sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Na Mongólia é assim

É uma tradição mongol, a qual vivenciamos mais de uma vez no acampamento de Hutenxile. Quando oferecem bebida (no caso, uma espécie de aguardente que lembra cachaça com butiá), aceita-se com ambas as mãos. Em seguida, molha-se o dedo anular da mão direita para com ele espargir o ar (oferenda às divindades do céu) e o solo (oferenda às divindades da terra). Finalmente, leva-se o dedo à testa (oferenda aos ancestrais). Só então se bebe - e muito, se depender dos nossos anfitriões.


domingo, 6 de outubro de 2013

Sobre rodas: a capital italiana do automóvel e o GP de Monza

Já comentei a relação particular que os italianos têm com automóveis - relação essa que por vezes atinge ares anedóticos, como numa das cenas do recente (e excelente) filme Rush. Na tela, estão Marlene e Niki Lauda parados à beira de uma estrada. Marlene se dispõe a usar seu charme feminino para conseguir uma carona, mas fica espantada quando para um carro - cantando pneus - e os dois italianos que estão a bordo se dirigem cheios de adoração não a ela, mas ao seu companheiro. Haviam reconhecido Niki Lauda, recém contratado pela Ferrari.
Eduardo Trindade
Museu do Automóvel, Turim
Se non è vero... O fato é é que os automóveis são uma parte integrante do orgulho italiano. E, se a Ferrari figura logicamente no topo dessa idolatria, não é a única a fazer parte do Olimpo: lá estão Alfa Romeo, Maserati, Lamborghini, FIAT. Essa última, cujo nome completo é Fabrica Italiana Automobili Torino, tem a bela capital do Piemonte na certidão de batismo, o que explica pelo menos em parte a ligação indiscutível daquela cidade com a indústria do automóvel.
Toda essa introdução para dizer que, em Turim, à parte a fábrica da FIAT, a vocação "engenheirística" das universidades da região e a tradição em lidar com carros, merece destaque o Museu do Automóvel.
Está tudo lá para que os fanáticos por carros de todos os tipos alimentem sua paixão e para que até os mais insensíveis experimentem um pouco desse fascínio. Réplicas dos precursores: um carro de Leonardo da Vinci, a máquina a vapor de Cugnot. Brilhando como em seus dias de glória, os primeiros automóveis a combustão, alguns mais que centenários com toda a pinta de carruagem-sem-cavalos. As linhas de montagem, o Ford Modelo T. A era dos gângsteres. Primos de Marlúcio, o Ford Modelo A. O design. As Ferraris, claro. O automobilismo. Uma incrível linha do tempo com dezenas de carros de competição, da era pré-Fórmula-1 à Ferrari de Schumacher. O museu virtual vale a visita, mas o indescritível mesmo é estar lá ao vivo.
E sim, claro. Falou-se de Itália e de automóvel, não tem como não lembrar da Ferrari e da Fórmula 1.
Não é por coincidência que, não longe dali, nos arredores de Milão, está o histórico circuito de Monza.
Mas eis que o acaso nos colocou em Milão no fim de semana do GP da Itália! (Juro, foi por acaso mesmo!) Imperdível, não?
Previsível: fomos lá. Ingressos na mão, expectativa no ar desde as primeiras horas de domingo. Uma rápida viagem de trem desde a estação de Milão até o autódromo, para então descobrir que Monza, como belo monumento da Fórmula 1 que é, não se resume a um palco de corridas; é um belo e arborizado parque que, mesmo em qualquer outro dia do ano, vale a visita. Mas como era domingo de grande prêmio, o local estava cheio, e a animação das torcidas é contagiante, talvez a melhor parte de tudo. Impossível esquecer que a Itália é a casa da Ferrari - o que não quer dizer que não se vejam diversas outras cores e bandeiras.
A corrida foi bela - difícil dizer mais que isso, o vídeo abaixo que fizemos não consegue mostrar tudo. De nossos lugares na arquibancada, sentimo-nos privilegiados. A vontade era de que o dia não terminasse. Mas, dado que não temos como fazer o tempo parar, o jeito é comemorar a bandeira quadriculada, não importa quem seja o vencedor. E seguir caminhando pelo mesmo asfalto onde pouco antes os carros estavam voando baixo (na Fórmula 1, esse é um privilégio de quem vai a Monza, onde, depois da corrida, abrem os portões da pista para o público). Para ir sonhando com o próximo grande prêmio.