Era assim no antigamente, naqueles velhos reinos de Goiás.
Cora Coralina
Suponho que nem todos iriam gostar de uma cidade como Pirenópolis. Alguns provavelmente sentiriam falta do agito. Mas, ora bolas, de que serviria a unanimidade, ainda que ela existisse? Melhor deixar como está: Pirenópolis pequenina como um vintém de cobre, Pirenópolis grande como o coração da goiana Cora, autora de Vintém de Cobre.
Pirenópolis é assim: uma daquelas cidadezinhas que dão a impressão de caber na palma da mão mas que, como uma relíquia, guardam lindas surpresas. Adoro esses pedaços de mundo que permitem passeios entre calçamentos pé-de-moleque e paredes coloniais. Adoro as histórias de antigas tradições que estas paredes contam: é como se ouvíssemos o ano inteiro o galope das cavalhadas. Cruzar um batente e confirmar que aquela comida simples do interior é, mesmo, insuperável. Andar um pouco e descobrir que o rio se transforma em cachoeiras. Ah! Não admira que cenários assim inspirem os violeiros: por mais previsíveis que possam ser as rimas, são sinceras as canções.
E, no meio de tudo isso, há, sim, surpresas. Eu comecei a suspeitar quando reparei que, nas ruas e nas fotos, apareciam mais fucas do que seria razoável. Não poderia ser coincidência. Muitos fucas, às vezes vários deles enfileirados ao longo da calçada. Seria uma ilusão? Uma invasão? Por mais que uma cidade nostálgica combine com um carro nostálgico, eu não conseguia entender. E os fuquinhas não paravam de surgir. Bem, o que descobri, depois de me ver cercado deles, é que, por algum motivo, a pequena Pirenópolis é conhecida como a cidade do fusca e sede do Pirifusca - Clube do Fusca de Pirenópolis.
Minha visita já faz mais de um ano e não pude ainda retornar, entre outros motivos porque Pirenópolis, a meio caminho entre Goiânia e Brasília, está um tanto longe de nós do Sul/Sudeste. Mas, quando voltar, já sei com que carro quero entrar na cidade.
Notas
Vintém de Cobre é um dos livros de Cora Coralina, poetisa maior do estado de Goiás e notavelmente da cidade de Goiás, não muito longe de Pirenópolis.
Fuca é como chamamos no Rio Grande do Sul este bólido que em outras partes do Brasil chamam de fusca e que em Portugal chamam de carocha. Por estranho que possa parecer a quem esteja acostumado à palavra fusca, parece que fuca está mais próxima da origem do vocábulo, que seria a corruptela da pronúncia alemã de VW.
Pirenópolis é assim: uma daquelas cidadezinhas que dão a impressão de caber na palma da mão mas que, como uma relíquia, guardam lindas surpresas. Adoro esses pedaços de mundo que permitem passeios entre calçamentos pé-de-moleque e paredes coloniais. Adoro as histórias de antigas tradições que estas paredes contam: é como se ouvíssemos o ano inteiro o galope das cavalhadas. Cruzar um batente e confirmar que aquela comida simples do interior é, mesmo, insuperável. Andar um pouco e descobrir que o rio se transforma em cachoeiras. Ah! Não admira que cenários assim inspirem os violeiros: por mais previsíveis que possam ser as rimas, são sinceras as canções.
E, no meio de tudo isso, há, sim, surpresas. Eu comecei a suspeitar quando reparei que, nas ruas e nas fotos, apareciam mais fucas do que seria razoável. Não poderia ser coincidência. Muitos fucas, às vezes vários deles enfileirados ao longo da calçada. Seria uma ilusão? Uma invasão? Por mais que uma cidade nostálgica combine com um carro nostálgico, eu não conseguia entender. E os fuquinhas não paravam de surgir. Bem, o que descobri, depois de me ver cercado deles, é que, por algum motivo, a pequena Pirenópolis é conhecida como a cidade do fusca e sede do Pirifusca - Clube do Fusca de Pirenópolis.
Minha visita já faz mais de um ano e não pude ainda retornar, entre outros motivos porque Pirenópolis, a meio caminho entre Goiânia e Brasília, está um tanto longe de nós do Sul/Sudeste. Mas, quando voltar, já sei com que carro quero entrar na cidade.
Notas
Vintém de Cobre é um dos livros de Cora Coralina, poetisa maior do estado de Goiás e notavelmente da cidade de Goiás, não muito longe de Pirenópolis.
Fuca é como chamamos no Rio Grande do Sul este bólido que em outras partes do Brasil chamam de fusca e que em Portugal chamam de carocha. Por estranho que possa parecer a quem esteja acostumado à palavra fusca, parece que fuca está mais próxima da origem do vocábulo, que seria a corruptela da pronúncia alemã de VW.