terça-feira, 20 de janeiro de 2015

GP de Abu Dhabi

Sim, estivemos em Abu Dhabi para o GP e acompanhamos a final do campeonato de Fórmula 1 ao vivo e in loco. Para quem gosta de automobilismo, como nós, foi uma experiência incrível. Ainda mais porque essa foi uma experiência bastante completa mesmo - a organização do evento é realmente muito boa e há muito para se ver e fazer o tempo todo. Tanto que voltávamos para o hotel à noite, cansados e satisfeitos e já esperando pela ação do dia seguinte. Mas, se é para falar do que vimos do GP de Abu Dhabi de 2014, aqui vai um vídeo em primeira pessoa.


domingo, 11 de janeiro de 2015

O Grão-Duque e os Castelos

Qualquer viajante razoável terá visitado repúblicas: países como a Argentina, os Estados Unidos, França, Itália ou Portugal. Sem contar nosso próprio Brasil ou tantos outros lugares por esse planeta afora.
Muitos terão ido além e visitado algum reino. Como o Reino Unido, claro, mas também a Espanha ou o célebre Reino da Dinamarca, além de outras terras nórdicas. Para quem não está acostumado, a proximidade com reis e rainhas não deixa de ser curiosa.
Com sorte ou disposição, o viajante terá pisado num território governado por um príncipe - a começar pelo Principado de Mônaco.
Assim, juntamente com cidades e países, vai-se colecionando formas de governo.
Pois bem, hoje é dia de falar de um lugar que tem um Grão-Duque como chefe de estado. Adivinharam? Trata-se de Luxemburgo.
Afinal, esse pequeno e belíssimo país espremido entre a Bélgica, a França e a Alemanha é um Grão-Ducado. Fotos e imagens alusivas ao grão-duque e à família real - ou seria (grã-)ducal? - são encontradas facilmente nas lojas da capital.
Sei muito pouco sobre o Grão-Duque, mas ele é certamente alguém de sorte, pois não apenas nasceu em berço de ouro, mas num país que é uma verdadeira joia europeia, cenário de contos-de-fadas. E poliglota, se contarmos que um lugar tão pequeno tem três línguas oficiais, incluindo a sua própria (luxemburguês) e que todos por lá também falam inglês.
Mas talvez o mais legal seja mesmo percorrer Luxemburgo em busca de seus castelos. Para início de conversa, como o país é pequeno, não é difícil ir de uma ponta à outra. Saímos da capital, que por si só já vale a visita, e percorremos uma sucessão de vales sinuosos, muito deles pontuados por rios estreitos. E, no alto das colinas, castelos típicos exatamente como imaginamos que devem ser: muralhas de pedra, cercados por fossos e com ponte levadiça, torreões e tudo o mais.
Começamos pelo castelo de Vianden, que corresponde bem à descrição que fazemos mentalmente. O castelo, por dentro e por fora, é lindo, e está repleto de histórias de reis, de grão-duques e de guerra (não esquecer que castelos tinham um fim bélico). Não somente de guerras medievais: o de Vianden chegou a desempenhar papel fundamental na Segunda Guerra, quando foi sitiado pelos nazistas na sua invasão de Luxemburgo.
Em Esch-sur-Sûre, o que chama a atenção é a minúscula cidade cortada por um rio. Dali, subindo uma ladeira não muito longa, chega-se às ruínas de outro castelo. Que se destaca sobretudo pela vista que oferece do vale, do rio e da própria cidade. Dê-lhe encher os olhos e os cartões de memória das câmeras com essa paisagem!
Descendo do castelo até o que parece ser o centro de Esch-sur-Sûre, encontramos um lugar para almoçar.
Seguindo caminho, mais além encontramos o castelo de Bourscheid. Nesse, os muros parecem ainda mais antigos que em Vianden (certamente, a sua última reforma é que é mais antiga).
Depois, o dia já está chegando ao fim, e voltamos à cidade de Luxemburgo, a capital. Onde, para não fugir à regra, não faltam castelos e construções fortificadas - e esses, em geral, conseguimos explorar a pé. Para citar um último, há o Forte Thüngen que, perfeitamente restaurado, guarda um museu de história que tem tudo a ver com o passeio.

domingo, 4 de janeiro de 2015

O Guia Puffin de Gastronomia

À época eu sequer me dei conta, mas um dos momentos marcantes de 2012 foi ter decidido visitar o restaurante Olympe, de Claude Troisgros, no Rio de Janeiro. Há algum tempo eu tinha a ideia de "conhecer um restaurante de alta gastronomia", porém dois ou três preconceitos me impediam: o de que o tamanho das porções francesas seria insuficiente para matar a fome; o de que o preço a pagar seria caro demais para "simples comida"; e talvez que, com "invenções demais", a refeição poderia ser mais estranha que apetitosa.
Bem. Resumindo, a Renata e eu fomos e nos tornamos, cada vez mais, amantes da boa cozinha. Aprendemos que: a sucessão de pratos é mais farta do que parece, e não lembro quando foi a última vez que não saímos saciados de uma boa refeição; não estamos pagando apenas por um prato de comida, mas por uma experiência completa, que evoca sensações e emoções e vale cada centavo, sem exagero; e que num ou noutro caso as combinações podem até parecer inusitadas para um paladar específico, mas confiar no chefe em geral nos abre portas para sabores que até então nunca teríamos sequer imaginado.
E daí...? Esse não é um blogue de gastronomia, como sabem. Mas sabem também que viagens e gastronomia se completam. Daí que eu, a Renata e o Puffin tivemos a ideia de elaborar a lista dos nossos restaurantes preferidos e, assim, acaba de nascer este Guia Puffin de Gastronomia. Da mesma forma que o já um tanto batido Guia Michelin distribui estrelas (até três) aos melhores restaurantes das cidades avaliadas, o nosso Guia Puffin vai conferir enguias para os estabelecimentos que proporcionaram nossas mais excepcionais experiências gastronômicas - incluindo na avaliação não apenas a comida, mas também o ambiente, o serviço, enfim, a experiência completa.
Assim sendo... com vocês, o Guia Puffin de Gastronomia!

Kovacic, Recife - 1 enguia
Sob reserva, o chefe Kovacic nos recebe em sua casa, num endereço escondido da capital pernambucana. O clima intimista fica evidente desde a reserva, num telefonema que o chefe em pessoa atende com forte sotaque croata. O restaurante não tem sequer página na Internet. A proposta é de um menu degustação que muda a cada semana e que, no dia de nossa visita, tinha como inspiração "o nascimento das estrelas". Um exótico, simpático e falante Kovacic nos recebe e apresenta cada prato, deixando perceber que a harmonização não é só da comida com a bebida, mas também com o ambiente e até com a trilha sonora. A refeição é bem cuidada sem ser demasiado sofisticada. Estávamos acompanhados de um casal de ótimos amigos e isso ajudou a fazer com que a noite fosse ainda mais agradável.
Particularidade: o restaurante não trabalha com cartões e Kovacic, em respeito a um costume cigano, não toca no dinheiro.
Data da visita: junho de 2014.

CT Trattorie, Rio de Janeiro - 1 enguia
É a casa de comida italiana - ou melhor, ítalo-francesa - dos chefes Claude e Thomas Troisgros. Tanto o ambiente quanto os pratos são mais simples que no Olympe, mas nem por isso deixam de ser excelentes. O cardápio é extenso e a expectativa de ingredientes tratados com o máximo de cuidado foi plenamente atendida.
Particularidade: o restaurante costuma aparecer no programa Que Marravilha, que Claude Troisgros apresenta no canal GNT.
Data da visita: agosto de 2014.

Järntorgspumpen, Estocolmo (Suécia) - 1 enguia
Uma casa agradável no centro de Estocolmo, com o cardápio à porta. Procurávamos um lugar para um jantar especial na noite de São Valentim (o dia dos namorados europeu) e esse foi o que nos conquistou. Apesar da data, não precisamos fazer reserva nem esperar por uma mesa. O atendimento e a comida estavam excelentes. A Renata lembra particularmente da deliciosa sopa de abóbora que serviram.
Particularidade: o restaurante fica em um prédio histórico que, por si só, já vale a visita.
Data da visita: fevereiro  de 2013.

Roberta Sudbrack, Rio de Janeiro - 2 enguias
A chefe Roberta Sudbrack está em alta entre os críticos gastronômicos e, na nossa opinião, a sua cozinha faz por merecer. Os pratos são contemporâneos com inspiração brasileira - queijos regionais, tucupi, pargo, frutas tropicais e até mandiopã figuram com destaque. É incrível como a chefe leva ao extremo a máxima de que "menos é mais", criando pratos com poucos ingredientes e muito sabor. Na minha opinião, o nível de experimentação é relativamente alto e muito bem sucedido. Apenas achei que o ritual de trazer os pratos à mesa, certamente o momento mais marcante da refeição, poderia ser mais valorizado se os garçons cuidassem de apresentar melhor as criações.
Particularidade: Roberta Sudbrack, é porto-alegrense como eu. Viveu em Brasília e foi a primeira mulher a ser encarregada da cozinha do Palácio da Alvorada, antes de vir para o Rio de Janeiro.
Data da visita: dezembro de 2014.

Indego by Vineet, Dubai (EAU) - 2 enguias
A ideia era comemorarmos quatro anos juntos num bom restaurante de Dubai. O escolhido foi o Indego, de inspiração indiana, e a experiência foi excelente. Uma sucessão de pratos lindos e bem executados, com mais pimenta do que se esperaria no Brasil, mas ainda assim adequada ao nosso paladar (o garçom nos perguntara o nível de picância que queríamos). A Renata teve um menu vegetariano montado sob medida para ela! Entre as surpresas, provamos um sorvete salgado de açafrão, surpreendentemente leve, para preparar o paladar antes do prato principal.
Particularidade: o chefe Vineet Bhatia é o primeiro indiano a receber estrelas Michelin. Agora é também o primeiro indiano a receber enguias do Guia Puffin!
Data da visita: novembro de 2014.

D.O.M., São Paulo - 2 enguias
O restaurante de Alex Atala, eleito sucessivas vezes o melhor do Brasil e um dos melhores do mundo, dispensa apresentações e era um de nossos sonhos de consumo, literalmente. O ambiente é sóbrio e elegante. Provamos um menu degustação (D.O.M.Gustação) contemporâneo que valoriza ingredientes brasileiros com tratamento e apresentação impecáveis. O que faltou, então, para a terceira enguia? Muito pouco! Mas o Puffin é exigente... Basicamente, ele gostaria de um toque mais pessoal, mais intimista. Como aqui vale não só a comida, mas principalmente as sensações e lembranças, quem sabe a terceira enguia vem com nossa próxima visita?
Particularidade: o cardápio têm três opções, todas de degustação: quatro pratos, oito pratos ou vegetariano (Reino Vegetal, de cinco pratos). Como eu escolhi a degustação de quatro pratos e a Renata, o Reino Vegetal, ofereceram-me "de lambuja" um quinto prato para que nossa refeição ficasse sincronizada.
Data da visita: março de 2014.

Olympe, Rio de Janeiro - 3 enguias
A nave-mãe de Claude Troisgros não poderia não figurar no Guia. Foi lá que descobrimos que um restaurante pode ser perfeito em vários aspectos, desde o sabor da comida até a cordialidade de cada pessoa que trabalha lá, passando pelos talheres, pelo nível de ruído do ambiente, pela surpresa que o ritual da comida é capaz de nos proporcionar... E, como se não bastasse a qualidade dos pratos valer demais a visita, não é raro ver o próprio Claude, uma simpatia em pessoa, perambulando entre as mesas, sentando-se ao nosso lado e conversando com cada um dos comensais.
Particularidade: na minha opinião, tem o nome mais perfeito entre os restaurantes que conheço. Olympe é o nome da mãe do chefe Troisgros. E é também, claro, o nome da morada dos deuses, onde se servia ambrosia e néctar.
Última visita: setembro de 2014.

Le Louis XV, Mônaco - 3 enguias
Já li que há restaurantes três-estrelas Michelin e há Le Louis XV. Agora, ainda mais: três-enguias e no topo da exigente lista do Guia Puffin. Tudo lá é perfeito: o atendimento, os sabores, a ambientação. Foi a escolha ideal para nossa noite de noivado; a experiência conseguiu superar nossas altas expectativas, e só não vou me estender mais porque já contei isso aqui. O resto é história, uma das histórias que guardamos com mais carinho.
Particularidade: O livro Nature, do chefe Alain Ducasse, é quase impossível de se encontrar no Brasil, mas é simplesmente fantástico para quem quer se aprofundar nos sabores da cozinha mediterrânea.
Data da visita: maio de 2014.

Como perceberam, essa é a lista, em ordem crescente, dos melhores restaurantes das nossas vidas. Não foram os únicos, claro; para quem quiser ir além (e, quem sabe, para uma possível promoção numa futura edição do Guia), aqui estão outros lugares dignos de nota pelas experiências, sempre personalíssimas, que vivemos:
Artigiano Ristorante, Rio de Janeiro
Emporium Pax BPS, Rio de Janeiro
Glocke, Rothenburg ob der Tauber (Alemanha)
Zazá Bistrô Tropical, Rio de Janeiro
Que outros restaurantes vocês sugeririam ao Puffin?