
Outra pessoa com quem conversei bastante foi a recepcionista da pousada em que me hospedei em Guilin. Era uma chinesinha tagarela que não perdia oportunidade de falar comigo. Perguntava do meu país e das minhas impressões de viagem e também me dava uma porção de dicas sobre a cidade. Aconteceu, porém, que fiquei lá durante alguns dias e, durante este tempo, fui tendo a impressão de que nem sempre ela me tratava da mesma maneira. Às vezes, falava pelos cotovelos e com um sotaque surpreendentemente claro; noutras vezes, ficava quase calada, como se não soubesse muito bem como se comunicar comigo.
O mistério se esclareceu apenas no último dia. Fiquei um pouco envergonhado, mas também pude rir comigo mesmo ao matar a charada: não só era uma moça, eram duas moças que se revezavam na pousada! E eu tive a sorte de encontrar as duas juntas na recepcção, pois, de outra maneira, não sei quanto tempo levaria para descobrir isso sozinho! E eu já estava ficando orgulhoso da minha habilidade em distinguir rostos orientais, que até então se mostrara bastante satisfatória...
Lembrei na hora do que havia me confessado, dias antes, um outro chinês: ao encontrar alguns ocidentais, ele costumava reparar nas roupas, pois era a melhor forma que conhecia de diferenciar uma pessoa da outra. Afinal, ele me dissera, os ocidentais têm todos a mesma fisionomia!