Sabemos que, há alguns séculos, não se falava em água encanada nas casas, isto seria um luxo inimaginável mesmo para as famílias abastadas. Daí a importância das fontes públicas de água, comuns nas cidades e vilas pelo Brasil afora. O interessante é que, em muitos lugares, ainda hoje pode-se ver algumas destas fontes preservadas e imaginar a rotina daqueles tempos, em que a dona de casa (ou, no mais das vezes, um escravo ou escrava) ia diariamente até a fonte buscar água para a cozinha, para a higiene da família, enfim, para todos os usos. Havia também a figura do aguadeiro, profissão herdada dos ibéricos e já desaparecida, que percorria as ruas oferecendo barris de água. Conta-se que os aguadeiros formavam filas nas fontes ou chafarizes, onde se abasteciam, antes de sair apregoando água fresca para a população.
E quem vai a Minas Gerais tem um prato cheio para se observar as fontes remanescentes desta época, pois muitas foram conservadas e algumas até ainda jorram água. Vale registrar algumas delas.
Chafariz da Glória, em Ouro Preto, com as tradicionais carrancas que jorravam água.
Chafariz do Pilar, também em Ouro Preto, um dos que foram restaurados para voltar a fornecer água como no século XVIII. Detalhe para as flores de jacarandá que formam um belo tapete na primavera.
Chafariz de São José, na pequena Tiradentes, um dos mais imponentes. Servia para abastecimento da população, para as lavadeiras de roupas e também como bebedouro para animais, principalmente cavalos. Notem que possui até mesmo um oratório no centro.
E este obviamente não é um chafariz histórico de Minas, mas sim uma peça do variado artesanato em pedra-sabão daquele estado. Trouxe-o de Ouro Preto, torcendo para que não se quebrasse na viagem, e hoje ele faz parte da minha galeria de lembranças de viagem.