Ah,
mercados. Poucos lugares são tão convidativos para quem gosta de viagens e de gastronomia quanto um bom mercado. E a Cidade do México, com suas paisagens, cores, aromas e sabores razoavelmente exóticos, oferece exatamente isso: uma profusão de mercados e feiras para todos os gostos. Vendem de tudo, e não apenas comida.
O ideal seria provavelmente começar pelo
Mercado de la Ciudadela. Este é um mercado para turistas, que vende principalmente artesanato. São peças bonitas que remetem ao México: caveiras e esqueletos dançantes,
sombreros e chapéus diversos, figurinos de
mariachis e caubóis, camisetas e chaveiros com a turma do Chaves, tudo com muita cor. Quando estivemos por lá, havia relativamente pouca gente, o que ajudava a tornar o passeio por entre as bancas bastante agradável.
Depois, o
Mercado de San Juán, no centro da cidade. Digamos que esse é exatamente o que se espera de um mercado mexicano autêntico. Os espaços são mais estreitos e mais concorridos. Vende-se de tudo um pouco: utensílios domésticos, ferramentas, flores... Mas principalmente comida, muita comida. Queijos. Carnes. Verduras. Insetos. Pimentas. E frutas, muitas frutas. Com toda a certeza, é o lugar ideal para comprar o que quer que se necessite para um bom jantar - seja uma refeição em casa para os amigos ou um menu profissional num restaurante. No nosso caso, paramos para um suco de laranja. Ah, os sucos do México! Fartos, baratos e espremidos na hora. Em seguida, paramos ainda numa banca com jeito de restaurante - sim, o mercado tem uma praça de alimentação e restaurantes que servem desde a
boa comida de rua do México até pratos mais elaborados.
Entre um mercado e outro, e como descanso antes da empreitada seguinte, talvez seja uma boa procurar uma feira de rua - que os mexicanos chamam de
tianguis. Na Colonia (bairro)
Condesa há uma que é simplesmente uma delícia. Estende-se por algumas quadras, e se parece um pouco com as feiras de rua do Brasil. Com a diferença marcante, claro, de que o que se encontra são os produtos da terra. Variedades inéditas para nós de pimentas, milho, frutas, doces. Passeamos entre as bancas e nos oferecem provas de quase tudo. É impossível resistir. No nosso caso, mesmo sabendo que teríamos de deixar a cidade no dia seguinte, saímos de lá carregados de
mamey (uma fruta que é parente do sapoti e do mamão), figos, compota e suco.
Mas eu tinha falado que a passada pela feira era só um entreato antes da jornada seguinte... Visitar o
Mercado de Sonora, o "mercado das bruxas"! Esse não é para iniciantes, não mesmo. O Mercado de Sonora é a mais profunda acepção do que alguém poderia chamar de "mercado popular". Gigante. Caótico. Pronto a devorar seus visitantes.
Deixai toda a esperança, vós que entrais. Imaginem uma grande quantidade de venda de badulaques comprimida num espaço fechado e apertado. E com a oferta de produtos ainda mais ampla que em todos os outros mercados que percorremos. É como se, de certa forma, qualquer coisa pudesse ser encontrada aqui: brinquedos, roupas, cadernos, panelas, eletrônicos, frutas, peixes, carnes. E, obviamente, ervas. Poções. Incensos. Trata-se do mercado das bruxas. Ou, seja, do esoterismo e das soluções mágicas. Lembra um pouco Belém, mas incrivelmente atulhado e apinhado de gente. Chegamos ao coração do Mercado de Sonora, onde o aroma das ervas é mais intenso. Seguimos caminhando, mas sair de lá não é tão fácil: a região toda é uma espécie de complexo de mercados populares e, mesmo fora do prédio, ainda temos de caminhar um bom trecho serpenteando entre bancas de camelôs e gente indo e vindo. O curioso é que as pessoas parecem completamente à vontade naquela confusão. Não sei bem como mas, de alguma forma, o mercado tem espaço para todos os mexicanos.