Quem viaja de avião conhece as indefectíveis intervenções ao microfone de comandantes e comissários de bordo. Apresentando os procedimentos de segurança, informando a temperatura no destino e a duração estimada do voo, anunciando a chegada e pedindo permaneçam sentados até a parada total da aeronave etc.
A finada WebJet tinha uma tripulação (deve estar na Gol agora) que se destacava justamente por fugir dessas convenções. Surpreendia. Tem alguns registros no YouTube, vale a pena dar uma olhada no que eu garimpei para colocar aqui em cima.
No nosso caso, foi num voo de Foz do Iguaçu para o Rio de Janeiro - um voo que já seria divertido pelo astral em que estávamos e pelo estudo de sociologia popular que é ver as pessoas alteradas, com sacolas e mais sacolas de muambas. Além disso, tivemos as gracinhas do comissário de bordo a cada vez que ele pegava o microfone. Quando chegamos e o avião tocou o solo, ele exultou: "isso não foi um pouso, foi um chamego no chão!" Um pouco depois, já parados, quando nos preparávamos para sair do avião: "passageiros com destino a Nova Iorque, favor continuar a bordo!"
Tempo depois, ainda lembramos daquele voo e, toda vez que a aeronave faz alguma aterrissagem particularmente suave, é impossível não brincar: um chamego no chão! Acontece que, nas últimas férias, em plena Escandinávia, num certo voo aconteceu justo o contrário - o pouso foi tudo, menos suave, a impressão era de que o piloto tinha jogado o avião violentamente contra a pista. Entreolhamo-nos e não foi preciso nenhum comissário como o da WebJet para que eu concordasse com a observação da Renata:
- Um pedala-robinho no chão!