quinta-feira, 5 de junho de 2014

Noivos!

Le Louis XV, de Alain Ducasse, é certamente um dos restaurantes mais bem-conceituados do mundo. Um jantar lá seria algo assim como um sonho distante. Até que começamos a planejar a viagem a Mônaco, onde fica o restaurante. Mas coragem para se aventurar no Le Louis XV, e sorte de conseguir uma reserva na semana do Grande Prêmio de Mônaco, também parecia ser algo distante.
Até eu pensar "por que não?" e entrar em contato com eles. De repente, não é que tínhamos uma reserva para Le Louis XV? Então o sonho começou de verdade.
Afinal, seria a ocasião perfeita para oficializar nossa união, não é mesmo?
Nem vou contar como foi escolher um anel de noivado, acertar o tamanho dele e buscá-lo na H.Stern na manhã do próprio dia em que seria a tua defesa de mestrado e também o nosso voo para a Europa. Mas as coisas seguiram dentro do planejado!
De acordo com a etiqueta do restaurante, levei terno e gravata, traje completo para a nossa noite, e passando em Andorra, não foi por acaso que acabei comprando o mais chique dos relógios - eu queria estar impecável em todos os detalhes! Assim como acompanhava a tua expectativa, a tua escolha de roupas e acessórios...
No dia, prontos para sair para o restaurante, testei todos os bolsos que eu tinha para tentar ver em qual deles conseguiria esconder a caixinha com o anel. Parecia-me impossível que não percebesses, ainda mais quando quiseste tirar uma foto nossa a caminho do restaurante! Mas não reparaste no volume que eu tentava esconder...
Antes de sair do Brasil, não sabias que eu tinha telefonado para Mônaco, a princípio para reconfirmar a reserva, mas também para falar sobre um marriage proposal. Acertei tudo, eu deveria procurar um certo Michel e entregar o anel para que ele cuidasse do resto.
Daí que, enquanto saboreávamos cada um dos nossos inesquecíveis pratos - o couvert, o amuse-bouche (ou amansa-bucho, como gostamos de brincar) de vegetais com pequenos peixes (seriam enguias?), a sopa, os aspargos, les jardins de Provence com trufas negras... enquanto saboreávamos cada momento, eu procurava a ocasião de te distrair e chamar um dos garçons. Quando quiseste ir ao banheiro, agradeci intimamente. Tu te levantaste da mesa e eu procurei um garçom com os olhos, mas antes mesmo de conseguir contato visual já havia alguém do meu lado, com toda a elegância e discrição que o momento pedia, e me dizia: "I am Michel, monsieur, do you have anything for me?" Rapidamente passei o anel, juntamente com um bilhete. Ele fez um sinal positivo com a cabeça e saiu discretamente, para ainda voltar duas vezes - na primeira, dizendo que eu ficasse tranquilo, pois estava tudo certo e, na segunda, para me parabenizar e desejar boa sorte.
Voltaste à mesa e seguimos em direção ao grand finale. Os inesquecíveis raviólis com morels. Em seguida viriam as sobremesas que pedíramos.
Então trouxeram uma bandeja coberta com uma redoma de ouro! e a puseram na tua frente. "Un cadeau tout spécial pour le madame!" E, confessaste depois, chegaste a pensar que tua sobremesa estava em falta e estavam trazendo alguma compensação. Eu estava nervoso, admito. Ainda mais porque - indo além do combinado, mas seguindo o roteiro mais tradicional possível - de repente arredaram a mesinha e colocaram uma almofada no chão, ao teu lado. Não tive escolha e não precisei pensar. Num instante estavas descobrindo a bandeja, para achar lá dentro o teu anel envolto em pétalas de rosa e o meu bilhete onde digo para sermos, nós dois, um só. No instante seguinte olhas para o lado, estou de joelhos e seguro tua mão. Rimos e sorrimos. Então nos beijamos e ouvimos as palmas de todo o restaurante.
E que todo o resto da vida tenha esse sabor da mais deliciosa das nossas sobremesas. Te amo, Renata.

Um comentário:

Renata Teixeira disse...

Não tenho ideia de quantas vezes já li essa postagem maravilhosa, acho que já sou capaz de recita-la. Sim, recita-la, pois me chega ao coração como um poema. Cada momento do teu lado é encantador e me faz sentir amada, mas esse momento foi inenarrável. Não consigo descrever o que senti ao descobrir o que estava acontecendo (essa descoberta se deu ao ver a sua letrinha no bilhete, mesmo antes de lê-lo).
Nosso sentimento é muito bonito, muito especial. Começou simples, envolto em medo de sofrer, foi crescendo, crescendo, crescendo e já de um tamanho tal que é difícil respirar quando você não está por perto. Eu te amo tanto que não consigo pensar a minha vida separada da tua.
Meu poeta querido, ser um contigo é simplesmente maravilhoso, sincero e mágico. Temos tanto em comum que é fácil me confundir contigo.
Te amo! Te amo e quero que esse amor esteja nos nossos corações, na nossa pele e nosso olhar pra sempre. Te amo Edu!