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Exposição de carros antigos |
Uma imagem fácil das
Ilhas Faroe seria a de um lugar pouco habitado, onde se vê mais paisagem natural do que gente e onde as opções de convívio social a que estamos acostumados - festas, cinemas,
shoppings - são limitadas. Bem, isso pode até ter um fundo de verdade: as ilhas têm mais ovelhas ou pássaros do que pessoas, e muitíssimo mais áreas desertas que habitadas; há um único
shopping (modestíssimo para os nossos padrões); e pode até haver cinema, mas os filmes que lá chegam, em geral, não são sequer legendados ou dublados na língua local.
Claro, isso não quer dizer que os faroeses não tenham seus momentos e espaços de convivência e lazer. Ao que parece, alguns desses momentos estão ligados aos tantos festivais anunciados por lá e ligados a certas datas do calendário, na melhor tradição nórdica, como o dia de Santo Olavo, que marca significativamente o auge do verão e a noite do feriado da
Ascensão. Tivemos a sorte de nossa viagem coincidir com outra dessas datas, o Dia da Cultura.
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Jogadores do B36 com as crianças |
Nunca imaginei ver tanta gente reunida nas ruas de Tórshavn, a pacata capital faroesa. Em alguns momentos, ficava até difícil caminhar. Tórshavn organizou uma programação realmente intensa, ao longo de todo o dia, com eventos simultâneos em diversos pontos da cidade. A maior parte do comércio do centro ficou aberta até tarde e com alguma programação especial. A loja de artigos esportivos, por exemplo, contou com a presença dos jogadores do
Bóltfelagið 1936 (B36), um dos dois maiores times de futebol do país, posando para fotos, autografando, conversando e jogando fla-flu (totó) com as crianças. A biblioteca tinha uma sequência de palestras e outros eventos; em um deles, um escritor lia uma de suas obras lá na Dinamarca continental, com transmissão direta por Skype. A loja de discos da
Tutl, a gravadora local, tinha uma programação de pequenos shows na calçada da rua. Na catedral haveria música sacra. No porto, passeios de barco. E havia ainda caminhadas e visitas guiadas, prédios públicos de portas abertas, exposições de arte e até mesmo um evento de carros antigos - fascinante para nós pois, mesmo que não haja tantos carros antigos num pequeno e remoto arquipélago europeu, eles são quase todos bem diferentes dos que vemos no Brasil.
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Desfile de trajes típicos da Marjun Heimá |
Havia também um desfile de moda que seria talvez o ponto alto do dia, o primeiro e único desfile de moda que vi até hoje. Mas não como os que poderíamos esperar ver em qualquer lugar. Parece que tudo nas Ilhas Faroe é único, incomum, tudo tem um encanto levemente surpreendente. Na rua principal da cidade, apinhada de gente, montaram um palanque por onde desfilou diante de nós a moda tradicional faroesa. Sim, um desfile de trajes típicos. Ou como queiram, da pilcha faroesa - a roupa usada por eles ao longo de séculos, quando muito com alguns toques de modernidade aqui ali - com vocês, a moda tradicional das Ilhas Faroe, coleção primavera-verão 2014 da
grife Marjun Heimá. Roupas típicas para a cidade, para o campo, para uma festa de casamento...
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Vejam a expressão da menina de azul à direita! |
Além das roupas em si, o mais legal é que as modelos (e os modelos) eram "gente como a gente". Uns jovens, outros de mais idade, outros ainda crianças em idade pré-escolar! Claro que esses últimos foram os que mais chamaram a atenção. Uma menininha toda envergonhada, coitadinha, tapando o rosto com uma mão e guiada pelo coleguinha com a outra mão. Outra menina, pelo contrário, acenava para todo mundo e parecia ter ganho o dia ao subir na passarela. Como não ficar encantado?
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Mais crianças da Marjun Heimá |