Tome o leitor as páginas seguintes como desafio e convite. Viaje segundo um seu projecto próprio, dê mínimos ouvidos à facilidade dos itinerários cômodos e de rasto pisado, aceite enganar-se na estrada e voltar atrás, ou, pelo contrário, persevere até inventar saídas desacostumadas para o mundo. (...) A felicidade, fique o leitor sabendo, tem muitos rostos. Viajar é, provavelmente, um deles. Entregue as suas flores a quem saiba cuidar delas, e comece. Ou recomece. Nenhuma viagem é definitiva.
Assim José Saramago apresenta a sua Viagem a Portugal, livro que é crônica, é guia turístico, e também é algo fascinante que eu me abstenho de descrever, pois o prêmio Nobel da nossa língua não precisa das minhas palavras a explicar as suas. Fato é que se trata de um livro incomum. Encantador.
Tanto quanto uma viagem a Portugal pode ser encantadora. Especialmente para nós brasileiros. Afinal, herdamos de Portugal a língua (e com a língua um certo modo de pensar) e aspectos de religiosidade, musicalidade, gastronomia. Acima de tudo, herdamos de Portugal a saudade de um povo navegador, cantada desde antes de Camões e ainda depois de Pessoa. Mesmo um brasileiro que não descende explicitamente de portugueses tem tudo isso muito vivo. Semelhanças e diferenças a serem exploradas.
Tudo isso para anunciar que meu próximo destino se encontra no além-mar, nas terras lusas. Desta vez, com a companhia de minha mãe, com quem compartilharei (ou multiplicarei) os passos. Viagem que se dividirá em duas partes: Açores e Portugal continental.
A parte do continente dispensa apresentações demoradas; será um trajeto não linear entre o Porto e Lisboa, do qual eu pretendo falar à medida que estiver sendo percorrido. E conhecer os Açores representa uma ligação afetiva com terras longínquas e pouco exploradas, talvez ainda mais afetiva do que aquela com as cidades do continente. Explico. Nascemos e nos criamos numa cidade fundada por açorianos. Mesmo que Porto Alegre hoje seja uma metrópole com inúmeras influências, das quais os colonizadores originais são apenas uma delas, a memória dos açorianos segue viva em monumentos e histórias. Faz parte do imaginário popular. Como se não bastasse, os Açores são não uma, mas um punhado de ilhas praticamente perdidas na imensidão do oceano. Pode haver algo mais simbólico que isso? Pode alguém como eu, que já escreveu sobre o mar, ilhas, cais, barcos e pescadores, não se sentir atraído pelos Açores? Nosso porto (e nossa Porto) cresce e se enobrece em vista de tantos portos.
Resta agora içar as velas e se lançar ao mar. Sem esquecer as cartas, tantas léguas a serem semeadas. Cada carta será um convite para nos acompanhar nesta viagem. Então... vamos a bordo!
Tanto quanto uma viagem a Portugal pode ser encantadora. Especialmente para nós brasileiros. Afinal, herdamos de Portugal a língua (e com a língua um certo modo de pensar) e aspectos de religiosidade, musicalidade, gastronomia. Acima de tudo, herdamos de Portugal a saudade de um povo navegador, cantada desde antes de Camões e ainda depois de Pessoa. Mesmo um brasileiro que não descende explicitamente de portugueses tem tudo isso muito vivo. Semelhanças e diferenças a serem exploradas.
Tudo isso para anunciar que meu próximo destino se encontra no além-mar, nas terras lusas. Desta vez, com a companhia de minha mãe, com quem compartilharei (ou multiplicarei) os passos. Viagem que se dividirá em duas partes: Açores e Portugal continental.
A parte do continente dispensa apresentações demoradas; será um trajeto não linear entre o Porto e Lisboa, do qual eu pretendo falar à medida que estiver sendo percorrido. E conhecer os Açores representa uma ligação afetiva com terras longínquas e pouco exploradas, talvez ainda mais afetiva do que aquela com as cidades do continente. Explico. Nascemos e nos criamos numa cidade fundada por açorianos. Mesmo que Porto Alegre hoje seja uma metrópole com inúmeras influências, das quais os colonizadores originais são apenas uma delas, a memória dos açorianos segue viva em monumentos e histórias. Faz parte do imaginário popular. Como se não bastasse, os Açores são não uma, mas um punhado de ilhas praticamente perdidas na imensidão do oceano. Pode haver algo mais simbólico que isso? Pode alguém como eu, que já escreveu sobre o mar, ilhas, cais, barcos e pescadores, não se sentir atraído pelos Açores? Nosso porto (e nossa Porto) cresce e se enobrece em vista de tantos portos.
Resta agora içar as velas e se lançar ao mar. Sem esquecer as cartas, tantas léguas a serem semeadas. Cada carta será um convite para nos acompanhar nesta viagem. Então... vamos a bordo!