sábado, 1 de setembro de 2018

Nós entre os helvéticos

Lucerna
É fácil se deixar levar por estereótipos ao pensar na Suíça. Afinal, eles são muitos - não é à toa que Asterix entre os helvéticos é um dos livros mais divertidos do guerreiro gaulês. Os relógios, os queijos, o chocolate, Guilherme Tell, as vacas com sinos no pescoço... não faltam imagens icônicas. Isso, de certa forma, cria uma série de expectativas para uma viagem até lá.
No meu caso, eu pensava na Suíça como um país de montanhas nevadas. Claro que não esperava vê-las assim no verão - de fato, não havia neve. Mas as montanhas estavam lá e pelo menos parte da estrutura também chama a atenção no verão: notadamente os teleféricos e os tobogãs.
Mas a memória visual que guardei da Suíça acabou sendo outra que não a dos Alpes. Foi a das cidades suíças, muitas delas parecidas entre si: situadas no meio de um vale, cortadas por um rio de águas claras e salpicadas de casas em estilo enxaimel. Um lugar bonito, limpo e organizado, como aliás convinha a um país famoso por essas qualidades. Caminhar por elas, à toa, era sempre muito gostoso.
Chocolate!
Em termos de comida, fartamo-nos do óbvio: os supermercados têm uma grande e saborosa seleção de queijos e chocolates. Destes últimos, há também várias lojas de marcas artesanais de encher os olhos e esvaziar os bolsos. Mas a grande pedida foi, mesmo, a fábrica e loja da Lindt no cantão de Zurique. Uma tentação - perdição ou salvação, dependendo da crença de cada um. Como somos devotos de São Chocolate, fomos ao paraíso (e voltamos com um bom farnel para nos valer durante a continuação da viagem).
Do doce ao salgado, de um paraíso a outro. A Suíça é também a terra do fondue, afinal de contas. Uma refeição suíça à base de fondue é alegria garantida, ainda mais quando se tem gratas surpresas, como descobrir uma variedade à base de morels (o rei dos cogumelos, na minha opinião). Só este fondue já fez valer a viagem. Mas, ainda no campo queijeiro gastronômico, não dá para esquecer de citar o raclette (queijo derretido) e, para seguir na onda beata, la religieuse (a imperdível casquinha de queijo que se raspa do fundo da panela de fondue).
Monte Pilatus (e a pista do tobogã)
Depois da comida, um pouco de exercício para queimar as calorias. Perdemos um pouco por ir até lá numa época que não era de neve mas, em compensação, tínhamos as montanhas verdes e floridas à nossa disposição. Sobe-se nelas através dos teleféricos, que funcionam tanto no verão quanto no inverno, e lá no alto pode-se aproveitar as trilhas em meio à natureza e a vista em redor. De quebra, descobrimos uma bela diversão alpina: os tobogãs suíços! Para nosso pesar, não pudemos experimentar o maior deles, no monte Pilatus, pois ele estava fechado devido à chuva que tinha caído na noite anterior. Compensamos a falta em Berna, onde outro tobogã, um pouco menor mas bem mais conveniente, por ser perto do centro da cidade, fez a nossa alegria.
Ursos de Berna
Berna, aliás, que tem como curiosidade a sua relação com os ursos. Eles estão no nome e no emblema da cidade. Estão espalhados pelo centro na forma de esculturas diversas que celebram o animal. E ainda, claro, no parque que abriga os ursos de verdade. Mas, se Berna é a cidade dos ursos, é também a cidade dos cachorros, entre eles os são-bernardos - assim como os ursos, encontramos tanto são-bernardos reais quanto de mentira, em esculturas coloridas que formam uma espécie de dog parade.
Leão de Lucerna, de Thorvaldsen
De animal em animal, chegamos ao leão de Lucerna. Este não é um leão de verdade como o são os ursos de Berna; trata-se de uma escultura de Thorvaldsen (artista dinamarquês cujo museu em Copenhague vale a visita). A representação do leão abatido é uma alegoria em homenagem a soldados suíços que teriam morrido de forma heróica no século XVIII - uma história um pouco obscura para nós hoje em dia, o que não torna a escultura menos expressiva. De bater palmas para o artista.
Num país assim tão variado, nem surpreende que se falem diferentes línguas. Ao final, todos se entendem - nem precisaria da ONU quem pode se sentar a uma mesa cheia de queijos suíços.

2 comentários:

Renata Teixeira disse...

E tem o grande Boiadeiro Bernês, tão fofo como todo cachorro gordo! Lembro que encontramos em um mesmo parque, um São Bernardo e um Boiadeiro Bernês, ambos correndo e brincando na água. E os diversos gansos e patos em todos os lagos! Outro dia falamos sobre a casa de insetos que encontramos em um dos vários parques. Uma casa feita com diversos tipos de madeiras e bambus, com diferentes tamanhos para servir de casa para os insetos, já que nós, os humanos, estamos destruindo o lar de todos os bichos. Todos os dias quando passo por um Lindt no supermercado ou onde quer que seja, lembro da nossa visita àquela fábrica e no quanto saímos com excesso de peso daquela loja!!! Tanta lembrança boa! Ah, que vontade de voltar a esse país! <3

Eduardo Trindade disse...

Adoro tuas palavras! Assim revivemos os passeios e reavivamos as lembranças. Sim, vimos cachorros e bichos, e comida, e tanta coisa boa! Que saudade!