quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Uma cidade nas montanhas da Eslováquia
Banská Štiavnica é uma pequena cidade nas montanhas da Eslováquia. Chega-se a ela após dirigir cerca de duas horas desde a capital Bratislava, incluindo um serpenteante trecho de subida. Esse trecho requer especial cuidado nas condições em que o percorremos - à noite e na neve do inverno. Pois o simpático e valente Škoda (como resistir à tentação de dirigir um carro local?) fez a subida sem reclamar. Já bem perto do destino final, a estrada volta a descer um pouco, visto que, a rigor, a cidade se localiza numa depressão, uma espécie de vale entre as montanhas. No vale e nas encostas que o cercam, em antigas ladeiras, estende-se Banská Štiavnica.
(A propósito: uma das histórias contadas por lá diz que as mulheres de Banská Štiavnica estavam entre as preferidas dos homens da região. O motivo? As suas pernas fortes, cultivadas às custas de subir e descer colinas.)
Pois então. Como eu dizia, chegávamos em Banská Štiavnica, o GPS indicava faltar uns 100 m até nossa pousada e lá ia eu fazer a última curva do trajeto. Noite fechada, neve dos dois lados da estrada que, agora, se resumia a uma rua íngreme. Então senti um pneu deslizar - gelo! O carro escorregou ligeiramente e não saiu mais do lugar. Estávamos atolados na neve. O Škoda certamente já teria enfrentado situações mais exigentes mas, em compensação, era a primeira experiência do humilde cronista que vos fala numa subida nevada. Valeu mais a minha inaptidão: sim, estávamos atolados.
Feita a constatação, o próximo passo foi fracassar nas tentativas usuais de sair do atoleiro - eu não conseguia empurrar o carro, nem parecia haver tábuas, galhos ou pedras por perto que pudessem servir de ajuda, e o carro não conseguia tração. Olhávamos em volta e não havia vivalma.
Como nem tudo é desastre, porém, tínhamos tido a (relativa) sorte de parar bem perto do nosso destino. Assim, caminhando um pouco, achamos a Penzión Resla pri Klopačke, onde fomos atendidos por uma senhora que providenciou nosso check-in enquanto explicávamos a situação e pedíamos ajuda. A mulher era solícita, mas falava pouco e com um sotaque quase incompreensível! Entendemos que devíamos esperar ali na recepção. Já era tarde, estávamos cansados e preocupados mas, na falta de alternativa, esperamos. Até que nossa anfitriã reuniu um punhado de gente disposta a ajudar! Fomos até onde estava o carro e, com a ajuda de tantos braços, não foi difícil tirar o carro do atoleiro. Ufa!
Depois de uma noite de descanso no apartamento (gigante) da pousada, hora de descer para o café da manhã. Não havia ninguém na recepção. E nenhuma porta que indicasse uma cozinha ou refeitório. Vasculhei tudo. Esperei que alguém aparecesse. Em vão. Vasculhei mais, tentei alguma porta. Fechada. Toquei a sineta sobre o balcão. Nada. Voltei para o quarto. Esperei. Tornei a descer. Intrigado. Não sei por que, ocorreu-me abrir a porta que dá para a rua. Do lado de fora, no frio, um cartaz enigmático parece apontar para o café da manhã num prédio anexo. Bingo! Assim, aos poucos, íamos aprendendo como fazer para que Banská Štiavnica se deixasse desvendar. Quando saímos, depois de alimentados, descobrimos um pouco mais da pequena e bela cidade: não um, mas dois castelos; os prédios históricos; antigas minas de prata; uma rampa para trenós numa das ruas do centro; e um certo ritmo suave e silencioso que só se encontra nas pequenas cidades nevadas.
2 comentários:
- Renata Teixeira disse...
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Banská Štiavnica é um charme! Que cidade romântica! Perfeita para passear com você! Ficar atolado na neve não é dos acontecimentos mais confortáveis de uma viagem, mas ver a agilidade de um motorista local no nosso Škoda foi muito divertido! Quase como ver a destreza com que criancinhas de 3 anos descem montanhas nevadas e nós mal ficamos de pé - paradinhos como estátua! O hábito é tudo!
Essa viagem foi muito rica, os passeios pela rua, nossos restaurantes deliciosos, o jornal na cervejaria, o porco de neve!!!!
Vou torcer para que você redija mais um ou dois posts sobre Banská Štiavnica! - 7 de outubro de 2015 às 09:39
- Eduardo Trindade disse...
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Ah, o porco de neve! E o quarto enorme, tão grande que dava para se perder dentro dele... Foi uma viagem curta e gostosa. É muito bom passear contigo!
- 6 de janeiro de 2016 às 19:46
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