quinta-feira, 22 de março de 2018

PyeongChang 2018: no frio também tem Jogos Olímpicos, sim, senhor!

Biatlo
O calor reinante em jogos como os do Rio 2016 faz até com que a gente esqueça que as Olimpíadas também têm uma versão de inverno a cada quatro anos. Pois têm e, embora sejam menos grandiosos que os Jogos Olímpicos de Verão (até porque esportes de inverno são naturalmente menos universais que os de verão), são fantásticos. E com uma vantagem, ao menos para nós, brasileiros: são uma excelente oportunidade de acompanhar de perto esportes com os quais normalmente não temos contato.
Assim a ideia de um dia, se houvesse oportunidade, presenciar os Jogos de Inverno foi se tornando um plano concreto. PyeongChang, 2018, estava cada vez se aproximando mais! Verdade que não se tratava de uma viagem fácil de planejar - era um lugar distante, sobre o qual se tinha pouca informação, e que não falava a nossa língua... 
Interior de um "discreto" ônibus entre Gangneung e PyeongChang
Mas deu tudo certo, e foram Jogos fantásticos. A única grande dificuldade, a meu ver, foi o transporte. O problema é que os eventos se dividiam entre dois grandes centros: em PyeongChang propriamente dita ficava a parte de neve, na região montanhosa; a 50 km dali, em Gangneung, ocorriam os eventos de gelo, em ginásios fechados. Foi colocado um batalhão de linhas de ônibus circulando entre os diversos pontos e também entre as cidades vizinhas. Mas o que era para funcionar bem tinha alguns problemas básicos de organização. Algumas linhas demoravam demais para passar, enquanto outros ônibus se acumulavam no pátio. E os próprios itinerários pareciam não ter sido pensados de forma otimizada, sendo necessários três ônibus diferentes para se locomover entre os dois principais centros de Gangneung e PyeongChang, quando o lógico seria ter um ônibus direto nesse trajeto.
A diversão já começou antes, pesquisando sobre as modalidades e decidindo o que iríamos querer ver.   Algumas escolhas já sabíamos bem, outras tiveram de ser mais pensadas. Acontece que há eventos que são melhores para se assistir ao vivo, outros eu acho que são melhor acompanhados pela televisão. Escolhemos entre os primeiros, claro. Por isso, competições como o bobsled acabaram ficando de fora da nossa lista.
Esqui cross-country
Os dois primeiros dias dedicamos aos esportes de neve. Começamos pelo esqui cross-country, uma modalidade à qual terminei me afeiçoando. E acabou sendo muito bom, ainda mais porque se tratava de uma das competições mais democráticas dos Jogos de Inverno. Sim, eu falei aí em cima que são Jogos menos universais que os de verão; nem todo mundo tem invernos rigorosos, neve ou mesmo dinheiro para comprar equipamentos. Mas o esqui cross-country acaba sendo um dos esportes de inverno mais acessíveis para quem não tem... inverno. Assim, pudemos ver atletas de lugares tão diversos e improváveis como Groenlândia, Andorra e Liechtenstein (que têm neve, mas não têm tanta tradição); Mongólia e Coreia do Norte (que vemos raramente, qualquer que seja o evento); Tailândia e Bermudas (que têm clima tropical); e, especialmente, o Brasil. Nossa pátria de chuteiras, digo, de esquis foi representada (muito bem) pelo jovem Victor Santos, e simplesmente torcer por ele já nos valeu o ingresso.
Vimos também o biatlo, que, como competição, é ainda mais dinâmico: trata-se de esqui cross-country combinado com tiro. Errar ou acertar cada alvo pode fazer a diferença no resultado final. Muita coisa acontece ao mesmo tempo e é difícil acompanhar toda a movimentação mas, justamente por isso, não falta ação. Incrível!
Agora, se tem uma coisa que foi difícil saber a exata dimensão com antecedência, essa coisa foi o frio. E como faz falta umas boas botas e um bom par de meias! Havia uma espécie de abrigo, um salão fechado cheio de aquecedores elétricos. Entre uma competição e outra, ia todo mundo para dentro do abrigo, tentando se esquentar ao máximo na frente dos aquecedores antes de sair novamente para o frio! Menos mal que nos dias seguintes veríamos competições em ginásios fechados, portanto relativamente bem mais quentes. Mas o frio, apesar de exagerado, foi, de certa forma, parte da história. Afinal, não se fazem Jogos de Inverno sem ele.
Continuação da crônica sobre os Jogos de PyeongChang aqui.

2 comentários:

Renata Teixeira disse...

Jogos olímpicos! Inverno! Duas coisas que aprendi a amar ao primeiro contato. Mesmo congelando na volta pra casa do cross-country, valeu muito a pena. A logística do evento foi bem complicada, concordo que faltou otimização e nos gerou bastante estresse no início. Nosso lar doce lar foi um show a parte! Ótima localização, além de um mimo. Torcer pelo Vitor Santos e ver a excelente participação dele foi muito especial. Claro, não posso deixar de mencionar nossos super gorros!!!

Eduardo Trindade disse...

Olimpíadas são demais! Ver esportes emocionantes com que normalmente não temos contato; ver gente de praticamente todos os lugares do planeta; estar numa cidade que se preparou cuidadosamente para receber visitantes (apesar de alguns problemas pontuais) é muito bom mesmo! E, claro, nossos gorros! Quem sabe eles ainda não ganham um capítulo só deles aqui?