sábado, 2 de janeiro de 2010

Uns mais iguais que os outros (será?)

Uma das coisas que mais me fascinou na China foi conversar com as pessoas que eu encontrava lá. Mesmo que eventualmente a língua trouxesse algumas dificuldades, colhi histórias incríveis. Conversei, por exemplo, com uma senhora da Mongólia Interior que vendia suvenires na Grande Muralha e caminhou ao meu lado por um bom pedaço: ela me falou de sua família, de seu pais, de sua língua... Momentos que valeram muito mais que qualquer bugiganga que eu possa ter comprado.
Outra pessoa com quem conversei bastante foi a recepcionista da pousada em que me hospedei em Guilin. Era uma chinesinha tagarela que não perdia oportunidade de falar comigo. Perguntava do meu país e das minhas impressões de viagem e também me dava uma porção de dicas sobre a cidade. Aconteceu, porém, que fiquei lá durante alguns dias e, durante este tempo, fui tendo a impressão de que nem sempre ela me tratava da mesma maneira. Às vezes, falava pelos cotovelos e com um sotaque surpreendentemente claro; noutras vezes, ficava quase calada, como se não soubesse muito bem como se comunicar comigo.
O mistério se esclareceu apenas no último dia. Fiquei um pouco envergonhado, mas também pude rir comigo mesmo ao matar a charada: não só era uma moça, eram duas moças que se revezavam na pousada! E eu tive a sorte de encontrar as duas juntas na recepcção, pois, de outra maneira, não sei quanto tempo levaria para descobrir isso sozinho! E eu já estava ficando orgulhoso da minha habilidade em distinguir rostos orientais, que até então se mostrara bastante satisfatória...
Lembrei na hora do que havia me confessado, dias antes, um outro chinês: ao encontrar alguns ocidentais, ele costumava reparar nas roupas, pois era a melhor forma que conhecia de diferenciar uma pessoa da outra. Afinal, ele me dissera, os ocidentais têm todos a mesma fisionomia!

3 comentários:

Luísa disse...

Fabuloso!
Obrigada pela partilha de aventura, experi~encias de vida e maravilhosas conversas tidas!
Beijinhos e um 2010 recheado de sucessos cumulativos!

Sylvia Araujo disse...

A melhor herança das viagens é sempre algo que não ocupa espaço na mala. Ainda bem!
No nosso corpo e coração ficam impressas as sensações "ad eternum". E isso, meu caro, nem Mastercard paga!

Obrigada pela visita. Venho sempre. Volte sempre.

Anônimo disse...

Poxa legal. em que língua vc se comunica na china? Me diz uma coisa as moças da recepção depois soouberam da sua gafe? hehehe
abraços
Fabrício Santiago