domingo, 4 de fevereiro de 2018

Guia Puffin de Gastronomia 2018

Com um pequeno atraso, é verdade, mas aqui está: a nova edição do Guia Puffin de Gastronomia! Mais uma vez, com o árduo e saboroso desafio de listar os melhores restaurantes do ano anterior. 
Só para lembrar: restaurantes que apareceram nas edições anteriores (20152016 e 2017) ficam de fora para, assim, dar mais espaço às novas descobertas. Como das outras vezes, o Guia Puffin de Gastronomia distribui entre uma e três enguias para os estabelecimentos que proporcionaram as mais excepcionais experiências gastronômicas - não só a comida, mas também o atendimento, o ambiente, enfim, a experiência completa. Neste ano, mais um restaurante vem se juntar a OlympeLe Louis XVMaaemo, Kokkeriet e Gordon Ramsay no exclusivo clube dos agraciados com três enguias. Querem saber qual é ele? Pois que então que rufem os tambores... Com vocês: o novo Guia Puffin de Gastronomia!

Miam Miam, Rio de Janeiro - 1 enguia
É um restaurante cômodo: um casarão antigo, com um ambiente intimista, uma decoração bem-cuidada e longe de ser extravagante, o Miam Miam convida quem vai lá a se sentir em casa. E a comida vai pelo mesmo caminho: saborosa, bem-preparada e sem fugir muito do clássico.



Irajá Gastrô, Rio de Janeiro - 1 enguia
Restaurante comandado pelo chef Pedro de Artagão (e que não fica no bairro de Irajá, mas na rua Conde de Irajá). A comida, saborosa, é servida num salão agradável cheio de plantas. Um "senão": quando fomos, a casa trabalhava com duas versões de menu degustação, uma maior e a outra menor, mas somente a menor tinha opção vegetariana. Uma falha que provavelmente custou uma enguia ao chef, pois a qualidade dos pratos merecia mais.



Liburnia, Pristina - 1 enguia
Esta é uma daquelas agradáveis surpresas que o Guia Puffin revela. Quem diria que o Kosovo abrigaria uma enguia? Pois o Liburnia faz por merecer ao cumprir com mérito a proposta de um menu recheado de opções típicas da cozinha kosovar-albanesa com um leve toque de sofisticação. É uma culinária bem temperada, farta e que não perde o ar de comida caseira. Cozinha que aproveita o melhor da terra e que dá ideia para fazermos o mesmo em casa. De quebra, é provavelmente um dos restaurantes mais baratos que já apareceram no guia, o que faz dele um excelente custo-benefício.


Glouton, Belo Horizonte - 2 enguias
Comida mineira em uma de suas melhores roupagens. Simples assim. Quem é de lá vai reconhecer, nos pratos criados pelo chef Leo Paixão, a influência e os ingredientes da comida caseira tradicional. Quem não é, vai descobri-los e fazer associações com sua própria infância. Tudo com um toque levemente contemporâneo de quem sabe o que está fazendo. Em nossa visita, pudemos saborear um menu degustação ao qual não faltou nada - nem mesmo a alternativa vegetariana, que foi aprovadíssima!

Boragó, Santiago de Chile - 2 enguias
Não menos do que o lápis-lazúli, este restaurante é uma legítima joia chilena. O menu do Boragó é grandioso (e extenso), um verdadeiro banquete que se propõe à tarefa hercúlea de fazer um apanhado de toda a tradição culinária do país. E estamos falando de um país diverso, com altitudes e latitudes bastante diferentes. O chef Rodolfo Guzmán parece ir à raiz destas tradições para buscar o que elas tem de melhor e de mais autêntico - no caminho, chega a parecer quase hermético, para em seguida se revelar em sabores tão variados que seriam difíceis de prever.


Hof van Cleve, Kruishoutem (Bélgica) - 2 enguias
Esta é a casa do chef Peter Goossens, alguém que realmente sabe o que faz - e sabe que faz bem. Para começar o restaurante fica num lugar quase isolado nos arredores de Gante. Não é o tipo de lugar a que se vai por acaso (pelo contrário, merece figurar nos melhores sonhos e listas de restaurantes a se visitar). Já ao chegar, estacionando nosso humilde carrinho alugado entre os Porsches e Ferraris, ele se impõe. Mas, ao entrar, pouco a pouco, vamos ficando à vontade. Comida e serviço meticulosos, sabores que explodem e se sucedem, o prazer e a certeza: comer bem é um luxo, talvez o melhor deles.

Maison Troisgros (Le bois sans feuilles), Roanne/Ouches (França) - 3 enguias

Este restaurante figurava na nossa lista dos sonhos desde a primeira edição do Guia Puffin. Chegar até ele exigiu um cuidadoso planejamento de viagem - que foi plenamente justificado. Para quem não sabe, é a casa de Michel Troisgros, irmão de Claude Troisgros (que já é habitué do nosso guia), herdeiros ambos do sobrenome que figura entre os criadores de nada menos que a nouvelle cuisine francesa. E assim a Maison Troisgros entrega com folga o que se espera dela: uma aula magistral sobre o que de melhor a gastronomia do país de Asterix já produziu. Num lugar incrível, em plena zona rural no centro da França, somos levados ao êxtase - não há outra palavra que possa ser utilizada. De quebra, ainda saímos de lá com a certeza de que Michel Troisgros (assim como seu filho César) não só é um mestre como é uma simpatia de pessoa. A incrível amabilidade e simplicidade que se encontra nos verdadeiros gênios.

2 comentários:

Renata Teixeira disse...

Minha publicação favorita!!! E meu emprego favorito!!! Nada nessa vida pode ser melhor do que trabalhar como avaliadora do Guia Puffin de Gastronomia. Claro que é muita responsabilidade, mas vale a pena. É muito incrível ser surpreendida pelos sabores de produtos novos e também pelos sabores de produtos super conhecidos, que fazem parte da minha memória de infância.
Outro show a parte é conhecer os chefes e sua cozinhas! A cozinha é mesmo um dos lugares mais especiais de uma casa.

Eduardo Trindade disse...

Ah! A gente fica esperando ansiosamente pela hora de ser convocado para este árduo trabalho!... Aliás, precisamos “poner las pilas” para avaliar os candidatos deste ano!