sábado, 31 de dezembro de 2011

Meu reino por uma faca


Em minhas férias de 2011, na Itália e depois na Croácia, entreguei-me a algumas pequenas delícias gastronômicas. Entre elas, sorvete e Nutella. O sorvete italiano é excelente, convidativo e, para minha sorte, estava em praticamente qualquer esquina. Já Nutella... Não chega a ser uma novidade, afinal encontra-se Nutella também na Brasil. Mas se trata de uma marca italiana e é muito mais popular por aquelas bandas que por aqui. Está em potes de todos os tamanhos e em doces de todos os tipos, croissants, crepes, sorvetes... No meu caso, comprei um generoso pote de Nutella e com ele compunha meu café da manhã ou jantar.
Havia, porém, um problema: eu não tinha faca, nem espátula, nem nada parecido. Passar Nutella no pão era uma operação de guerra, e eu usava o que estivesse à mão: desde a própria mão, isto é, os dedos (feito criança gulosa) até um pedaço de uma tampa de plástico qualquer. Ou colocava mesmo um pedaço do pão dentro do pote de Nutella. Pois é, nada prático e menos ainda elegante.
Convenci-me de que eu precisava comprar uma faca mas, por um motivo ou outro, fui adiando a compra. Às vezes eu simplesmente esquecia, e também houve vezes em que procurei e não encontrei. O cúmulo foi quando, já na Croácia, entrei num grande supermercado, fui à seção de utensílios para cozinha e lá estavam elas, as facas. Todas da Tramontina! Cheguei a pegar uma na mão, pensei, pensei e coloquei-a de volta na gôndola: eu não tinha viajado dez mil quilômetros para comprar um talher fabricado em Carlos Barbosa! Segui em frente.
Daí que, falando em gôndola, voltei à Itália. Cidade de Veneza. Enfim comprei o que precisava! Uma espátula. De quebra, não uma espátula qualquer, mas uma de Murano, com o cabo em vidro colorido. Bonita e funcional. Para falar a verdade, só não foi mais funcional porque Veneza era minha última escala, então tive pouco tempo para aproveitar a espátula e meu pote de Nutella...
O pior é que sou teimoso. Fiz outra viagem, desta vez à França, e cometi o mesmo erro, agora de forma totalmente consciente: não resisti a comprar mais um pote de Nutella "para a viagem", mesmo sabendo que não tinha faca. De novo o mesmo malabarismo para espalhar o creme do pão...
Até que me sugeriram uma possibilidade incrivelmente simples: eu deveria guardar, no voo de ida, a faca de plástico que oferecem com o jantar ou com o café da manhã. Voilà! Resolve-se o problema de maneira prática, criativa e à prova de detectores de metais do aeroporto. Já posso voltar à Europa sossegado.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Cuias de chimarrão


Em casa de ferreiro, nem sempre o espeto é de pau. Se eu tivesse de escolher o ponto mais emblemático do meu gauchismo, seria provavelmente o hábito do chimarrão. No trabalho ou em casa, são raros os dias em que não bebo chimarrão. As visitas que recebo, sejam ou não gaúchas, já se acostumaram a serem recebidas por um mate recém cevado. Estudando, assistindo a um filme, velejando, sozinho ou acompanhado, lá estou eu e lá está uma cuia na minha mão.
Minha bagagem sempre volta de Porto Alegre com um pacote de erva-mate. Sou encantado pelo ritual de comprar erva numa das bancas do Mercado Público.
E, se viajo para Uruguai ou Argentina, vou e volto embebido pela cultura do mate que não é só riograndense, mas de todo o Pampa e de todo o Prata.
Assim, aos poucos, fui juntando algumas cuias. Não chega a ser uma coleção, mas são lembranças particulares - não só dos lugares em que foram compradas, mas também dos momentos em que foram utilizadas.
Da esquerda para a direita:
1. Esta cuia veio comigo quando me mudei para o Rio de Janeiro. Durante um bom tempo, levei-a para o trabalho, até substituí-la por uma outra, um pouco menor e que consome menos erva!
2. Do Brique da Redenção. Claro que esta cuia chama a atenção pelo emblema do colorado, mas não é só isso: o porongo parece que foi escolhido a dedo, perfeito para um mate, e o entalhe é de um tipo que eu não conheço igual.
3. Esta é de Montevidéu, comprada em 2004 e, como praticamente tudo de lá, tem um forte laço afetivo comigo. Pequena, é perfeita para um mate à uruguaia.
4. A mais nova, e um pouco menor que a anterior, também é do Uruguai, mas de Colônia. O desenho de veleiro e ondas e o fato de ter sido comprada praticamente às margens do Rio da Prata dizem muito dela e de mim.