terça-feira, 6 de setembro de 2016

Os Jogos Olímpicos dentro de casa

De certa forma, este blogue nasceu por causa dos Jogos Olímpicos - precisamente em 2008, quando fui à China para conhecer o país e acompanhar de perto o evento de Pequim. Daí seria natural falar, agora, dos jogos do Rio de Janeiro.
Bem, para começar, preciso dizer que muito do que envolve a cidade costuma despertar em mim emoções intensas e contraditórias. A Olimpíada do Rio foi boa? Sim, foi muito boa. Poderia ter sido incrivelmente melhor? Sem dúvida.
Ver tanta gente diferente, dos mais diversos cantos do planeta, é sempre fascinante. E os Jogos Olímpicos são perfeitos para isso, ainda mais que a Copa do Mundo. Acho que nenhum outro evento reúne tantos participantes e espectadores de praticamente todos os países. Esse é, sem dúvida, o ponto alto. E assim, talvez influenciados pela nossa recente viagem a terras nórdicas, a Renata e eu assumimos uma forma um tanto faroesa de acompanhar os jogos: escolhíamos sempre um time ou atleta de nossa simpatia e torcíamos ferrenhamente por ele, mesmo que não fosse brasileiro e não houvesse brasileiro algum em ação. Qualquer detalhe vale para um país conquistar nossa simpatia: que seja terra de gente querida; que tenhamos visitado anteriormente; que tenha uma história inspiradora; que não tenha tradição no esporte; que tenha cores bonitas, ou um hino bonito... O importante é se envolver. Sou da opinião de que é muito mais divertido acompanhar qualquer esporte quando se tem alguém para torcer!
Isso acabou acentuando o contraste (e o choque): enquanto a atitude entre as torcidas estrangeiras era, invariavelmente, de respeito e de amizade, o lado brasileiro era marcado por algumas atitudes desrespeitosas, egoístas, agressivas e barulhentas. Nem preciso citar a polêmica das vaias durante os jogos. Mesmo que não fossem as vaias, a quantidade de gente se levantando durante as partidas, furando filas nos intervalos e gritando e xingando o tempo todo era constrangedora. Uma pena.
Mas não nos deixamos abater por isso, nem pelo fato de que a maioria das instalações ficava realmente longe do centro. Fomos, vimos, torcemos, perdemos e vencemos. Presenciamos momentos emocionantes, como decisões nos últimos segundos no handebol e na vela. Na natação, levamos nosso puffin e ele mais uma vez roubou a cena. Vimos gols, defesas, saltos, corridas, braçadas, pódios, bandeiras, lágrimas e júbilo. Como tem de ser uma boa Olimpíada. Isso posto, quem esperava um desastre viu um grande sucesso, e o fato de que o país, com sua conturbada situação econômica e política, tenha feito o maior dos eventos no pior dos momentos não é pouca coisa. Nesse ponto, palmas para nós.

Um comentário:

Renata Teixeira disse...

Foi muito gostoso mesmo! Apesar da dificuldade de chegar aos locais de competição (o que me deixava super triste, pois me fazia lembrar do quanto uma parte gigante da população sofre para se locomover - o metrô para a zona sul aberto até tarde da noite, mas fechado nesse horário no sentido zona norte foi inacreditável), das filas gigantescas que nos fizeram até perder o início de uma competição e ainda ouvir o "papo" daquele grupo de garotas no transporte público (nem sei dizer quantos dos meus neurônios se suicidaram!!!)...
O coração dispara na torcida pelos atletas, a gente prende a respiração, ri, chora, explode de felicidade quando a nossa equipe ou nosso atleta ganha ou se reconforta no orgulho sentido pela maravilhosa disputa quando nosso escolhido não logra o sucesso que desejávamos. Muito gostoso!!!!
Outra delícia das Olimpíadas foi conhecer pessoas e "reencontrar" nossos amigos que moram longe, mas que sabíamos que estávamos torcendo juntos independente da distância.
Que bom que ainda não temos que sofrer com saudade das Olimpíadas, já que temos os super-heróis parolímpicos!