O melhor da vida são os encontros. O melhor das viagens, provavelmente, também.
A vida me ofereceu o encontro com a Renata, minha querida companheira, amiga, parceira, amada, namorada e noiva... Mas noiva apenas por mais algumas horas, já que hoje mesmo estaremos entrando na igreja para formalizar tudo o que sentimos um pelo outro e queremos viver juntos. Uma grande responsabilidade e, sobretudo, uma grande felicidade.
Quisemos que este momento fosse especial de todas as formas possíveis, inclusive no lugar escolhido. Antes do inevitável impasse - onde fazer a cerimônia, no
Rio, no
RS, em
MG? - surgiu a semente da ideia de fazer num lugar que fosse bonito e especial para ambos. Incertos da resposta, procuramos contato com o padre, que foi mais que amável em nos acolher. E assim estamos agora em Suðuroy, a ilha que tem provavelmente as pessoas mais amáveis do planeta, prestes a nos casarmos!
O lugar é tão encantador que sua beleza não cabe nas fotos e torna pequenos os melhores superlativos. E as pessoas... Quando chegamos,
Tróndur estava lá, sorrindo para nós, de camisa canarinho do Brasil e calça azul (ele de mangas curtas e nós de casaco nos 10 graus do fim de tarde). Levou-nos até o endereço em que ficaríamos hospedados. Lá, sem que esperássemos, o casal dono da casa já havia estacionado um carro para deixar à nossa disposição e foi logo estendendo a chave e falando de um ou outro macete para ligar o carro e passar as marchas.
Tróndur nos mostrou a cidade, levou-nos para jantar, para pescar, abraçou uma grande bandeira do Brasil saída não sei de onde e pediu licença para hasteá-la cerimonialmente hoje.
Jónsvein, o padre, um homem simples que é só sorriso, fez um pequeno treino da cerimônia, que será bilíngue. Mostrou-nos a igreja, contando sua história e a origem de cada peça da decoração.
O irmão de Tróndur, ex-futebolista como ele, apresentou-nos sua casa, onde cultiva um jardim de sonho, pinta quadros e guarda um verdadeiro museu de relíquias, com camisas de times de futebol, troféus, fotos, discos, antigas ferramentas de trabalho do pai e do avô...
Depois, visitamos
Einar, que conversou, contou histórias do seu passado de pescador no Atlântico Norte, apresentou-nos sua filha que mora na casa em frente, convidou-nos para um café e chocolates.
Mais tarde, fomos visitados por um repórter do maior jornal das Ilhas que queria nos entrevistar e perguntou se podia ir à igreja tirar algumas fotos da cerimônia. (Todos pedem licença para assistir ao nosso casamento, como se fossem eles os intrusos e não nós.) Ao mesmo tempo, a dona da casa veio nos apresentar sua filha, que se ofereceu para arrumar cabelo e maquiagem de minha noiva, ajudá-la com o vestido e levá-la até igreja. Nisso tudo, quando percebemos, havia sete pessoas (e um
puffin) na casa, conversando, contando histórias, rindo. Sim, a vida (como as melhores viagens) é feita de encontros. Havia chance de eu não amar a mulher que vive, sente e pensa tudo isso da mesma forma que eu?