Atrás de mim, na fila do caixa do supermercado, estão uma mulher e uma guria que parece ser sua filha ou sobrinha. Ouço-as conversando e reparo que a mocinha está de olho nas minhas siriguelas. Porque eu estou com uma bandeja de siriguelas fresquinhas entre as minhas compras. E elas conversam sobre isso. Acabaram de voltar de um sítio onde há um pé de siriguelas. A visão das frutas, agora, reacende a vontade e faz com que a menina peça à outra que compre, compre, compre siriguela! A mulher vai e volta com uma bandeja quando já estou começando a passar minhas compras pelo caixa. A tempo de eu ouvi-la dizer que já não havia siriguelas bonitas na prateleira, que bonitas mesmo só as deste rapaz (ou seja, eu) que soube escolher bem.
Uma pena eu não ter tido coragem de me intrometer na conversa, mas lá vou pela rua pensando comigo. Primeiro, que sorte da guria que tinha um pé de siriguela à mão. Segundo, quem diria que alguém, algum dia, iria elogiar minha capacidade de escolher siriguelas! Afinal, eu fui ouvir falar desta frutinha pela primeira vez aos 22 anos, só fui vê-la mais tarde e desde então posso contar nos dedos as vezes em que tive a oportunidade de prová-la.
Ah, em tempo: saindo do supermercado, andando pela rua, não fui em direção a casa. Eu não estava no Rio de Janeiro, muito menos em Porto Alegre. Fui ao hotel. Eu estava em Fortaleza e tomaria um voo no dia seguinte.
Acontece que, sempre que estou em um lugar diferente, principalmente se for um país diferente, um supermercado acaba sendo parada obrigatória. Encontram-se coisas curiosas e outras interessantíssimas, e não só na parte de comidas. Mas principalmente entre comidas e bebidas, o que às vezes acaba criando um desafio: como levar tudo isso para casa, e sem estragar?
Como? Às vezes arrisco, simplesmente, colocar tudo entre as roupas. (Com o cuidado básico de sempre ter à mão umas sacolas plásticas para embrulhar as compras e assim evitar desastres.) Se forem roupas de frio e se a viagem for curta, elas já garantem um isolamento térmico razoável. Uma outra técnica interessante é embrulhar os perecíveis em plástico bolha: funciona incrivelmente bem. Agora, se for preciso mais cuidado, o jeito é apelar para um isopor ou bolsa térmica (tenho uma, dobrável, que vai vazia dentro da mala e volta cheia sempre que visito o Nordeste). Já trouxe até sorvete assim.
Sorvete? Sim, porque a oferta de sorvete não é igual em todo lugar. Assim como a oferta de frutas: a tal siriguela, além de cajá (ou taperebá), açaí (ou juçara), cupuaçu, tamarindo, graviola... São frutas que, no Nordeste e ainda mais no Norte, existem numa quantidade inimaginável a alguém do Sul. Em todas as formas possíveis: além da própria fruta, há polpas, doces, sorvetes, bombons, sucos, iogurtes... Ao menos para mim, fica difícil controlar o impulso de sair comprando tudo.
Se a viagem é para São Paulo, os locais de compra podem ser o Mercado Municipal e o bairro da Liberdade. Na última ocasião, trouxe desde doces até cogumelos. Se estamos falando da Europa, são os queijos, presunto e vinhos. Na América do Sul de forma geral, erva-mate. Isso sem contar, claro, as pequenas surpresas, porque nelas é que muitas vezes está a graça. Encontrar coisas que provavelmente não traremos para o Brasil, como caracóis congelados em Lisboa, só isso já rende uma bela história de viagem. Assim como conversas entreouvidas entre carrinhos de compras.
Nota: siriguela é essa fruta da foto, que já encontrei em diferentes cidades do Nordeste e, particularmente, no supermercado que fica atrás do hotel em que costumo me hospedar em Fortaleza. Como eu nunca fotografei uma siriguela, e não tenho nenhuma à mão, tirei a imagem da Internet - no caso, daqui.
Uma pena eu não ter tido coragem de me intrometer na conversa, mas lá vou pela rua pensando comigo. Primeiro, que sorte da guria que tinha um pé de siriguela à mão. Segundo, quem diria que alguém, algum dia, iria elogiar minha capacidade de escolher siriguelas! Afinal, eu fui ouvir falar desta frutinha pela primeira vez aos 22 anos, só fui vê-la mais tarde e desde então posso contar nos dedos as vezes em que tive a oportunidade de prová-la.
Ah, em tempo: saindo do supermercado, andando pela rua, não fui em direção a casa. Eu não estava no Rio de Janeiro, muito menos em Porto Alegre. Fui ao hotel. Eu estava em Fortaleza e tomaria um voo no dia seguinte.
Acontece que, sempre que estou em um lugar diferente, principalmente se for um país diferente, um supermercado acaba sendo parada obrigatória. Encontram-se coisas curiosas e outras interessantíssimas, e não só na parte de comidas. Mas principalmente entre comidas e bebidas, o que às vezes acaba criando um desafio: como levar tudo isso para casa, e sem estragar?
Como? Às vezes arrisco, simplesmente, colocar tudo entre as roupas. (Com o cuidado básico de sempre ter à mão umas sacolas plásticas para embrulhar as compras e assim evitar desastres.) Se forem roupas de frio e se a viagem for curta, elas já garantem um isolamento térmico razoável. Uma outra técnica interessante é embrulhar os perecíveis em plástico bolha: funciona incrivelmente bem. Agora, se for preciso mais cuidado, o jeito é apelar para um isopor ou bolsa térmica (tenho uma, dobrável, que vai vazia dentro da mala e volta cheia sempre que visito o Nordeste). Já trouxe até sorvete assim.
Sorvete? Sim, porque a oferta de sorvete não é igual em todo lugar. Assim como a oferta de frutas: a tal siriguela, além de cajá (ou taperebá), açaí (ou juçara), cupuaçu, tamarindo, graviola... São frutas que, no Nordeste e ainda mais no Norte, existem numa quantidade inimaginável a alguém do Sul. Em todas as formas possíveis: além da própria fruta, há polpas, doces, sorvetes, bombons, sucos, iogurtes... Ao menos para mim, fica difícil controlar o impulso de sair comprando tudo.
Se a viagem é para São Paulo, os locais de compra podem ser o Mercado Municipal e o bairro da Liberdade. Na última ocasião, trouxe desde doces até cogumelos. Se estamos falando da Europa, são os queijos, presunto e vinhos. Na América do Sul de forma geral, erva-mate. Isso sem contar, claro, as pequenas surpresas, porque nelas é que muitas vezes está a graça. Encontrar coisas que provavelmente não traremos para o Brasil, como caracóis congelados em Lisboa, só isso já rende uma bela história de viagem. Assim como conversas entreouvidas entre carrinhos de compras.
Nota: siriguela é essa fruta da foto, que já encontrei em diferentes cidades do Nordeste e, particularmente, no supermercado que fica atrás do hotel em que costumo me hospedar em Fortaleza. Como eu nunca fotografei uma siriguela, e não tenho nenhuma à mão, tirei a imagem da Internet - no caso, daqui.