domingo, 21 de janeiro de 2018

Liechtenstein: os príncipes e nós

Eduardo Trindade
Castelo de Vaduz, residência do príncipe e de sua família
Países pequenos exercem sobre mim um certo fascínio. Talvez devido ao antagonismo de alguém como eu, vindo de um país tão grande e diverso, encontrar uma nação que seja justamente o oposto disso. Talvez pela satisfação levemente preguiçosa (e eventualmente traiçoeira) de achar que se consegue conhecer um país inteiro andando pouco. Talvez simplesmente porque esses países - Luxemburgo, Andorra, Mônaco, agora Liechtenstein... - são realmente bonitos, além de não serem lugares congestionados de turistas.
Liechtenstein é um pequeno país entre a Suíça e a Áustria e possui uma curiosa história com reminiscências medievais, como o fato de ser uma monarquia: mais precisamente, um principado em que o monarca possui um papel político ativo, muito mais do que decorativo.
Dia de festa em Liechtenstein
Assim sendo, tivemos a feliz coincidência de estar em Liechtenstein no aniversário do príncipe, uma ocasião que (não por acaso) é dia de festa nacional. Os jardins do castelo são abertos aos súditos que, neste dia, podem desfrutar de um almoço literalmente principesco. Os próprios príncipes e sua família (aliás, uma das mais ricas da Europa) desfilam no meio do povo. Há um pronunciamento ao qual aparentemente o país inteiro assiste espalhado pelo gramado em volta do castelo, num clima que mistura piquenique familiar com conto de fadas. A banda toca. Depois descem todos para o centro da cidade, onde há uma feira com barracas de comidas, música ao vivo nas praças e museus abertos com entrada franca. À noite, uma queima de fogos encerra a festa.
Liechtenstein do lado de cá, Suíça do lado de lá
No dia seguinte, aproveitamos para explorar o país, o que não é difícil dada a sua pequena dimensão. Liechtenstein possui 11 municípios, com uma média de 3 mil habitantes em cada um deles. Ou seja, o que se vê são pequenos vilarejos alpinos aqui e ali. Mesmo a capital, Vaduz, tem um certo ar de província. A geografia do país é bem dividida em duas partes: a oeste, Liechtenstein ocupa metade de um vale (no meio do vale está o rio Reno e, do outro lado, a Suíça); a leste, montanhas que formam parte da cadeia dos Alpes e a fronteira com a Áustria. Na parte baixa, campos para pastagem de gado leiteiro; na parte alta (de onde, aliás, tem-se uma bela vista de quase todo o país), estradas sinuosas e uma estação de esqui que, no inverno, é o principal destino turístico do país. Aqui e ali, castelos, alguns em ruínas, outros conservados e erguendo-se imponentes, como aquele de Vaduz, em que vive a família do príncipe. Os caminhos cruzam as duas fronteiras o tempo todo: a única autoestrada digna do nome fica do lado suíço, de tal forma que, para ir rapidamente de uma ponta à outra de Liechtenstein, é preciso atravessar para o país vizinho e voltar. Mas tem horas em que simplesmente vale mais a pena fazer o caminho lento, atravessando os campos. É preciso tempo para assimilar os tons de verde desse vale.

2 comentários:

Renata Teixeira disse...

Liechtenstein é um país lindo! Tudo é muito limpo, tudo funciona bem e a natureza está sempre perto: caminhos cercados de árvores e flores por todos os lados. Ainda tivemos a sorte de ver as árvores repletas de frutas no jardim do palácio: vontade de esticar o braço e pegar uma. É tão pequeno que os moradores fazem uma viagem internacional para andar de teleférico ou para tomar um café. Lembro de uma tarde em que passamos pela Suíça algumas vezes e pela Áustria, tudo isso em poucos minutos porque nosso GPS assim o decidiu. Os castelos (em ruínas ou inteiros) são especialmente lindos!

Eduardo Trindade disse...

Falar assim parece clichê, mas Liechtenstein é mesmo uma pequena joia, não é? Um país do tamanho exato para caber um pouco de montanhas, de vales verdes, de história e de estórias!