Ah, Guatemala! País tão pouco conhecido pela maioria dos brasileiros. Tão obscuro, aliás, que até as placas de carros da região indicam, junto com o nome do país, o do continente - Centroamérica. Como se explicassem a quem é de fora onde fica o país. Pois a Guatemala compreende aquela porção terra imediatamente ao sul do México que o separa dos demais países da América Central. Um lugar que figura nos jornais pelas notícias de imigrantes ilegais que tentam chegar aos Estados Unidos e nos livros de história pela civilização maia do passado.

Os guias de viagem falam da violência na Guatemala num tom de meter medo. E não ajuda perceber, logo de cara, que muitas lojas são totalmente gradeadas - atende-se o público por trás das grades, literalmente. Outros estabelecimentos não têm grades mas colocam, em seu lugar, seguranças armados de ameaçadoras espingardas. Principalmente na capital, Cidade da Guatemala, que aliás a maioria dos turistas parece simplesmente evitar. Num caso e no outro, sutis exageros: a violência certamente existe (todo o aparato não seria à toa), mas não vimos nada e me arrisco a dizer que não é muito diferente do Brasil; quanto à capital, ela não é a parte mais bonita do país, mas como conhecer de verdade a Guatemala sem sequer passar por sua maior cidade?
Deixando-se levar pelo país, vamos descobrindo mais sobre ele. Boa parte dos carros que circulam são trazidos, usados, dos Estados Unidos. Mas topamos também com uma revendedora Maseratti, não por acaso ao lado de uma loja Montblanc. Nosso mundo é mesmo uma terra de contrastes.
E como não dizer que a Guatemala, com uma população dez vezes menor que nosso Brasil, deu ao mundo dois prêmios Nobel? Um, de Rigoberta Menchú, justamente em razão da luta pela inclusão dos povos indígenas; o outro, de Miguel Ángel Asturias, escritor que mesclou aspectos de realismo mágico, da cultura maia e de um estilo inovador para fazer uma crítica social incisiva. É minha atual leitura de cabeceira, uma das tantas descobertas que trouxe dessa tal América Central, tão nossa desconhecida.
O quetzal! Que ave linda! Eu amo viajar e um dos motivos desse amor todo por viagens é, sem sombra de dúvidas, os bichinhos que vou conhecendo. Nunca tinha ouvido falar desse passarinho tão encantador. Acho que a Guatemala escolheu muito bem a sua ave nacional. O povo guatemalteco é muito receptivo, e apesar da apreensão das grades nos comércios ou dos seguranças armados, depois de alguns minutos caminhando, vendo as ruas e as pessoas passeando, o medo se dissipa e passa a ser o medo comum de andar no centro do Rio de Janeiro. As cores estampadas nas vestimentas traz uma alegria a mais ao país e ilumina a parte mais cinza da capital. Gostaria de ter tido mais tempo para visitar os vulcões, conhecer outros lagos e sair de lá como amigos. A Guatemala deixou saudades!
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