sábado, 16 de junho de 2012

Eppur si muove


Esfera armilar
E é gratificante que esteja em movimento - o planeta, a mente, a nossa capacidade de descobrir, criar e ir além.
Uma das boas surpresas que Florença me reservou foi o Museu Galileu (Museo Galileo), prato cheio para qualquer viajante interessado por ciência. Como é o meu caso.
Embora leve apropriadamente o nome de Galileu, o museu vai muito além de ser dedicado apenas ao homem que é considerado um dos criadores do método científico. Verdade que não faltam instrumentos e dispositivos criados ou imaginados por Galileu. Mas, mais do que isso, trata-se de um museu sobre a história da ciência. E eu não me lembro de história mais fascinante que a da evolução do conhecimento humano.
Estando localizado onde está, é claro que a primeira referência teria de ser o próprio Galileu Galilei, filho ilustre da Toscana. Impossível não lembrar que ali perto, em Pisa, foi feito o famoso experimento que demonstrou que objetos em queda têm a mesma aceleração, independente de sua massa. Difícil não se emocionar vendo os próprios telescópios que deram ao homem uma visão mais clara do seu lugar no universo.
E então se vai além: no museu há uma infinidade de engenhosos sistemas mecânicos, químicos e elétricos que permitiram aos primeiros cientistas realizar seus estudos. Esferas armilares (fundamentais à navegação séculos antes do GPS), termômetros, barômetros, relógios, calculadoras manuais... Objetos que nos fazem pensar, tão habituados que estamos a computadores e instrumentos de precisão, no quanto os recursos tecnológicos evoluíram ao longo do tempo. Vivendo numa época em que a maioria das pessoas que eu conheço inverte matrizes algébricas (sem dar por elas!) com a ponta dos dedos num teclado de computador, passei a valorizar mais quem já fazia ciência no século XVII e resolvia problemas de cálculo antes mesmo da invenção do cálculo.
Uma avó da tabela periódica
Em termo de museus, o mais famoso e badalado de Florença é, sem dúvida, a Galleria degli Uffizi, casa de impressionantes pinturas e esculturas renascentistas. Mas eu gostei foi de saber que ali perto, no Museu Galileu, reside um pouco da história da ciência. Que afinal a arte não faz sentido se não andar ao lado da ciência, e vice-versa.

4 comentários:

Isa Lisboa disse...

Gostaria muito de conhecer Florença, bem como a zona da Toscana em geral. E as ideias que dá para visitar parecem-me ser de apontar!

Arthur R. P. Santos disse...

Fiquei curioso de como se usa uma esfera armilar.

Eduardo Trindade disse...

"Grosso modo", Arthur, a esfera armilar é um modelo do céu (da posição dos corpos celestes). Ela permite estimar a posição em que os principais astros devem ser encontrados e, comparando essa posição prevista com a posição observada (com um astrolábio ou sextante) é possível calcular a localização do observador (um sextante sozinho não serve para muita coisa, porque a medida dele precisa ser comparada com algum outro dado). Com o tempo, como as esferas eram pouco precisas, foram substituídas por almanaques náuticos, que são livros com os dados todos tabelados. E depois, claro, o GPS desbancou tudo isso.

Renata Teixeira disse...

Que inveja dessa tua visita! Como já te contei (e também o porquê) não fui a esse museu e sofro pois tenho certeza de que me apaixonaria por ele. Acabei de me lembrei da promessa de te levar no Museu de Ciências de Boston, você vai se encantar, não tenho dúvidas.