sábado, 7 de julho de 2012

O que o Peru e o Maranhão têm em comum?

Refrigerantes!
Quem pisa no Maranhão dificilmente vai embora sem reparar no guaraná Jesus - rosada e dulcíssima instituição local que, dizem, é mais popular que a Coca-Cola naquelas paragens.
Lembrei disso quando ouvi, em Lima, que o refrigerante mais consumido do Peru é a Inca Kola, cor amarelo brilhante, sabor tão doce quanto o similar maranhense... ou quanto um punhado de balas de tutti frutti.
Há quem adore e não consiga viver sem; há quem deteste. Eu, que são sou fanático por refrigerantes, não perdi as oportunidades que tive de provar um e outro, justamente pelo que têm de inusitado. Sabores como esses ajudam a criar histórias, nem que seja por causa das risadas que inevitavelmente provocam quando relembramos aqueles momentos (ah, a cara do garçom orgulhoso da especialidade local enquanto olhávamos para ele mais do que desconfiados daquelas bebidas estranhas!).
Se a Inca Kola é uma refrigerante obviamente industrializado, um outro símbolo peruano que pode ser produzido artesanalmente é a chicha morada - espécie de suco de milho roxo (sim, milho roxo!) com temperos. Claro que também provei dela, mas confesso que foi um pouco mais difícil mandá-la goela abaixo - falta de paladar treinado ou de gosto adquirido, talvez - o que não me impediu de trazer para casa um envelopinho de chicha morada em pó.
Outros lugares também têm os seus sabores marcas-registradas, alguns com evidentes referências (anti?)globalizantes. Nos países da ex-Iugoslávia, é a Cockta, refrigerante de cor escura e rótulo vermelho, que fiquei imaginando que seria uma alternativa nacional à Coca-Cola em tempos de regime comunista. O sabor tem sim um quê de coca-cola, mas com um fundo amargo que me desagradou - mais uma vez faltou, talvez, o tal gosto adquirido.
Na ilha de Malta, provei um dos refrigerantes de sabor mais exótico que conheço: Kinnie, que lembra uma mistura de água tônica e guaraná e tem a cor deste último. Aprovado.
E, claro, no Uruguai experimentei várias vezes os refrigerantes de pomelo, no começo achando-os ácidos e amarguíssimos, depois apaixonado pelas lembranças que eles me evocavam. Gosto adquirido.