Sempre gostei muito de jogos de tabuleiro. Quando criança, cheguei a passar horas debruçado sobre a mesa, ou mesmo no chão da sala, brincando. Havia os clássicos, como ludo e xadrez. E havia, claro, outro tipo de clássicos: Banco Imobiliário, Jogo da Vida, Detetive, Interpol... Lembram de Interpol? Aquele desafio em que um dos jogadores era o procurado Mister X e os demais tentavam capturá-lo, correndo atrás dele de táxi, ônibus, metrô. O tabuleiro era o mapa de uma cidade. A cidade era Londres.
Daí que os anos passaram – mind the gap – e em 2005, quando a caixa de Interpol já estava guardada há algum tempo, surgiu a oportunidade de uma viagem à Inglaterra. Minha segunda ida à Europa. Descobrir Londres, assim, foi como me aventurar num jogo de Interpol, mas um jogo saboroso em que eu não tinha pressa para fugir de eventuais adversários; a única justificativa para pressa era o tempo escasso de que eu dispunha. Embarquei. E naquele jogo, em que eu andava pelo tabuleiro da Londres real, pipocavam imagens emblemáticas, cenas de filmes e de um inconsciente formado ao longo dos anos. Tudo merecia ser descoberto ou, mais precisamente, redescoberto, pois, ainda que se tratasse de novidades, era um universo familiar: os táxis pretos, os ônibus de dois andares, as cabines telefônicas, os guardas da rainha que sequer piscavam o olho. Sem falar nos cartões-postais, como a ponte sobre o Tâmisa e o Big Ben.
Além disso, não faltaram as histórias menos convencionais. Encontrei uma Londres com um gosto peculiar por mistérios e relatos macabros (uma cidade adequada, portanto, à ambientação de Interpol): Jack, o estripador; Henrique VIII e Ana Bolena; o Museu do Terror; o Dead Man’s Corner (algo como “Beco do Homem Morto”).
E histórias mais amenas, não poucas ambientadas em endereços célebres. Quem nunca sonhou em pisar na faixa de pedestres de Abbey Road, atravessando a rua exatamente como os Beatles fizeram? Pois Abbey Road está lá e, por mais prosaico que seja o gesto, tê-la atravessado é daquelas coisas que merecem serem contadas aos netos. Sim, e que tal ir até o número 221B da Baker Street? Reconhecem o endereço? É a morada de Sherlock Holmes. Lá, fui recebido por seu amigo, Dr. Watson em pessoa, que me levou para conhecer a habitação. Na verdade, é um curiosíssimo museu; mas, no meio de tantas histórias reais que parecem inventadas e outras tantas lendas que parecem reais, quem saberia dizer se eu pisava o tabuleiro de um jogo ou o calçamento de uma cidade?
Fotos: alguns encontros londrinos - um guarda na rua... outro "guarda" na Torre... e Sean Connery, ou melhor, a sua reprodução em cera no museu Madame Tussauds.
Daí que os anos passaram – mind the gap – e em 2005, quando a caixa de Interpol já estava guardada há algum tempo, surgiu a oportunidade de uma viagem à Inglaterra. Minha segunda ida à Europa. Descobrir Londres, assim, foi como me aventurar num jogo de Interpol, mas um jogo saboroso em que eu não tinha pressa para fugir de eventuais adversários; a única justificativa para pressa era o tempo escasso de que eu dispunha. Embarquei. E naquele jogo, em que eu andava pelo tabuleiro da Londres real, pipocavam imagens emblemáticas, cenas de filmes e de um inconsciente formado ao longo dos anos. Tudo merecia ser descoberto ou, mais precisamente, redescoberto, pois, ainda que se tratasse de novidades, era um universo familiar: os táxis pretos, os ônibus de dois andares, as cabines telefônicas, os guardas da rainha que sequer piscavam o olho. Sem falar nos cartões-postais, como a ponte sobre o Tâmisa e o Big Ben.
Além disso, não faltaram as histórias menos convencionais. Encontrei uma Londres com um gosto peculiar por mistérios e relatos macabros (uma cidade adequada, portanto, à ambientação de Interpol): Jack, o estripador; Henrique VIII e Ana Bolena; o Museu do Terror; o Dead Man’s Corner (algo como “Beco do Homem Morto”).
E histórias mais amenas, não poucas ambientadas em endereços célebres. Quem nunca sonhou em pisar na faixa de pedestres de Abbey Road, atravessando a rua exatamente como os Beatles fizeram? Pois Abbey Road está lá e, por mais prosaico que seja o gesto, tê-la atravessado é daquelas coisas que merecem serem contadas aos netos. Sim, e que tal ir até o número 221B da Baker Street? Reconhecem o endereço? É a morada de Sherlock Holmes. Lá, fui recebido por seu amigo, Dr. Watson em pessoa, que me levou para conhecer a habitação. Na verdade, é um curiosíssimo museu; mas, no meio de tantas histórias reais que parecem inventadas e outras tantas lendas que parecem reais, quem saberia dizer se eu pisava o tabuleiro de um jogo ou o calçamento de uma cidade?
Fotos: alguns encontros londrinos - um guarda na rua... outro "guarda" na Torre... e Sean Connery, ou melhor, a sua reprodução em cera no museu Madame Tussauds.