Mais um ano se passou e aqui está ele novamente: o Guia Puffin de Gastronomia! Neste começo de 2017, o Guia Puffin chega à terceira edição, sempre com o mesmo nobre objetivo de listar os melhores restaurantes do ano anterior. 2016 foi movimentado em todos os sentidos - inclusive o gastronômico! E é sempre um prazer para mim e para a Renata relembrarmos algumas das refeições mais especiais que tivemos. A propósito, ela é vegetariana, então quem não come carne pode ficar tranquilo que todos os restaurantes listados aqui atendem às exigências de vegetarianos, carnívoros e onívoros!
Foi mantido o critério de deixar de fora os restaurantes que apareceram nas edições anteriores (2015 e 2016) para, assim destacar as novas descobertas. Também como nos outros anos, o Guia Puffin de Gastronomia distribuiu entre uma e três enguias para os estabelecimentos que proporcionaram as mais excepcionais experiências gastronômicas - não só a comida, mas também o atendimento, o ambiente, enfim, a experiência completa. Desta vez, dois restaurantes tiveram o privilégio de se juntar a Olympe, Le Louis XV e Maaemo no seleto grupo dos agraciados com três enguias.
Enfim, rufem os tambores que aqui está ele: o novo Guia Puffin de Gastronomia!
Riso Bistrô, Rio de Janeiro - 1 enguia
Cozinha: João Paulo Frankenfeld
O restaurante tem mesas num pátio interno tranquilo e aconchegante que, de cara, impressiona pela beleza. Como o nome sugere, há risotos, mas o cardápio se expandiu e hoje vai bastante além dos pratos com arroz. Perfeito para um jantar romântico com um leve toque de sofisticação, o Riso Bistrô é daqueles endereços que deixam a gente a vontade de voltar mais uma vez.
Tamboril, Brumadinho - 1 enguia
Cozinha: Dailde Marinho
Tamboril é o nome de uma árvore, de um peixe e também de um dos restaurantes localizados dentro do parque-museu de Inhotim. Este, por si só, já vale a visita e faz com que o ambiente da refeição seja dos mais agradáveis. Além disso, sendo um buffet livre, o Tamborim mostra que nosso guia é eclético, com restaurantes que vão do "sirva-se você mesmo" ao menu degustação. Mas não é só isso, a comida é boa, variada e farta. Ou seja, vale a pena!
Koks, Kirkjubøur - 2 enguias
Cozinha: Paul Andrias Ziska
É, sem dúvida, o restaurante de localização mais espetacular que já visitamos. O ambiente tem janelas amplas que aproveitam o melhor da paisagem das Ilhas Faroe, e o sofisticado menu também é claramente faroês, ou seja, bastante peixe, frutos do mar e carneiro. A pouca variedade de vegetais das ilhas poderia ser um problema para o menu vegetariano, coisa que o restaurante contornou com bastante criatividade, exceto por um pecado capital: o menu vegetariano tem um prato a menos que o menu regular. Isso certamente custou ao Koks uma enguia na avaliação final, mas não desmerece as suas outras qualidades, que incluem uma saborosa harmonização do menu com sucos.
Cozinha: Fred Trindade
O restaurante tem um clima de bar que combina com Belo Horizonte. Mas não se enganem: é um "bar" primoroso, na verdade um restaurante que sabe recriar clássicos mineiros e apresentá-los de forma elegante e saborosa sem ser pedante. Aliás, convenhamos: quem pega a fina flor da cozinha mineira e consegue melhorá-la ainda mais merece crédito!
Cozinha: Floriano Spiess
O restaurante une referências internacionais, especialmente asiáticas, com ingredientes do sul do Brasil. E a aparente mistura, executada com maestria, funciona muito bem. Além disso, toda a seleção do menu teve um cuidado e um carinho dignos de nota. Embora o próprio Floriano Spiess não estivesse lá na noite em que visitamos seu restaurante, fomos recebidos pelo chef executivo que nos apresentou cada prato e ao final ainda reservou um tempo para conversar conosco, o que valorizou ainda mais a noite.
Cozinha: Felipe Bronze
Felipe Bronze e o Oro dispensam apresentações. E, após a visita, podemos dizer que a fama é merecida. É visível o cuidado com os detalhes para fazer uma cozinha de vanguarda onde se percebem diferentes influências internacionais. Uma pequena ressalva é que os pratos do menu degustação vieram rápido demais, sem dar tempo suficiente entre um e outro para que os aproveitássemos. Em compensação, nossa sobremesa teve uma explosão de chocolate particularmente saborosa, perfeita para fechar com chave de "oro" a noite de chocólatras como nós.
Tête à Tête, São Paulo - 2 enguias
Cozinha: Gabriel Matteuzzi
Não é pouca coisa que, dentre as inúmeras opções de restaurantes de São Paulo, o Tête à Tête seja o único privilegiado a figurar na edição deste ano do Guia Puffin. Uma casa elegante e contemporânea como o seu menu. O chef foi pessoalmente à nossa mesa apresentar alguns pratos e falar sobre a escolha de certos ingredientes. Pode não parecer muito, mas é o tipo de cuidado atencioso que valorizamos!
Cozinha: Enrique Olvera
Na terra da comida de rua por excelência, o badalado Enrique Olvera se destaca com versões requintadas (e saborosas) de clássicos mexicanos. Nossa visita ao Pujol foi uma noite de comida farta e saborosa, onde ingredientes e preparações típicas mexicanas se sucediam para encher nossos olhos (e bocas), todas elas com o toque particular de cozinheiros criativos. Destaque para os pratos acompanhados de tortillas e para as inigualáveis versões do mole poblano de Enrique Olvera - preparação esta que é renovada a cada dia e já tinha mais de três anos quando fomos ao restaurante. Um único porém: ambiente um pouco mais barulhento do que o ideal.
Cozinha: David Johansen
Nossa ida ao Kokkeriet foi uma decisão de última hora. E foi uma das decisões mais acertadas de 2016. O restaurante funciona num endereço relativamente simples e discreto, onde somos recebidos por uma das equipes mais simpáticas que já vimos. Pedimos menu degustação harmonizado com sucos (um requinte que sempre conta pontos na nossa avaliação). Então somos agraciados com horas de uma quase interminável sequência que tem como protagonistas alguns dos melhores pratos da cozinha dinamarquesa contemporânea servidos em apresentações de encher os olhos. Tudo perfeito, digno da nota máxima na escala de enguias do Guia Puffin!
Cozinha: Gordon Ramsay
o chef Gordon Ramsay é, sem dúvida, a figura mais conhecida dentre os premiados deste ano e este, que é seu restaurante mais emblemático (flagship restaurant, como dizem os britânicos), é também o mais concorrido, exigindo reserva com certa antecedência. Isso faz com que a expectativa (e consequentemente a exigência) sejam maiores. O ponto é: expectativa e exigência, neste caso, são plenamente atendidas. Por fora, o endereço é discreto. Por dentro, é sofisticado sem ser extravagante. Logo fica claro que a estrela, sem sombra de dúvidas, é a comida - impecável, saborosa, inigualável, trazida e servida no ritmo ideal. Os garçons parecem uma orquestra que se move, elegantemente, em torno da sinfonia gastronômica que os comensais têm o privilégio de experimentar. No final, não resta dúvidas: três enguias e a vontade de aplaudir de pé.