De certa forma, este blogue nasceu por causa dos Jogos Olímpicos - precisamente em
2008, quando fui à
China para conhecer o país e
acompanhar de perto o evento de Pequim. Daí seria natural falar, agora, dos jogos do
Rio de Janeiro.
Bem, para começar, preciso dizer que muito do que envolve a cidade costuma despertar em mim emoções intensas e contraditórias. A Olimpíada do Rio foi boa? Sim, foi muito boa. Poderia ter sido incrivelmente melhor? Sem dúvida.
Ver tanta gente diferente, dos mais diversos cantos do planeta, é sempre fascinante. E os Jogos Olímpicos são perfeitos para isso, ainda mais que a
Copa do Mundo. Acho que nenhum outro evento reúne tantos participantes e espectadores de praticamente todos os países. Esse é, sem dúvida, o ponto alto. E assim, talvez influenciados pela
nossa recente viagem a terras nórdicas, a Renata e eu assumimos
uma forma um tanto faroesa de acompanhar os jogos: escolhíamos sempre um time ou atleta de nossa simpatia e torcíamos ferrenhamente por ele, mesmo que não fosse brasileiro e não houvesse brasileiro algum em ação. Qualquer detalhe vale para um país conquistar nossa simpatia: que seja terra de gente querida; que tenhamos visitado anteriormente; que tenha uma história inspiradora; que não tenha tradição no esporte; que tenha cores bonitas, ou um hino bonito... O importante é se envolver. Sou da opinião de que é muito mais divertido acompanhar qualquer esporte quando se tem alguém para torcer!
Isso acabou acentuando o contraste (e o choque): enquanto a atitude entre as torcidas estrangeiras era, invariavelmente, de respeito e de amizade, o lado brasileiro era marcado por algumas atitudes desrespeitosas, egoístas, agressivas e barulhentas. Nem preciso citar a polêmica das vaias durante os jogos. Mesmo que não fossem as vaias, a quantidade de gente se levantando durante as partidas, furando filas nos intervalos e gritando e xingando o tempo todo era constrangedora. Uma pena.
Mas não nos deixamos abater por isso, nem pelo fato de que a maioria das instalações ficava realmente longe do centro. Fomos, vimos, torcemos, perdemos e vencemos. Presenciamos momentos emocionantes, como decisões nos últimos segundos no handebol e na vela. Na natação, levamos nosso
puffin e ele mais uma vez roubou a cena. Vimos gols, defesas, saltos, corridas, braçadas, pódios, bandeiras, lágrimas e júbilo. Como tem de ser uma boa Olimpíada. Isso posto, quem esperava um desastre viu um grande sucesso, e o fato de que o país, com sua conturbada situação econômica e política, tenha feito o maior dos eventos no pior dos momentos não é pouca coisa. Nesse ponto, palmas para nós.