Começo divagando, explicando que não gosto muito da palavra suvenir. No dia-a-dia, costumo falar lembrança, ou mesmo recordação, mas tanto uma quanto outra têm o inconveniente de não deixar claro se nos referimos àqueles objetos que trazemos de determinado lugar ou situação ou da própria sensação que eles nos evocam. Fiquemos, pois, com a palavra suvenir, que é a pequena lembrança material, símbolo daquela outra lembrança maior, imponderável.
Um desafio é trazer suvenires que fujam do óbvio. Verdade que, muitas vezes, os objetos mais prosaicos já me dão um prazer imenso. Mas, ah, aqueles que são originais, seja pela criatividade ou pela história que guardam, são incomparáveis!
Encontrei algumas hulusi em diferentes cidades da China, desde as mais simples, de plástico, para crianças, às mais sofisticadas. E gostei mesmo desta, feita de bambu e porongo entalhado (sim, porongo, quem diria!) com um bocal de osso. Adquiri-la foi toda uma divertida experiência: pus à prova minhas habilidades de pechinchador no mercado de Panjiayuan, em Pequim. Mesmo normalmente não gostando de pechinchar, na China é quase impossível não fazer isso. Pois fiz, e saí orgulhoso com minha compra a um preço razoável depois de muito regatear.
Outro ponto curioso é que qualquer estação de metrô de lá, talvez por causa dos Jogos Olímpicos, tinha uma forte segurança, com detectores de metais e guardas austeros. Que, ao me ver com aquele estojo a tiracolo, invariavelmente ficavam ressabiados e perguntavam o que eu estava levando. Quando respondia que era um instrumento musical, as reações eram divertidas, com a seriedade muitas vezes deixada de lado em troca da deferência a quem, como chegaram a dizer, atravessara meio mundo para levar consigo um pouco daquela cultura.