Viagens, mesmo as mais singelas, rendem histórias. Crianças também. Imaginem agora juntar, na mesma cena, uma viagem e uma criança...
Eu estava no aeroporto, já no finger, ou seja, na ponte que leva até o avião. Prestes a embarcar, mais uma vez, para minha querência. Foi quando notei que, também prestes a embarcar, estavam uma mãe e sua filhinha. A guria não parava de correr para lá e para cá. Numa dessas, desvencilhou-se da mãe por uns instantes e veio para o meu lado. Olhamo-nos uns instantes, eu entretido e curioso, ela com olhos brilhantes e talvez mais curiosos ainda. Aproveitei e perguntei:
- Vais para Porto Alegre?
E ela:
- Não. - o que me intrigou, pois eu sabia qual era o destino do avião. Já imaginando alguma conexão incomum, voltei a perguntar:
- Ah, é? Vais para onde?
A menina:
- Para o avião, ora!
Óbvio, não é? Mesmo assim, não me dei por satisfeito:
- E o avião vai para onde?
- Para o céu, voando, não sabia? - respondeu a menina, enquanto voltava a correr para os braços da mãe e me deixava em suspenso, rindo e sorrindo sozinho.