Dale limosna, mujer,
que no hay en la vida nada
como la pena de ser
ciego en Granada.
Francisco Alarcón de Icaza
Granada, Andalucía (ou Andaluzia). Claro que a Espanha é um país de cultura vasta e complexa; mas eu considero Granada como a cidade que que se manifesta mais intensamente a atmosfera espanhola que aprendi a imaginar em casa e na escola. Aquela España de sangre y de sol.
Como tal, não é difícil adivinhar que, a despeito das belezas (e tanto Granada quanto a Andalucía de forma geral são plenas de belezas, sobretudo na arquitetura), a degustação plena desta região passa, principalmente, por um olhar atento à cultura local. Neste ponto, tive sorte: já na chegada (de trem, o que, na Europa, é todo um capítulo à parte), dirigi-me à hospedagem: nada menos que uma casa andaluza, simples mas completa e bem localizada, que tratei de alugar pessoalmente com irriquieta velhinha. Nenhum hotel ou pousada poderia ser mais pitoresco.
Mas a viagem, na verdade, começara muito tempo antes, nas histórias de família (que vão muito além do Dominguez espanhol que trago no nome) e nos sonhos de conhecer o que havia do outro lado do oceano. A Espanha foi minha primeira e inesquecível viagem desta magnitude. E ofereceu um mosaico (de azulejos andaluzes, talvez) fascinante, juntando porções já imaginadas ou experimentadas por mim (a língua, um pouco da culinária, algumas histórias) com outras inteiramente novas (nada é pleno enquanto não é vivido de fato).
O palácio mouro da Alhambra, talvez a principal joia histórica e arquitetônica da Espanha, fica em Granada, e só ele já compensa a visita à cidade. Não vou me estender sobre outros pontos (o Generalife, a Catedral, o Monastério) que os guias já descrevem com precisão. Mas é encantador chamar a atenção para o que vai além disto tudo, para o clima de mistério que emana de todas estas paredes medievais. Caminhar pelo Albaicín, o labiríntico bairro antigo, é uma experiência única. Lá, assim, como na Alhambra, o visitante acaba envolvido por um clima de Mil e Uma Noites que talvez exista apenas em pouquíssimos outros lugares. A influência mourisca está em toda a parte, e é uma delícia mergulhar nas lendas românticas de Granada. Quase se sente a presença, por exemplo, do rei que, derrotado, chorou ao abandonar a cidade e acabou encantado, dentro de uma montanha, onde está há séculos reorganizando seu exército para a retomada de Granada. E se a escolha é por uma noite ao som do flamenco, poucas coisas se comparam a um espetáculo oferecido por ciganos dentro de uma das cavernas que habitam há séculos. Sente-se, de mistura ao cantar flamenco, o eco de fantasias de todos estes séculos.
Outros aspectos da Espanha estão lá, como em todo o país: as tapas, o jamón, algumas das inúmeras variedades da paella, para ficar só no campo gastronômico. O sol, a sesta. Os laranjais. Convites aos sentidos e à imaginação. Granada, já antes de os espanhóis inaugurarem a história da América, era um reino prenhe de histórias. E assim continua: um lugar onde os ecos do passado se multiplicam, confundindo a lenda e a realidade, para criar lembranças e ilusões maravilhosas em casa novo visitante.
Como tal, não é difícil adivinhar que, a despeito das belezas (e tanto Granada quanto a Andalucía de forma geral são plenas de belezas, sobretudo na arquitetura), a degustação plena desta região passa, principalmente, por um olhar atento à cultura local. Neste ponto, tive sorte: já na chegada (de trem, o que, na Europa, é todo um capítulo à parte), dirigi-me à hospedagem: nada menos que uma casa andaluza, simples mas completa e bem localizada, que tratei de alugar pessoalmente com irriquieta velhinha. Nenhum hotel ou pousada poderia ser mais pitoresco.
Mas a viagem, na verdade, começara muito tempo antes, nas histórias de família (que vão muito além do Dominguez espanhol que trago no nome) e nos sonhos de conhecer o que havia do outro lado do oceano. A Espanha foi minha primeira e inesquecível viagem desta magnitude. E ofereceu um mosaico (de azulejos andaluzes, talvez) fascinante, juntando porções já imaginadas ou experimentadas por mim (a língua, um pouco da culinária, algumas histórias) com outras inteiramente novas (nada é pleno enquanto não é vivido de fato).
O palácio mouro da Alhambra, talvez a principal joia histórica e arquitetônica da Espanha, fica em Granada, e só ele já compensa a visita à cidade. Não vou me estender sobre outros pontos (o Generalife, a Catedral, o Monastério) que os guias já descrevem com precisão. Mas é encantador chamar a atenção para o que vai além disto tudo, para o clima de mistério que emana de todas estas paredes medievais. Caminhar pelo Albaicín, o labiríntico bairro antigo, é uma experiência única. Lá, assim, como na Alhambra, o visitante acaba envolvido por um clima de Mil e Uma Noites que talvez exista apenas em pouquíssimos outros lugares. A influência mourisca está em toda a parte, e é uma delícia mergulhar nas lendas românticas de Granada. Quase se sente a presença, por exemplo, do rei que, derrotado, chorou ao abandonar a cidade e acabou encantado, dentro de uma montanha, onde está há séculos reorganizando seu exército para a retomada de Granada. E se a escolha é por uma noite ao som do flamenco, poucas coisas se comparam a um espetáculo oferecido por ciganos dentro de uma das cavernas que habitam há séculos. Sente-se, de mistura ao cantar flamenco, o eco de fantasias de todos estes séculos.
Outros aspectos da Espanha estão lá, como em todo o país: as tapas, o jamón, algumas das inúmeras variedades da paella, para ficar só no campo gastronômico. O sol, a sesta. Os laranjais. Convites aos sentidos e à imaginação. Granada, já antes de os espanhóis inaugurarem a história da América, era um reino prenhe de histórias. E assim continua: um lugar onde os ecos do passado se multiplicam, confundindo a lenda e a realidade, para criar lembranças e ilusões maravilhosas em casa novo visitante.