Existem por aí uma porção de lugares conhecidos como "Lagoa Azul". Nem todos são lagoas, alguns sequer são lá muito azuis, o fato é que estão por aí. Pudera, o nome impressiona e pegou mesmo, principalmente depois de umas tantas reprises do filme.
Acontece que não sei de lugar algum que mereça tanto o título de "Lagoa Azul" quanto a que existe na Islândia.
De ônibus, vai-se de Reiquejavique até um ponto 40 quilômetros no meio do nada. "Nada" é algo que há em abundância por aqui - refiro-me a uma paisagem de gelo, pedras vulcânicas e montanhas baixas, sem gente ou árvores. Então, num lugar assim, vê-se literalmente um prédio entre brumas. São as instalações da Lagoa Azul. O prédio tem chuveiros e um restaurante, a lagoa propriamente dita está em volta e é ela que exala a bruma: vapores de água subterrânea a quase 40 graus e rica em sais, principalmente enxofre. Muito enxofre em suas diversas formas, o cheiro não deixa enganar. A cor também é característica da mistura de sais que sai da terra: um azul-celeste cúpreo é a cor da lagoa, uma cor tão intensa, um ambiente tão turvo e fumacento que mesmo onde a profundidade é de menos de meio metro não se pode sequer imaginar o fundo de pedras escuras.
Por si só, isso já é um espetáculo louco e difícil de escrever (minha foto definitivamente não faz justiça ao lugar). Agora o mais louco de tudo é: as pessoas vão até lá para se banharem na lagoa! Num clima subzérico!
Os poucos metros que se caminha de roupa de banho entre a saída do prédio e a borda da lagoa são apavorantes. Depois, dentro dela, a sensação é reconfortante, exceto pelo vento frio a fustigar a cabeça. O segredo é submergir ao máximo, apenas boca e nariz fora d'água!
E então nadar, espantando-se sempre com a cor da água e com a paisagem de ficção-científica em volta. Isso sim é uma lagoa azul. Daquelas que, se a gente depois contar que viu, ninguém vai acreditar lá em casa.