo socialista. Em segundo lugar, os temas: excetuando-se um único <i>outdoor</i> de propaganda da marca de carros norte-coreana (Pyeonghwa), todos os cartazes que vi tratavam de exaltar as realizações do povo coreano, conquistas militares, mensagens ideológicas ou o carisma dos líderes. Além disso, chegando mais perto, percebe-se um terceiro ponto: a maioria dessas obras não são simples cartazes impressos como os que estamos acostumados a ver. São grandes mosaicos de azulejos ou pinturas feitas a mão, verdadeiras obras de arte. Fascinante. Numa ocasião, encontramos por acaso um artista a pintar um destes cartazes. O trabalho, lindo, já estava avançado, e naturalmente eu quis tirar uma foto. Apesar de os norte-coreanos serem normalmente bem tranquilos quanto a fotos, o rapaz (para minha tristeza) pediu que eu não fotografasse o trabalho inacabado. Acrescentou que não haveria problema em registrar a obra depois de pronta - mas eu não teria essa oportunidade.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwW_8__afiZqkq3xJhx_70DVn_QFyPIXc6fiRo5artW0fBnyzsQ5xNmwtnIqoml47KTU2LTeZoKDPIM15_OeUSF8TkIWGhyphenhyphenyP0fCNqPCtpDmzjWFTywqXZukLaWtMV93IeDk6Cqx2OhoMJ/s1600/nk+-+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" data-original-height="853" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwW_8__afiZqkq3xJhx_70DVn_QFyPIXc6fiRo5artW0fBnyzsQ5xNmwtnIqoml47KTU2LTeZoKDPIM15_OeUSF8TkIWGhyphenhyphenyP0fCNqPCtpDmzjWFTywqXZukLaWtMV93IeDk6Cqx2OhoMJ/s400/nk+-+1.jpg" title="Pyongyang" width="400" /></a>E assim segue a vida em Pyongyang. A cidade também não está alheia ao comércio do dia-a-dia, embora o consumismo desenfreado (ainda bem) seja algo distante. Nossas guias faziam uso frequente do telefone celular, da mesma forma que pessoas de qualquer outro país. Nas ruas, veem-se alguns quiosques de comida e bebida. Aqui e ali, alguma loja. E tivemos a oportunidade de entrar em um grande supermercado, tão parecido com os nossos quanto se pode esperar de um supermercado asiático. Nas prateleiras, produtos norte-coreanos e alguns importados da China e de outros lugares da Ásia. Pessoas fazendo compras e pagando em dinheiro ou em cartão. Nesse gesto, aliás, desfaziam sem saber outra concepção equivocada que tínhamos: não é verdade que não haja cartão de crédito na Coreia do Norte, como não é verdade que não haja celulares ou internet; acontece é que eles usam sistemas diferentes dos nossos. Pensando bem, não era mesmo de se esperar que as bandeiras estadunidenses Visa ou Mastercard circulassem por lá. Tudo bem, pagamos em dinheiro mesmo e saímos com nossas compras: itens como chás, chocolates e uma lata de bolachas que, como tudo o mais, ajudaria a compor o mosaico desse país que, para nós, passava a ser cada vez menos misterioso e cada vez mais fascinante.</div>
Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6057041280596597154.post-47780626080820919832018-03-30T08:36:00.003-03:002018-04-03T13:24:13.644-03:00Coreia do Norte à vista!<div style="text-align: justify;">
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMbWxT-hBfCz_L6hk9mhBKzm47W416IlE2ZB1Eea05Ryi5mIexWj54mKnxDGKuMVdhxzVd5y4bsdp_RudTNO5gSGPTdh8Wvf6lsrNBLoAT5ACURSCAdZEpI_cA5PKf0bvGGZkAutT8LUfa/s1600/NK+-+1+%25283%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="1280" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMbWxT-hBfCz_L6hk9mhBKzm47W416IlE2ZB1Eea05Ryi5mIexWj54mKnxDGKuMVdhxzVd5y4bsdp_RudTNO5gSGPTdh8Wvf6lsrNBLoAT5ACURSCAdZEpI_cA5PKf0bvGGZkAutT8LUfa/s400/NK+-+1+%25283%2529.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Uma cena que veríamos muitas vezes ao longo dos próximos dias</td></tr>
</tbody></table>
Ah, a Coreia do Norte! Poucas viagens poderiam ser marcadas por mais expectativa do que essa. Não é para menos: por mais que se pesquise, há pouca informação disponível sobre esse país. Pior ainda: muito do que se ouve e do que se lê são notícias tendenciosas publicadas por terceiros. Coisa rara, raríssima, é ter contato em primeira-mão com a Coreia do Norte. </div>
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Assim, está explicado um dos motivos por que decidimos ir até lá: muito mais do que qualquer outra país que já visitei, a Coreia do Norte é um lugar que só se pode conhecer e entender (pelo menos um pouco) estando lá pessoalmente.</div>
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E há, sim, muito preconceito. As pessoas torcem o nariz quando se fala em visitar a Coreia do Norte apontando diversos motivos: porque é uma ditadura, porque tem armas nucleares, porque é um país socialista... Bem, se a preocupação fosse mesmo com o armamento, ninguém visitaria o país que mais tem gastos (ou investimentos) militares e que mais se envolve em conflitos bélicos - um tal de Estados Unidos, terra do Mickey e da liberdade... Assim como a questão política, que é virtualmente impossível de se dissociar da Coreia, não é motivo para não visitá-la: além de adicionar uma dimensão única à viagem, de fazer a gente abrir os olhos sobre muita coisa (e não só sobre a Coreia, as ditaduras ou o socialismo), é preciso lembrar que o país tem um único líder e dezenas de milhões de habitantes. Como qualquer lugar do mundo, a Coreia do Norte é feita pelas pessoas, todas elas, e encontrá-las é fascinante.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjincssJNXY1X3BywpDG32IDavanV8wtBw2qj-UGlM6-kxAfZftQouPFqD3_OfIcN6nju2NU1zZPCf8MIZnBPconiIF0Z9ng_yenvCZ1e-Ksm3JkVVmzYZFOLvAv6UqhGZsNm_FUSfIOYjX/s1600/NK+-+1+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" data-original-height="868" data-original-width="1600" height="173" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjincssJNXY1X3BywpDG32IDavanV8wtBw2qj-UGlM6-kxAfZftQouPFqD3_OfIcN6nju2NU1zZPCf8MIZnBPconiIF0Z9ng_yenvCZ1e-Ksm3JkVVmzYZFOLvAv6UqhGZsNm_FUSfIOYjX/s320/NK+-+1+%25281%2529.jpg" title="Foto: Renata Teixeira" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aviões da Air Koryo em Pyongyang</td></tr>
</tbody></table>
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"Ah, mas se o povo sofre, por que não faz nada? Não se revoltam?" - foi o que ouvi de alguns sobre a Coreia do Norte. Respondo com o que a norte-coreana Lee nos perguntou quando contamos a ela sobre alguns dos casos de corrupção no Brasil: "Mas por que o povo não faz nada? Vocês não protestam?" Digam-me qual dos dois países, Coreia do Norte ou Brasil, é considerado uma democracia, com livre acesso a informação e direito de opinião e manifestação; então respondam à pergunta dela e ganhem de brinde a resposta da pergunta sobre os coreanos. Ah, citar revoltas de Facebook não conta.</div>
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Bem, voltando a falar da viagem propriamente dita. Mais do que qual quer outra, ela começa antes, lendo, buscando informações e fazendo contatos. Só se pode entrar na Coreia do Norte através de uma agência de turismo, e sabendo que se vai andar o tempo todo na companhia de guias coreanos. Apesar de parecer que isso restringe a liberdade, no nosso caso foi super tranquilo. Nossas duas guias eram uns amores de pessoas e o roteiro (que na verdade foi montado com base nas coisas que pedimos para ver e fazer) não era tão rígido assim. A verdade é que isso facilita muito e permite acesso a muita informação e a conversas que não teríamos se estivéssemos por conta própria. Sim, acaba encarecendo o passeio mas, mesmo assim, quando penso no tanto de coisas que vimos, na qualidade das refeições e dos hotéis e no fato de termos guias e transporte à nossa disposição, dou-me conta de que o custo realmente não é tão caro assim.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLfu1lHPnM5gYiN6adgYu5FU_8-EVy96GM75rXYMYX33Zp-i39L9jK7pnpZKGzLzFiEz9ohyphenhyphenfHyiQAlAh3_RNWzl3zPR6VaRUcPo4i1utMQye4Y5wYSmpKcvPi6jkIfKn0rKk4TlpRzX8X/s1600/NK+-+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLfu1lHPnM5gYiN6adgYu5FU_8-EVy96GM75rXYMYX33Zp-i39L9jK7pnpZKGzLzFiEz9ohyphenhyphenfHyiQAlAh3_RNWzl3zPR6VaRUcPo4i1utMQye4Y5wYSmpKcvPi6jkIfKn0rKk4TlpRzX8X/s320/NK+-+1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Refeição de bordo</td></tr>
</tbody></table>
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Agora, o difícil mesmo é descrever a expectativa que toma conta da gente no início da viagem. Em Pequim (parada quase que obrigatória, já que não há como ir diretamente da <a href="http://cartas.edutrindade.com/search/label/Coreia%20do%20Sul" target="_blank">Coreia do Sul</a> para a do Norte), seguindo a orientação de alguns <i>sites</i> da Internet, tivemos a precaução de largar o que tínhamos de livros e de artigos sul-coreanos. Mais tarde, teríamos a impressão de que o cuidado foi exagerado: uma das primeiras coisas que vimos quando chegamos em <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/um-dia-como-outro-qualquer-em-pyongyang.html" target="_blank">Pyongyang</a> foi gente vestindo coisa alusiva aos <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/pyeongchang-2018-no-frio-tambem-tem.html" target="_blank">Jogos Olímpicos</a> que estavam acontecendo no vizinho do sul. Antes disso, ainda na hora de fazer o <i>check-in</i>, o coração já estava pulando forte. O voo foi bem mais cheio do que esperávamos e cada norte-coreano que estava ali levava caixas e caixas de bagagem. Certamente aproveitavam a viagem para comprar o máximo de coisas que podiam, dado que os embargos dos Estados Unidos e das Nações Unidas não permitem que uma série de produtos entre no país.</div>
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O voo em si, num Tupolev russo bem razoável, foi tranquilo. A televisão de bordo passava belas apresentações de cantoras coreanas; a comida, um curioso hambúrguer acompanhado de refrigerante fluorescente, era razoável e mais farta que a de muitos voos.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidpWXdW9VIFJGJaU0eyhWuuzCY5a2GR1ZWWOZQdr_OsqE8lEs1GCv6-l6AwoXaRk8OfCfiHbflXN6R6xzljbHR86PelzSM6iNSp_zK_O61BtDST4hprj6H_jRufkp0eEX13xbUpjYABuFJ/s1600/NK+-+1+%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto;"><img border="0" data-original-height="764" data-original-width="1280" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidpWXdW9VIFJGJaU0eyhWuuzCY5a2GR1ZWWOZQdr_OsqE8lEs1GCv6-l6AwoXaRk8OfCfiHbflXN6R6xzljbHR86PelzSM6iNSp_zK_O61BtDST4hprj6H_jRufkp0eEX13xbUpjYABuFJ/s400/NK+-+1+%25282%2529.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aeroporto de Pyongyang</td></tr>
</tbody></table>
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Ao desembarcar, a passagem pela imigração e pela aduana foi mais tranquila ainda. Ao contrário do que estávamos esperando, ninguém olhou nossas bagagens e passamos diretamente. Ao chegar no saguão do aeroporto, demorou uns minutos até que duas moças se adiantassem e se apresentassem como nossas guias, Lee e Choi. Achamos essa demora ligeiramente estranha, porque acreditávamos que elas estariam já esperando por nós e não seria difícil reconhecer dois estrangeiros como nós ali. Mais tarde, Lee esclareceu que estava esperando dois brasileiros e, portanto, duas pessoas negras; não imaginava que pudéssemos ser branquelos daquele jeito!</div>
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Enfim, a viagem estava começando. A terra dos Kim se abria para nós!<br />
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<i>Mais sobre a Coreia do Norte: <a href="http://cartas.edutrindade.com/2018/03/um-dia-como-outro-qualquer-em-pyongyang.html" target="_blank">Um dia como outro qualquer em Pyongyang</a></i></div>
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Eduardo Trindadehttp://www.blogger.com/profile/13202041909743286073noreply@blogger.com4