E este salto vem junto com uma carga emotiva bastante grande. Há anos eu não passava o 20 de setembro em Porto Alegre. Nas ocasiões anteriore
s, eu havia tratado de marcar a data organizando pequenas confraternizações no Rio de Janeiro e até indo ao trabalho com o lenço farroupilha ao pescoço. Mas nada disso se compara a poder passar a data no meu pago, ou seja, em Porto Alegre. Setembro é o mês em que está de pé o Acampamento Farroupilha,num dos parques da cidade. O ambiente se transforma. E tudo culmina, é claro, no 20 de setembro, com um grande desfile à beira rio que enche o peito dos gaúchos, sobretudo daqueles que, como eu, vivem fora do estado e anseiam por qualquer ligação com a terra natal.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Farroupilhas
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Viagem à roda da minha cidade
Nesta semana, uma região de Porto Alegre que, embora não estivesse nos meus trajetos mais habituais quando eu morava lá, desde cedo foi para mim um símbolo da cidade. Dali, num relance, avistam-se alguns dos nossos mais típicos cartões-postais. Que, de tão óbvios e tão integrados à paisagem, podem nem chamar a atenção de quem pensa estar, também, integrado à paisagem. Falo da histórica Ponte de Pedra, lembrança de uma Porto Alegre antiga. Do Centro Administrativo, marco de uma cidade moderna (embora o prédio de arquitetura marcante já exista há um bom tempo). E, claro, do Monumento aos Açorianos, emblema de Porto Alegre, ligação da cidade atual com a vila primitiva e seus fundadores.
Poucas vezes eu havia passado por ali com uma câmera na mão. Foi o que fiz agora, com a sorte de poder contar, também, com o céu limpo e com o coração bem disposto. Valeu a pena. Sempre vale a pena reencontrar os ângulos de que a cidade natal se vale para nos falar.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
As melhores livrarias do mundo
Já comentei antes que os livros fazem parte das minhas viagens. Duplamente: tanto porque viajo com eles, lendo-os, quanto porque viajo atrás deles, deliciando-me com as livrarias que encontro pelo caminho.
Assim, vou colecionando não só livros, mas também livrarias. Há algumas que são realmente marcantes. Certas livrarias chegam a ser mundialmente famosas. Claro que estou longe de conhecê-las todas; muitas não passam, pelo menos por enquanto, de sonhos de consumo. A Strand, em Nova Iorque, onde se diz que é possível encontrar tudo e nada ao mesmo tempo – porque, de tão grande, não se encontra o que se procura, mas encontra-se uma porção de livros que nem sonharíamos procurar. A Selexyz Dominicanen, de nome difícil, em Maastricht, nos Países Baixos, que simplesmente está instalada dentro de uma igreja medieval.
São espaços encantadores, sem dúvida, que eu espero conhecer pessoalmente um dia. Porém, como qualquer lista de “melhores do mundo” há de ser sempre subjetiva e pessoal, não faz sentido incluir na minha relação lugares em que eu nunca estive. Minha lista das melhores livrarias do mundo é a lista das minhas melhores livrarias do mundo, sutileza que justifico lembrando que só pode ser especial o que nos toca, e só nos toca o que julgamos conhecer (um pouco que seja). Eis aqui a minha lista, então, que serve como reminiscência nostálgica e convite para os que me leem: quais as melhores livrarias do mundo?

Em terceiro lugar, a livraria Lello, no Porto. Quem me falou dela pela primeira vez foi minha amiga Marta, e graças à Marta é que a visitei. Trata-se de um prédio com arquitetura e decoração de tirar o fôlego. Um convite aos olhos. E não chega a ser uma livraria grande em tamanho, o que, no caso, é uma vantagem, porque permite que ela seja aconchegante.
Em primeiro lugar... Não, não posso dizer o primeiro lugar. Iriam rir de mim ou desconfiar de que estou fazendo piada. Pois o primeiro lugar não é nenhuma destas grandes livrarias que figuram em revistas ou guias turísticos. É, como eu insinuei aí em cima, a minha livraria. Estou falando desta livraria que encontramos sem esperar quando dobramos uma esquina, à toa, pela primeira vez. De repente, lá está ela: uma porta estreita, talvez uma escadaria um tanto empoeirada, estantes caóticas e apertadas. E, no meio de tudo, tesouros que vão nos conquistar (não nós a eles), livros nunca lidos que vão fazer lembrar a infância. E, quando nos maravilharmos ao ler a nota escrita à margem de uma destas raridades por uma mão infantil ou por um coração apaixonado, o senhor de trás do balcão, que parece ter vivido ali sua vida inteira, vai nos sorrir como quem conhece todas as histórias. E nos piscará o olho, pois terá adivinhado o que adivinhamos: que sempre haverá um novo leitor para as velhas leituras.